Fim da guerra comercial? EUA e China anunciam redução drástica das tarifas e animam mercados
Revista Fórum – Estados Unidos e China firmam acordo para cortar tarifas por 90 dias, reduzindo tensões da guerra comercial; bolsas sobem e dólar se recupera com a trégua entre as duas maiores economias do mundo.
Os Estados Unidos e China anunciaram nesta segunda-feira (12) um acordo para reduzir drasticamente, por 90 dias, as tarifas retaliatórias aplicadas entre si. A trégua representa um gesto de distensão na guerra comercial iniciada pelo presidente Donald Trump e que vinha agitando os mercados financeiros, com temores de uma recessão econômica global.
Foi o primeiro encontro direto entre as duas potências desde o início do conflito tarifário. No comunicado conjunto divulgado após o encontro em Genebra, ambas concordaram em reduzir suas tarifas de três dígitos para dois e em seguir com as negociações.
O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, classificou as reuniões com o vice-premiê chinês He Lifeng e o representante de comércio Li Chenggang como “produtivas” e “robustas”. Segundo ele, “ambos os lados demonstraram grande respeito”.
No mês anterior, Trump havia imposto tarifas de 145% sobre importações da China – valor muito acima dos 10% aplicados a outros países. Pequim reagiu com uma tarifa de 125% sobre produtos americanos.
Agora, os dois países concordaram em reduzir essas tarifas em 115 pontos percentuais, resultando em uma alíquota de 30% por parte dos EUA e 10% pela China.
A China comemorou o que chamou de “progresso substancial” e reforçou que a medida atende aos interesses das duas nações e do mundo. O Ministério do Comércio chinês declarou esperar que Washington continue trabalhando “para corrigir a prática equivocada de aumentos unilaterais de tarifas”.
Mercados reagem com euforia e OMC vê “passo significativo”
O alívio imediato foi sentido nos mercados: o dólar, que havia despencado desde o início da ofensiva tarifária americana, se recuperou. Os índices futuros de Wall Street subiram, acompanhados por altas nas bolsas da Europa e da Ásia.
A diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Ngozi Okonjo-Iweala, saudou o encontro como um “passo significativo” e disse que o avanço “é um bom sinal para o futuro”. Ela ressaltou que o impacto positivo vai além das duas potências, alcançando especialmente as economias mais vulneráveis.
O encontro foi realizado de forma reservada na residência oficial do embaixador da Suíça junto à ONU, em Genebra. Antes da reunião, Trump chegou a publicar nas redes sociais que uma “tarifa de 80% para a China parece justa!”, mas depois recuou.
A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, esclareceu que os EUA não reduzirão tarifas unilateralmente: “a China também terá que fazer concessões”.
A reunião em Genebra veio poucos dias depois do anúncio de um acordo comercial entre Estados Unidos e Reino Unido — o primeiro desde o início da escalada tarifária global. Mesmo nesse acordo, Trump manteve uma tarifa de 10% sobre a maioria dos produtos britânicos, ameaçando usar essa taxa como base para outros países.
A trégua entre EUA e China pode representar um ponto de virada na guerra comercial que afetou toda a economia global.