Braide assume PSD e traça rumo do Palácio dos Leões
Por Raimundo Borges
O Imparcial – A história dos partidos políticos do Brasil revela que o PSD, que guarda a ficha de filiação do prefeito de São Luís, Eduardo Braide e da senadora Eliziane Gama, tem duas certidões de nascimento. Uma, de 1945, quando foi fundado no ocaso da era Vargas, por nomes conhecidos como “raposas” da política brasileira, a exemplo de Tancredo Neves, Juscelino Kubitschek, José Maria Alckmin, Ulysses Guimarães e Ernâni do Amaral Peixoto, entre outros.
Eles sabiam da importância de eleger prefeitos para garantir voto e prestígio na eleição de governador – tática até hoje, 80 anos depois, plenamente em uso no Brasil e no Maranhão. Tancredo resumiu a filosofia do PSD: “Entre a Bíblia e o capital, o PSD fica com o diário oficial”.
Quando se pesquisa hoje na internet sobre o PSD, aparece uma sequência de indagações querendo saber se o partido com o sobrenome de Social Democrático é de esquerda ou de direita. Porém, ao recriar a legenda em 2011, com o então vice-governador de São Paulo Afif Domingos, o prefeito da capital paulista na época, Gilberto Kassab (DEM) foi taxativo: “Não será de direita, não será de esquerda, nem de centro.
É um partido que terá um programa a favor do Brasil, como qualquer outro deve ter.” Mas em 1945, Ernâni do Amaral Peixoto, genro de Vargas, definiu o PSD como quem escreve uma poesia de “embolada”: “O Partido está à esquerda da direita e à direita da esquerda.”

Talvez aí esteja a explicação para Gilberto Kassab passar hoje o comando do PSD maranhense ao prefeito de São Luís, Eduardo Braide, sem romper com a senadora Eliziane, que ganhou uma vice-presidência nacional da legenda para não reclamar. Por sua vez, o ex-deputado federal Edilázio Júnior sai da presidência estadual e entra Braide, com um plano ainda não oficializado, de concorrer ao Palácio dos Leões em 2026.
Embora seja o único prefeito do PSD maranhense eleito em 2024, Braide confia no taco, de avançar da capital rumo ao interior e se dar bem nas urnas. Afinal, ele obteve, sozinho, 70,1% dos votos no primeiro turno, um caso raro para qualquer gestor público em reeleição.
Embora em 2024 tenha feito apenas o chefe do Executivo da capital maranhense, em 217 municípios do Estado, no entanto, o PSD conquistou o maior número de prefeitos no Brasil, com 885. Como advogado e ex-deputado estadual e federal, Braide tem sobressaído até na relação com a Câmara de Vereadores.
Ele adota a postura de entendimento, embora tenha enfrentado uma oposição muito dura no primeiro mandato, quando contava com apenas cinco vereadores na base aliada. Hoje, a sustentação aumentou, mas nem de longe chega sequer a um equilíbrio de forças. No PSD ele já tem além do projeto de governo, também contará com Eliziane Gama concorrendo a uma das duas vagas no Senado.
Para o sociólogo e cientista político da USP, Humberto Dantas, citado em longa matéria da jornalista Livia Guida Antônio, no portal Politize, “não é pecado ser partido de direita, mas o membros do PSD não aceitam ser enquadrados nessa categoria. Talvez porque assim fiquem à vontade para estar sempre ao lado do poder sejam quem for o governante.
A aparente ausência de ideais ideológico, num país hoje rachado politicamente entre esquerda e direita, o PSD tem espaço garantido em qualquer um dos lados, como faz o Centrão no Congresso Nacional. A sigla dança conforme a música, sem perder o ritmo e sem deixar de crescer como nenhuma outra legenda no Brasil – ganhando mais do que perdendo em cada eleição.
Vale destacar que o PSD começou o ano debatendo com o MDB e o PSDB os detalhes sobre uma possível fusão entre as três legendas, que acabaria no surgimento do maior partido no Brasil. Já no começo de fevereiro, os tucanos, sob a presidência de Marconi Perillo, decidiram seguir seu caminho.
Agora, os partidos de Baleia Rossi e de Gilberto Kassab continuam fazendo reuniões para fundir com o Podemos e o Solidariedade. É um jogo de quebra-cabeça, mas no fundo todos os partidos querem ganhar musculatura política, reforçar o caixa com as verbas do Fundo Partidário e entrar na disputa presidencial com candidatura própria, pelo centro e comendo pelas beiradas da divisão entre esquerda lulista e direita bolsonarista.