O voto atrasado na cidade de São Luís
Por Raimundo BorgesP
O Imparcial – Ao completar 412 anos em 2024, a cidade de São Luís registra apenas 10 eleições desde 1965, quando realizou a primeira de prefeito e elegeu o paraibano Epitácio Afonso Pereira Cafeteira (PR), com 5.588 votos (49%). Dali em diante, passaram-se 20 anos com a ditadura militar, para acontecer a segunda e as demais eleições a partir de 1985, quando Gardênia Gonçalves (PDS),venceu o economista Jaime Neiva de Santana (PFL).
Com tão poucas eleições, talvez faltam ainda lições políticas a serem aprendidas até outubro, quando o prefeito Eduardo Braide (PSD) vai lutar pela reeleição, no reduto mais emblemático do Maranhão.
Só Jackson Lago (PDT) conseguiu ganhar três vezes. Em 1992, ele elegeu Conceição Andrade (PSB), voltou a ser eleito 1996 e reeleito em 2000, porém, renunciou em 2002 para disputar o governo do Maranhão, quando passou o cargo ao vice Tadeu Palácio que, por sua vez, foi reeleito em 2004, no primeiro turno, contra João Castelo (PSDB), apoiado pelo deputado Sarney Filho (PV).
Em 2008, Castelo ganhou a eleição, mas foi derrotado em 2012 para o deputado federal Edivaldo Holanda Jr (PTC), reeleito em 2016. Em 2020, o também deputado federal, Eduardo Braide (Pode) foi eleito, no segundo turno contra o deputado estadual (hoje federal), Duarte Jr, apoiado pelo governador Flávio Dino.
Como se pode ver, desde Joaquim Sousândrade, indicado para comandar, em 1889, a cidade de São Luís, pelo Partido Republicano e na esteira da Constituição Republicana do novo regime político que golpeou o imperador D. Pedro II, até 1965, a capital maranhense foi governada por intendentes, depois interventores e prefeitos biônicos nomeados pelo governador.
A conquista da autonomia política de São Luís, ironicamente, se deu em pleno início da ditadura militar de 1964, que interrompeu as eleições de presidente, governador e prefeitos das capitais. Foi uma PEC do então deputado Epitácio Cafeteira, no exercício do mandato, mas na condição de suplente do PR na Câmara.
É uma história política em que fez a cidade de São Luís passar por períodos áureos na economia, na arquitetura europeia, na indústria e na literatura. No entanto, desde o século 20 que a capital maranhense, embora reconhecida em 1997 como patrimônio cultural da humanidade pela Unesco sofre com o seu conjunto urbana,afetado pela explosão demográfica do êxodo rural da posse da terra.
É um fenômeno social sem paralelo, com seus desafios para as administrações do município. Hoje, com mais de um milhão de moradores, a capital continua sua expansão descontrolada, acarretando o inchaço de pobreza nos aglomerados que a interliga aos municípios da Ilha Upaon-Açu.
A disputa eleitoral de 2024 não difere em nada das anteriores. Historicamente, nenhum prefeitos propôs plano de transformação da velha cidade num espaço urbano moderno, com identidade étnica-cultural e o dinamismo econômica que já foi. Ao longo dos séculos, a cidade não apenas perdeu a importância de uma das principais capitais brasileira na transição do século 19 para o 20, como também sofre da politicagem.
Foram décadas perdidas por ação de governadores querendo mandar na prefeitura ou prejudicá-la por não eleger o mandatário do Palácio La Ravardière. Este ano deveria ser para os políticos aprenderem com as lições do passado a construir um futuro de grandeza para São Luís – tão lida e tão desprezada.
PÍLULAS POLÍTICAS
Novo no velho (1)
Pelo andar da carroça ludovicense do Partido Novo na corrida à prefeitura de São Luís, o deputado Wellington Curso deu uma rasteira no colega de Alema, Yglésio Moyses, ainda no PSB, e nos filiados Diogo Gualhardo Neves e Shirley Cunha.
Novo no velho (2)
Por pirraça, Yglésio permanece no PSB até o último dia de prazo da janela partidária. Enquanto isso, negocia a entrada no Novo para disputar a prefeitura, mas Lahésio Bonfim, mas que de repente, aparece com Wellington do Curso, anunciando-o como candidato do Novo.
Michelle cidadã
Por projeto de Yglésio Moises, a Assembleia Legislativa aprovou título de cidadã maranhense à presidente do PL Mulher, Michelle Bolsonaro. Yglésio quer assumir o reduto bolsonarista no Maranhão, mas sem arredar o pé do PSB, comandado pelo governador Carlos Brandão e a deputada Iracema Vale.
De galho em galho
Já foi publicada no Diário Oficial, a nomeação do petista histórico Washington Oliveira, recém aposentado do TCE, como secretário da Representação Institucional do governo do Maranhão em Brasília. A sua vaga no TCE virou um novo imbróglio jurídico.