Insurgência petista
Por Raimundo Borges
O Imparcial – Cenário político do Maranhão é uma desarrumação só. No PT, um grupo minoritário que já foi do governo Flávio Dino e hoje está fora, lança um “documento” apócrifo com pesadas críticas ao antigo chefe, que estaria tentando usurpar para si o comando da campanha do ex-presidente Lula no Maranhão e a indicação Felipe Camarão para vice de Brandão.

Para o presidente regional, Francimar Melo, o manifesto, apesar de fazer parte do jogo interno do PT, não interfere na aliança formatada com o PSB no âmbito nacional e estadual. O “Movimento de Base”, dono do manifesto contra Dino é uma ação dos apoiadores do senador Weverton Rocha, que repercute apenas “fora do partido, sem nenhuma ressonância dentro”, disse Francimar Melo, que apoia Brandão.
Postura assim no PT maranhense não é novidade. Nada diferente dos chamados partidos de direita que formam o Centrão no Congresso, em busca do que o ex-deputado federal e ex-prefeito de Paço do Lumiar, Domingos Dutra chamava de “farelos de poder”.
Quando estavam nas secretarias do governo dinista, nenhuma reclamação sobre o então chefe do Palácio dos Leões. Só agora, fora do governo e apoiando Weverton Rocha, lançam manifesto apócrifo para em que condenam com veemência a postura de Dino em relação a sua histórica proximidade com Lula e a cúpula do PT, do qual foi militante desde jovem.
A confusão do PT que vai escolher no voto secreto, nos dias 28 e 29 no encontro estadual, o nome que será vice de Carlos Brandão, só tende a ampliar a zoada. Seja como for, o vice será o ex-secretário estadual de Educação, Felipe Camarão ou outro nome.
O deputado José Inácio, que tem cargo no governo Brandão (Sagrima), seria a opção dos insurgentes. Só que desta vez não há risco de intervenção nacional para o partido apoiar ou deixar de apoiar Carlos Brandão, hoje no mesmo PSB de Flávio Dino e do vice de Lula, ex-governador tucano Geraldo Alckmin. Pode até haver muita trovoada, mas com previsão de pouca chuva.
Outro partido estranho no Maranhão é o PDT, presidido no regional pelo líder no Senado, Weverton Rocha. Na última 3ª feira, houve reunião de constituição do comitê de campanha pró-Ciro Gomes. Nada mais do que normal, se não fosse o próprio Ciro uma figura ignorada pelo candidato Weverton.
É como se no estado haverá um comitê pró-Ciro e outro pró-Weverton, pré-candidato a governador que, por sua vez, trata Lula como “companheiro de lutas políticas”. Aliás, na foto da reunião, nem aparece Weverton Rocha. É tão difícil de entender quanto Aluísio Mendes (PSC) se encrespar com Lahésio Bonfim sobre a posição do partido em apoiar Carlos Brandão no 2º turno. Bonfim, bolsonarista, ficou tiririca.
Borges admiro sua escrita sempre muito cuidadosa, porém nesta matéria tem um equivoco em relação ao Movimento Petistas de Base. Ele não é e nunca foi adepto ao Projeto de Weverton, sempre apoiou Flávio Dino e Brandão. A única discordância é em relação a escolha do Vice. O movimento considera que o Vice deve ser um petista orgânico, identificado com as bases do Partido. Daí a indicação do nome do Deputado Zé Inácio. Não há nessa indicação nenhuma afronta a Flávio Dino, que continua sendo o nosso senador. O Movimento Petista de Base considera que o PT deve construir um Projeto para governar o Maranhão em 2026, para tanto é preciso que o Vice tenha a capacidade de defender esse projeto dentro do governo e não apenas fazer figuração. Isso não desfaz em nada a aliança com Flávio, e reforça a candidatura de Brandão.