21 de dezembro de 2024
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Brandão no meio do parangolé herdado de José Sarney e Dino

Por Raimundo Borges 

O Imparcial – O ex-presidente José Sarney completou 94 anos no último dia 24, com a lucidez de quem não perde de vista nada de importante na política do Maranhão e do Brasil.

Como o único político brasileiro que galgou um mandato inteiro de presidente da República na condição de vice cujo titular Tancredo Neves foi internado na véspera da posse e morreu sem assumir, José Sarney entrou para a história como responsável pela transição da ditadura militar para a democracia e ainda ser o único a presidir o Congresso Nacional por quatro vezes. Se não bastasse, ele comandou o poder político do Maranhão por quase meio século.

José Sarney é um ser fenomenal como político, autor de dezenas de livros e como um ser que viveu longamente no centro do poder e até hoje ainda dá conselhos calibrados para poderosos dos novos tempos. Não criou um partido para si, não se tornou “mito” de qualquer legião de fanáticos, mas mantém admiradores e seguidores “avulsos” sem fundamentalismo sarneísta.

Ao ser destronado em 2014 pelo “comunista” Flávio Dino (do PCdoB), Sarney, porém, jamais usou o poder que tinha para perseguir, retaliar ou destruir o governo dinista – sempre em respeito à democracia que consolidou no país.

Hoje, Sarney não é um pregador do apocalítico político, muito menos defensor de ideias que não se encaixam nem no Bolsonarismo do ex-capitão, nem no petismo de Lula. O ex-presidente só quer paz para viver os anos que tem pela frente. Se aliou a Flávio Dino como membro da Academia Maranhense, na grandeza de que a literatura é uma força contra a arrogância, a impostura e a mediocridade.

Portanto, fazem 10 anos que Dino foi eleito governador do Estado até então dominado por José Sarney. E fazem nove anos que José Sarney se despediu do Senado Federal, após 59 anos de vida pública única na história do Brasil.

Com Sarney rumando para os 100 anos e Flávio Dino sentenciado processos no STF, o Estado do Maranhão encontra-se hoje com o poder político nas mãos do governador Carlos Brandão, que não é nem sarneista, nem dinista, nem lulista, nem bolsonarista.

Depois que Dino foi ministro da Justiça do governo Lula, e de lá para a Suprema Corte, Brandão tem quebrado lança para assumir o legado que, pelas circunstâncias, não tem alternativa. Mas para construir uma engrenagem de poder para durar além do atual mandato no Palácio dos Leões, Brandão já sente que não está sozinho na empreitada. Vai ter concorrente.

Desde 1965 quando Sarney derrubou o vitorinismo de 21 anos e passou a construir o sarneísmo, o Maranhão, pela primeira vez, parece diante de uma encruzilhada político-ideológica. A esquerda é uma insignificância por aqui e a direita levou uma surra de urna em 2022 na disputa presidencial. Restou um aglomerado que, no âmbito nacional, se move à mercê da política nacional que, porém, no Maranhão ainda faz sucesso no clientelismo eleitoral de ocasião.

Brandão sente o bafo de uma oposição ainda desarticulada e sem liderança expressiva. Tem duas eleições decisiva até 2026 e até agora, tanto opositores do governo Brandão quanto seus aliados são bebedores das mesmas fontes: os mais velhos, do sarneísmo e os atuais, do dinismo – tudo misturado.

PÍLULAS POLÍTICAS

Festa de arromba (1)

“Na festa de cem anos dele vai haver 20 mil pessoas”, brincou Flávio Dino, na casa de eventos onde o ex-presidente José Sarney comemorou os 94 anos, quarta-feira passada, em Brasília. Além de Dino, vários ministros e do governo Lula comparecem.

Festa de arromba (2)

Até os jardins da casa foram tomadas por amigos, parentes e admiradores do filho de Pinheiro ex-presidente da República. A nata do mundo político, jurídico e empresarial homenageou o político de maior historiografia no Brasil.

Festa de arromba (3)

Governistas e opositores prestigiaram a festa. Ao menos nove ministros do governo Lula participaram da comemoração comandada pela filha e deputada, Roseana Sarney, e seus irmãos Sarney Filho e Fernando Sarney.

Ladroagem solta

Em uma operação chamada de “Contragolpe”, a Polícia Federal do Maranhão entrou ontem firme nas investigações contra saques fraudulentos em créditos depositados em contas vinculadas a processos da Justiça Federal no Maranhão e em outros estados.

Obra do PAC (1)

O ministro dos Transportes do governo Lula Renan Filho, que esteve semana passada vendo no Maranhão adestruição das BRs-316 e 2022 pelas chuvas, hoje estaráinaugurando 100 km da BR-226 entre o povoado Baú e a cidade de Timon.

Obra do PAC (2)

A obra é uma luta antiga da população daquela região e dos políticos. O governador Carlos Brandão, a deputada Iracema Vale, o senador Weverton Rocha e o ministro Juscelino Filho (Comunicações) estarão lá. A obra custou R153,4 milhões do Novo PAC.

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