PSB embaralha o jogo
Por Raimundo Borges
O Imparcial – No primeiro momento parecia fácil tornar realidade uma aliança que resultasse na chapa presidencial liderada pelo petista Luiz Inácio Lula da Silva e com o ex-tucano Geraldo Alckmin na vice. Porém, a montagem desse projeto político passa pelos palanques estaduais.
No momento em que o PSB tornou-se o caminho mais reto para Alckmin oficializar sua nova filiação e se unir ao PT, os dirigentes socialistas decidiram tirar da pasta uma série de exigências não tão fáceis de passarem pelo crivo do PT e do ex-presidente Lula. O principal obstáculo está em São Paulo, onde o PSB tenta convencer o PT a retirar Fernando Haddad da disputa do governo e aceitar Geraldo Alckmin como o candidato.

O jantar promovido domingo passado pelo Grupo Prerrogativas, formado pela nata dos Juristas de São Paulo – uma plêiade de 500 convidados políticos, advogados e empresários – tinha como protagonistas Lula da Silva e Gerando Alckmin. Os dois lado a lado à mesa sinalizaram que a construção da aliança esquerda rumo ao centro, tem futuro garantido.
São Paulo é o centro econômico-financeiro do Brasil, reduto do PT, e muito mais do PSDB, no qual Alckmin foi governador por quatro vezes. O PT já governou a capital por três vezes – Marta Suplicy, Luiz Erundina e Fernando Haddad. É também o berço de nascimento do PT.
O presidente do PSB, Carlos Siqueira sente o “interesse” de Lula ter Geraldo Alckmin como vice pelo seu partido. No entanto, o socialista não quer simplesmente aderir em razão da posição do petista como líder nas pesquisas.
Exige contrapartidas estaduais do PT. Tais demandas passam por São Paulo, Pernambuco, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, onde o PSB quer concorrer aos respectivos governos. Seria uma aliança de mão dupla, pela qual o PT precisaria abrir mão das eleições de governador. Uma engrenagem tão complexa que chega ao Maranhão, na eleição de Flávio Dino (PSB) para o Senado.
Lula disse no jantar que só vai decidir ser candidato presidencial quando o PT indicar, em encontro marcado para março. Portanto, ainda não fala em vice. Mas anda animado com a possibilidade de ter Alckmin na chapa. Em entrevista a Agência Reuters, Lula lembra que foram seis anos de briga jurídica, com a Lava Jato acumulando condenações e a prisão de 582 dias em Curitiba.
A partir de abril, porém, seus advogados conseguiram anular 22 condenações e recuperar os direitos políticos do petista. Não sem motivo, Lula avisa que voltou a campo e está no jogo.
“Eu estou muito feliz agora, muito mesmo. Comparo isso a uma ressurreição: estou de volta ao jogo, quero jogar para ganhar”.