9 de janeiro de 2025
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A infâmia do 8 de janeiro ainda levanta mau cheiro

Por Raimundo Borges

O Imparcial – O 8 de janeiro de 2023 entrou para a história do Brasil como o dia da infâmia. A data marcou a derrota do mais bem planejado golpe de estado que o Brasil viveu antes e depois da ditadura de 1964. O planejamento tão bem detalhado só falhou porque a democracia foi mais forte.

As Forças Armadas não embarcaram na charanga de Jair Bolsonaro, puxada por militares da ativa e aposentados, civis, parlamentares da extrema direita, controladores digitais, empresários do agro e apoiadores arrebanhados – muitos deles sem sequer entender o que estava por trás da movimentação na frente dos quartéis e na ida a Brasília para a depredação dos Três Poderes, tumultuar a capital federal e abrir caminho ao golpe.

Toda a engrenagem montada antes e depois da derrota eleitoral do presidente Jair Bolsonaro em 2022 para Luiz Inácio Lula da Silva por pouco não mudou a história do Brasil. Hoje, dois anos depois daqueles episódios insanos, o Brasil ainda sente o mau cheiro do golpe, mesmo com mais de 300 prisões, condenações e processos em andamento.

O plano golpista falhou pela solidez da democracia constitucionalista de 1988, a coragem do presidente Lula, a reação contrária dos comandos do Exército e da Aeronáutica, da falta de apoio dos Estados Unidos e da postura corajosa do Supremo Tribunal Federal (STF), da PGR e do presidente do TSE, Alexandre de Moraes, até hoje à frente do rumoroso processo contra envolvidos.    

Neste 8 de janeiro, os chefes de Poderes, os comandos das Forças Armadas e os democratas têm um encontro marcado em Brasília, para lembrar aquele dia de horror contra a democracia, hoje ainda mais fortalecida. É uma data para nunca mais ser esquecida, inclusive pelos golpistas presos, processados, indiciados, Bolsonaro e seus seguidores.

O patrimônio destruído nos Três Poderes foi recuperado e as peças estarão em exposição artística no Congresso, no Planalto e no STF. Realmente, a Democracia é uma força inabalada que precisa ser cuidada, respeitada e preservada pelos verdadeiros patriotas.

O que se viu naquele 8 de janeiro foi uma insanidade coletiva, programada por quem achava que seria possível tomar o poder, num país da importância do Brasil no contexto mundial, usando a via enviesada da força bruta de um golpe de estado.

Os autonomeados “patriotas” cumpriram a parte do plano, ao invadir e depredar os Três Poderes. Aliás, o líder da empreitada golpista, Jair Bolsonaro, já vinha colocando suspeição nas urnas eletrônicas desde sua própria eleição em 2018. Alegava que já havia ganho desde o primeiro turno. Em 2021 e 2022, ele converteu as festividades do 7 de setembro em autênticas celebrações golpistas, com os seguidores clamando por “intervenção militar já”.

Em 2024, na abertura dos trabalhos do STF, o presidente Luiz Roberto Barroso abordou, com coragem, o “cenário de barbárie” que encontrou na corte. Com indignação, elecitou os “falsos religiosos que não cultivam Deus e o amor, numa espécie de alucinação coletiva, foram transformados em criminosos, aprendizes de terroristas, e estão sendo tratados, na forma da lei.

Nenhum juiz fica feliz em condenar outras pessoas. Tratar com condescendência o que aconteceu, porém, dá direito a que os derrotados de outras eleições possam fazer a mesma coisa”, alertou, lembrando, também, o trabalho de reconstrução do STF e a necessidade de pacificação do país, hoje mais radicalizado do que nunca.

Neste 8 de janeiro de 2025, há um sinal positivo sobre o gigantismo da democracia brasileira e um alerta permanente nas mesmas instituições que a salvaram. O sinal positivo é a presença dos três comandantes das Forças Armadas nas solenidades de hoje na Praça dos Três Poderes.

Já o alerta está na conturbada relação do governo Lula com o Congresso, dominado pelas mesmas forças do fanatismo de direita que apoiaram o 8 de janeiro de 2023. O bolsonarismo está latente e entranhado na sociedade brasileira, com força idêntica a que fez o extremista Donaldo Trump voltar à Casa Branca, nos Estados Unidos,com espírito absolutista que o faz se achar o dono do mundo em pleno quarto do século 21.

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