19 de outubro de 2024
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A travesti na UFMA e a esquerda que facilita o trabalho da extrema-direita. Por Luis F. Miguel

DCM – Tem uma parte da “esquerda” que parece ter como vocação facilitar o trabalho da Brasil Paralelo e de outros extremistas no ataque ao conhecimento, à universidade pública e à ciência.

Ontem, voltou a atacar a estudante de História e cantora que já tinha alimentado, tempos atrás, a gritaria contra a “bagunça nos campi” com a mesma performance “educando com o cu”.

Em uma mesa redonda sobre gênero e sexualidades, ela entoa sua composição sobre “mestrado da putaria”, sobe na cadeira e rebola de costas para a plateia, com o minivestido levantado.

(Em nota oficial, a Universidade Federal do Maranhão afirmou que “está averiguando o ocorrido e tomará as providências cabíveis“. Tomara que marque uma posição clara.)

Não vou dar o nome – afinal, o objetivo da performer é obter notoriedade por meio do escândalo e eu já estou colaborando demais com isso.

Ela mesma publicou o vídeo em sua página, em busca de likes. Tinha conseguido, até hoje de manhã, uns mil e poucos.

Mas só na página da deputada Bia Kicis, que o publicou muitas horas depois, o vídeo já tinha 30 vezes mais curtidas. Kicis anotava que a performance tinha ocorrido com financiamento público.

O resultado líquido da transgressão: levantar a bola para que até uma bolsonarista de poucas luzes possa lacrar em cima.

Mas é isso: não importa que se fragilize a universidade pública, que o debate sobre gênero seja vilanizado, que as ciências humanas sejam desmoralizadas, que seja um tiro no pé para a defesa dos direitos das travestis. Todas estas pautas são parasitadas por uma gente movida por exibicionismo e desejo de notoriedade.

Na postagem com o vídeo, a performer diz “entender que a universidade é sim lugar de múltiplas formas de conhecimento, inclusive do proibidão”.

“Proibidão”, para quem desceu no planeta recentemente, é o tipo de funk que traz letras sexualmente explícitas, muitas vezes com forte objetificação das mulheres, e/ou faz apologia do tráfico de entorpecentes.

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