9 de março de 2025
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O Segredo do Polichinelo na sucessão de Brandão

Por Raimundo Borges

O Imparcial – Para quem se dedica a matar a curiosidade sobre fatos, acontecimentos e coisas que muitos falam e escrevem e poucos sabem o significado, aqui há espaço para esclarecer os bastidores que dão vida, forma e conteúdo à sucessão do governador Carlos Brandão em 2026.

Não há dúvida de que nesse ambiente de meias palavras, gestos e movimentos rolando pelas sombras do poder estadual, observa-se o que se convencionou classificar a fábula imortalizada nas artes cênicas e na literatura como “Segredo de Polichinelo”. Trata-se de um termo extraído do latim, língua “morta”, mas sempre adotada no jargão jurídico, no catolicismo e na ciência para esboçar traços de exibicionismo ou erudição onde, às vezes, não há erudito.

O Carnaval do Maranhão passou em grande escala, mesmo dividido meio a meio entre o corredor do “Carnamar”, ao longo da Avenida Litorêna, bancado pelo governador Carlos Brandão, e o “Carnamadre”, organizado pelo prefeito de São Luís, Eduardo Braide, fazendo alusão ao bairro da Madre de Deus, vizinho ao aterro do Bancanga, onde as escolas de samba desfilaram.

Pelos cálculos da Polícia Militar, que usa um sistema métrico próprio para contar volumes de multidões a partir do metro quadrado ocupado, cerca de três milhões de pessoas se esbaldaram na folia momesca da Litorânea. Se o carnaval de 2025 foi o maior de todos os tempos, também foi o mais caro tanto ao cofre estadual, quanto ao municipal.

Em meio a tanta gente festejando a vida, a política estava presente em tudo. No meio de milhões de brincantes, foliões, consumidores e vendedores, um monte de pré-candidatos de 2026 estava em toda parte, assim como seus artífices e articuladores. Porém, cada qual de olho na movimentação do outro.

Até apostas informais invadiram as redes sociais com avaliações sobre quem ganhou mais prestígio no Carnaval Maranhense: Carlos Brandão ou Eduardo Braide. Sem dúvida, dois protagonistas que estarão no palco das eleições majoritárias que se realizarão daqui a exatos 20 meses.

Brandão fez e curtiu o carnaval, porém, sem falar de eleição, nem de candidaturas, cujo segredo ele guarda para anunciar no momento certo. É, sem dúvida, uma confidência que só tem vindo a público por meios de mensagens cifradas. Já Eduardo Braide, com apenas dois meses no exercício do segundo mandato na capital maranhense, adota a mesma tática de “esconder o jogo” – por enquanto.

E aí entre a prosa romana do Segredo do Polichinelo. Uma revelação que, apesar de bem guardada, todos já a conhecem. A expressão “segredo de polichinelo”, é dito sobre aquilo que significa algo que se acredita secreto, no entanto, muitos já o conhece ou deveria.

Não é segredo, portanto, que figurantes e protagonistas das eleições de 2026 já estão buscando a boca do palco ou apenas atrás das cortinas. No Maranhão, o governador Carlos Brandão (PSB) só fala por frase cortadas ou de sentido duplo, quando se refere a sua própria posição eleitoral daqui a 20 meses.

O vice-governador Felipe Camarão é mais explícito, mas pelo visto, não apareceu nas imagens do carnaval, cantando com Brandão a marchinha de Emilinha Borba: “Se a canoa não virar, seu chego lá. Rema, rema, rema remador, quero ser depressa governador. E tem que ser antes do sol raiar, senão ele bota outro em meu lugar…”

Camarão precisa de Brandão para realizar seu projeto de sucedê-lo. Porém, Brandão prefere guardar a decisão de apoiá-lo – ou não– como um “Segredo de Polichinelo”. Por enquanto ele prefere avaliar as possibilidades reais de fazer da estreia política do sobrinho Orleans Brandão, um triunfo na sua própria sucessão.

Eduardo Braide, por sua vez, enquanto despacha no Palácio La Ravardière, olha por cima do muro que o separa do Palácio dos Leões. É uma distância tão curta para um projeto de vida tão longo: ascender, do cargo de prefeito da capital, ao poder máximo estadual no Palácio protegido pelo simbolismo dos Leões.

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