Coligação de Duarte joga esquerda, direita e centro no mesmo pacote
Por Raimundo Borges
O Imparcial – Oficialmente, o deputado federal Duarte Júnior soma 12 partidos em sua caminhada rumo ao Palácio La Ravardière em janeiro de 2025. Mas o número de legendas é maior quando nele se inclui o PL, comandado no Maranhão pelo deputado federal Josimar do Maranhãozinho. Calculadamente, ele não lançou ninguém na corrida contra o prefeito Eduardo Braide.
Outra situação emblemática é o próprio PSD de Braide que se dividiu ao meio, ficando uma parte com a senadora Eliziane Gama, que apoia Duarte. Ela se licenciou do Senado para assumir a Secretaria da Juventude do governo Carlos Brandão (PSB) e deixou sua cadeira para o segundo suplente, Bene Camacho. Um arranjo inusitado.
Como o PL não aceitou a filiação do deputado estadual Yglesio Moisés, que se projetou como o mais novo bolsonarista no Estado, ele acabou no PRTB, mas apareceu recebendo ao ex-presidente Jair Bolsonaro, a comenda de “Imbrochável, incomível e imorrível”.
Dessa forma, a coligação de Duarte Jr, que oficializou sua candidatura sábado passado (20), a mistura entre seguidores do ex-governador e atual ministro do STF, Flávio Dino, com membros do PL de Bolsonaro é algo politicamente indecifrável, principalmente na chapa que tem como vice a advogada Isabelle Passinho, filiada ao PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
É com esse quebra-cabeça ideologicamente disforme em que se misturam na mesma campanha, petistas, bolsonaristas, esquerdistas, centrista, direitistas, evangélicos e umbandistas, que Carlos Brandão joga o peso político do governo e parte da herança de Flávio Dino, para tentar remover Eduardo Braide da cadeira de prefeito de São Luís.
Mas o mandatário municipal está firme e forte nas pesquisas de intenção de voto, marchando numa distância considerável à frente do segundo colocado, Duarte Jr. Mas como a campanha oficial ainda nem começou, nada, portanto, é definitivo sobre o que revelam as pesquisas de hoje e o que vai sair das urnas de 6 de outubro na disputa da capital maranhense.
O socialista Duarte tem na sua aliança o PSB, PT, PCdoB, PSDB, parte do PSD, União Brasil, Avante, SD, PRD, Podemos, PV, PP e PL, presidido em São Luís pelo vereador Aldir Júnior. Além das estruturas partidárias, o candidato do PSB conta com um tempão no horário eleitoral. Afinal, ele agrega o PL, PT, PP, UB, os principais partidos no Congresso Nacional.
Além do mais, Brandão atuará junto com os ministros do governo Lula, Fufuca (Esportes) e Juscelino Filho (Comunicações), além da presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale, campeã de voto para deputada estadual em 2022. Mas Braide nem parece perder o sono com o movimento que já faz da disputa municipal uma batalha para ficar na história.
O prefeito da capital está bem avaliado, tem dinheiro para tocar uma vasta programação de obras e nunca se incomodou, sequer, com a posição da Câmara de Vereadores que passou o mandato todo fazendo-lhe oposição cerrada.
Até uma CPI para investigar contratos supostamente irregulares está em andamento, mas sem trazer-lhe consequências irreparáveis à campanha eleitoral. Braide marca posição pelo centro, o que vai facilitar a aquisição de votos dos setores mais distantes dos extremos ideológicos. É pelo mesmo ambiente político que Duarte Júnior vai transitar, pois também não é de esquerda nem de direita.
Dos demais partidos que vão disputar a prefeitura de São Luís, chama atenção o PDT, que lança o ex-vereador Fábio Câmara, com baixa capilaridade e quase nenhuma identidade com a legenda que mandou por 20 anos na capital e chegou ao governo do Estado com Jackson Lago, em 2006.
Como não ocorreu nenhuma renovação no partido, ficou apenas o senador Weverton Rocha e os 43 prefeitos que elegeu em 2020. Câmara é oriundo do MDB, outra legenda que se desmilinguiu no Maranhão depois do controle político desde quando José Sarney assumiu a Presidência da República, em 1985, até 2014. Hoje, o partido está sob o comando do empresário Carlos Brandão, irmão do governador, enquanto o PDT só tem no parlamento, Weverton e o deputado federal, Márcio Onaiser.