Donald Trump se vitimiza e usa atentado para dizer que é perseguido pela Justiça
Revista Fórum – Mais ameno no tom de voz, Trump repetiu o discurso xenófobo e conservador da ultradireita ao encerrar a convenção Republicana, que confirmou seu nome como candidato à Presidência dos EUA.
Com um discurso vitimista em pouco mais de 90 minutos, Donald Trump encerrou, na noite desta quinta-feira (18), a convenção Republicana em Milwaukee que selou sua candidatura à Presidência dos EUA.
Mais ameno no tom de voz, Trump repetiu o discurso xenófobo e conservador da ultradireita estadunidense e, com um curativo na orelha – usado como adereço por aliados radicais na plateia – usou o atentado ocorrido no sábado (13) na Pensilvânia para se martirizar e fortalecer o discurso de que é perseguido pela Justiça, a mando dos opositores, replicado no Brasil por Jair Bolsonaro (PL).
“Ouvi um zumbido alto e senti algo me atingir, com muita força, na minha orelha direita. Eu disse para mim mesmo: ‘Uau, o que foi isso – só pode ser uma bala’ – e coloquei minha mão direita na orelha, a abaixei e a minha mão ficou coberta de sangue”, disse, logo no início da fala.
Em seguida, o ex-presidente – e agora candidato republicano à Casa Branca – se martirizou e repetiu que foi salvo por “Deus”.
“Estou diante de vocês nesta arena apenas pela graça do Deus Todo-Poderoso. Muita gente diz que foi um momento providencial”, disse, diante de uma plateia em silêncio.
Trump ainda fez uma encenação com o uniforme e o capacete do bombeiro Corey Compatore, de 50 anos, que foi morto no tiroteio durante o comício na Pensilvânia.
“Ele perdeu a vida agindo como um escudo humano”, afirmou.
O republicano ainda ensaiou um discurso de união nacional – como aliados preconizavam -, dizendo que está “concorrendo para ser presidente de toda a América, não de metade da América”.
No entanto, Trump não demorou para rasgar a pele de cordeiro e assumir sua verdadeira vocação, de incitar extremistas.
🇺🇸 AGORA: Donald Trump defende união nacional apesar das divergências políticas, diz que os democratas estão usando o Judiciário para chamá-lo de “inimigo da democracia” e rebate: “sou eu quem está salvando a democracia”. pic.twitter.com/2K5unPRLHd
— Eixo Político (@eixopolitico) July 19, 2024
O Trump de sempre
Passado o momento de comoção e vitimismo, Trump retomou as vestes da ultradireita, atacou Joe Biden – que deve desistir da candidatura à reeleição – e acusou os democratas de usarem a Justiça para persegui-lo, diante da avalanche de processos que enfrenta.
“Se os democratas querem unificar o nosso país, devem abandonar esta caça às bruxas partidária, que tenho vivido há aproximadamente oito anos, e devem fazê-lo sem demora e permitir a realização de eleições que sejam dignas do nosso povo”, afirmou.
Sobre Biden, Trump disse que “o estrago que ele fez no país é inimaginável, simplesmente inimaginável” e disparou fake News, afirmando que as “compras de supermercado aumentaram 50%, gasolina subiu de 60% a 70%, empréstimos imobiliários quadruplicaram” – na verdade, a inflação nos EUA durante o governo Biden foi de 20%.
O republicano ainda repetiu o discurso de fraudes nas eleições de 2020 e, em forte tom xenofóbico, prometeu retomar o muro na fronteira com o México, culpando os imigrantes pelo declínio dos EUA.
“Temos uma crise de imigração ilegal. Uma invasão massiva em nossa fronteira sul que espalhou miséria, crime, pobreza, doença e destruição em comunidades por todo o nosso território”, afirmou, emendando que “eles [imigrantes] estão vindo de prisões e cadeias, de instituições mentais e asilos, e terroristas em níveis nunca antes vistos”.
No cenário internacional, Trump repetiu os ataques contra os “inimigos” preferenciais: Rússia, China e Cuba.
“Encorajados por aquele desastre, a Rússia invadiu a Ucrânia. Israel sofreu o pior ataque de sua história. Agora a China está cercando Taiwan, e navios de guerra e submarinos nucleares russos estão operando a 60 milhas de nossa costa, em Cuba”, afirmou.
Por fim, Trump fez nova promessa ao falar sobre a ação genocida de Israel em Gaza e afirmou que, a exemplo dos sionistas, construirá um “domo de ferro”, sistema de defesa antiaéreo – para proteger os EUA.
“Construiremos um sistema de defesa antimísseis Iron Dome para garantir que nenhum inimigo possa atacar a nossa pátria. E este grande Iron Dome será construído inteiramente nos EUA. Israel tem um Iron Dome. Eles têm um sistema de defesa antimísseis”.
🇺🇸 Sem apresentar provas, Donald Trump diz que usaram a COVID-19 para fraudar a eleição de 2020. pic.twitter.com/y1d2QU0x4E
— Eixo Político (@eixopolitico) July 19, 2024