21 de novembro de 2024
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Xi Jinping alinha discurso com Lula e defende “sinergia” entre projetos do Brasil e Rota da Seda

“Vamos promover continuamente o reforço das sinergias entre a Iniciativa Cinturão e Rota e as estratégias de desenvolvimento do Brasil”, diz Xi, em artigo publicado hoje na Folha. A expressão é a mesma usada pelo chefe da assessoria do presidente Lula, Celso Amorim, e pelo secretário para Ásia e Pacífico, Eduardo Saboia, e sinaliza alinhamento […].

“Vamos promover continuamente o reforço dassinergias entre a Iniciativa Cinturão e Rota e as estratégias de desenvolvimento do Brasil”, diz Xi, em artigo publicado hoje na Folha. A expressão é a mesma usada pelo chefe da assessoria do presidente Lula, Celso Amorim, e pelo secretário para Ásia e Pacífico, Eduardo Saboia, e sinaliza alinhamento do discurso entre os serviços diplomáticos de ambos os países.

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China-Brasil: Com futuro compartilhado e amizade que supera distâncias é hora de navegarmos juntos sob velas cheias.

Em artigo para a Folha às vésperas da cúpula do G20, líder chinês, Xi Jinping, destaca parceria em várias áreas e diz ser preciso reformar FMI, Banco Mundial e OMC.

Por Xi Jinping, presidente da China

A convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, realizarei em breve uma visita de Estado à República Federativa do Brasil e participarei da Cúpula de Líderes do G20 no Rio de Janeiro.

O Brasil tem território vasto, recursos ricos, paisagens deslumbrantes e culturas diversas, e é um país do qual o povo chinês gosta muito. Há mais de 200 anos, o chá, a lichia, as especiarias e as porcelanas atravessaram mares e chegaram ao Brasil, daí se criou uma ponte de intercâmbio econômico e comercial entre os dois países e nasceram os laços de intercâmbio amigável entre chineses e brasileiros.

As relações diplomáticas China-Brasil, estabelecidas em 15 de agosto de 1974, têm resistido às mudanças e turbulências na situação internacional nesses 50 anos e são cada vez mais maduras e dinâmicas. Têm promovido efetivamente o desenvolvimento dos dois países, contribuído positivamente para a paz e a estabilidade do mundo e oferecido um exemplo de cooperação ganha-ganha e futuro compartilhado entre dois grandes países em desenvolvimento.

China e Brasil sempre persistem em respeito mútuo e tratamento em pé de igualdade. Entendem e apoiam os caminhos de desenvolvimento que o povo chinês e o povo brasileiro escolheram. O Brasil foi o primeiro país a estabelecer uma parceria estratégica com a China e o primeiro país da América Latina e Caribe a estabelecer uma parceria estratégica global com Pequim.

Os dois países têm um relacionamento que sempre fica na vanguarda dos relacionamentos entre a China e os países em desenvolvimento e possuem mecanismos governamentais de diálogo e cooperação completos. A Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), que já está em bom funcionamento por 20 anos, desempenha um papel importante na coordenação e planejamento da cooperação em diferentes áreas e na busca de desenvolvimento comum.

China e Brasil sempre persistem em benefícios mútuos, ganhos compartilhados e complementaridade, e promovem conjuntamente a modernização dos dois países. A China é o maior parceiro comercial do Brasil por 15 anos consecutivos e uma das principais fontes de investimento estrangeiro — conforme estatísticas chinesas, importou mais de US$ 100 bilhões do Brasil anualmente nos últimos três anos, batendo um novo recorde. Com esforços conjuntos, os dois países gozam de uma pauta comercial bilateral cada vez mais aprimorada, uma cooperação de qualidade cada vez mais elevada e os interesses comuns cada vez mais ampliados. A sua cooperação de benefícios mútuos em áreas como agricultura, infraestrutura, energia e recursos naturais, desenvolvimento verde, ciência, tecnologia e inovação, finanças, entre outras, é efetiva e repleta de destaques e oferece impulsos vigorosos ao desenvolvimento econômico e social dos dois países.

China e Brasil sempre persistem em abertura, inclusão e aprendizagem mútua. Por natureza, sentem-se próximos um do outro e têm uma busca comum por tudo o que é belo. O fato de que Cecília Meireles e Machado de Assis, ambos poetas e escritores brasileiros bem conhecidos, traduziram poemas da dinastia chinesa Tang reflete uma sinfonia mental entre os dois lados que transcende tempo e espaço. Nos últimos anos, músicas, danças, gastronomias, esportes e artes passaram a ser as novas pontes que ligam os dois povos e contribuem para o aprofundamento do conhecimento mútuo e amizade entre chineses e brasileiros.

As fofinhas capivaras, a bossa-nova, o samba e a capoeira são populares na China, enquanto festivais tradicionais como o da primavera e outros elementos de cultura chinesa como a medicina tradicional são cada vez mais conhecidos pelos brasileiros. Entre os dois países, há interações frequentes entre jovens, jornalistas e acadêmicos, bem como intercâmbios dinâmicos entre entidades subnacionais. Mais ainda, as atividades para celebrar o 50º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas servem como banquetes de delícias culturais oferecidos aos dois povos. Nos últimos dias, recebi cartas de mais de uma centena de amigos brasileiros da Associação de Amizade Brasil-China, das universidades do Brasil, da Orquestra Forte de Copacabana do Rio e de outros setores da sociedade brasileira, e fiquei muito tocado com as grandes expectativas que depositam em aprofundar a amizade sino-brasileira.

China e Brasil sempre persistem em desenvolvimento pacífico, imparcialidade e justiça e têm opiniões idênticas ou convergentes sobre muitas questões internacionais e regionais. Ambos os países são defensores firmes do multilateralismo e das normas básicas que regem as relações internacionais e têm mantido, ao longo de todo esse tempo, uma colaboração estreita nos temas importantes como a governança global e as mudanças climáticas nas organizações internacionais e foros multilaterais como a ONU, o G20 e o Brics.

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