Brandão mapeia tendência dos prefeitos sobre 2026
Por Raimundo Borges
O Imparcial – O jogo da sucessão maranhense de 2026 está sendo jogado, mas as cartas não estão na mesa do governador e dos partidos que o apoiam ou lhes fazem oposição. O tema é complexo, martela a cabeça de todos, mas ninguém arrisca precipitar uma cartada fora do tempo. Faltam onze meses para a desincompatibilização em abril de 2026.
O governador Carlos Brandão (PSB) decidiu por uma estratégia nova na busca de um projeto que resulte na eleição de um sucessor de sua confiança, dois senadores no mesmo grupo e ainda formar maioria das bancadas federal na Câmara e na Assembleia Legislativa. Trata-se de uma construção complexa que envolve diretamente o seu futuro político como senador ou sem mandato, mas com um governador para chamar de seu.
Mesmo agindo dia e noite na construção de uma ponte segura para fazer o próximo mandatário do Palácio dos Leões, Brandão, oficialmente, não rompe com o grupo ligado ao ex-governador Flávio Dino, atual ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), do qual ainda faz parte. Porém, até agora, não diz se vai deixar o governo em abril para o vice Felipe Camarão e disputar o Senado, ou permanecer até o fim e apoiar o sobrinho Orleans Brandão (MDB).
Nesse caso, jogaria para o alto a relação com Camarão, com Dino e com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que apoia o petista. Os brandonistas guardam fortes ressentimentos de Dino no STF e dos seus entornos dentro e fora da Alema.
A nova estratégia do governador é ir diretamente às bases eleitorais. Vem fazendo sucessivas reuniões com prefeitos nas principais regiões do Maranhão, com dois objetivos: receber as demandas municipais e mapear a tendência eleitoral de cada prefeito em 2026, quando eles serão peças-chave na engrenagem do voto.
No resumo desse enredo é possível imaginar que a estratégia tem enorme força política. O prefeito, antes de chegar ao meio do mandato, precisa estar bem perante o eleitor em 2026. Apoiado pelo governador, leva enorme vantagem sobre quem estiver na oposição na próxima campanha eleitoral.
Os encontros de Brandão com os prefeitos são realizados individualmente. Bem avaliado nas pesquisas e com as finanças do Estado organizadas, ele tem fortes argumentos para convencer os chefes municipais. Até agora, segundo uma fonte do Palácio dos Leões, Brandão já conversou com 100 prefeitos. A meta é chegar aos 217, independentemente de partido e de posição ideológica.
No final dessa jornada municipalista, o governador deverá promover um encontro estadual de prefeitos em São Luís para discutir os programas estratégicos de desenvolvimento do Maranhão com a participação das gestões municipais. O último desses encontros regionais ocorreu na quinta e sexta-feira passada em Imperatriz.
Não é segredo que o governador esteja trabalhando para indicar o sobrinho Orleans Brandão, o secretário de Assuntos Municipalistas, como candidato a governador. Por sua vez, o pai de Orleans, Marcus Brandão, presidente regional do MDB, disse, no dia 19/05, que o filho “é um excelente quadro.
É jovem (31 anos), preparado, não é radical e tem feito um grande trabalho. Por que não ele? A classe política já deu uma sinalização: 80% aprova o nome dele”. Porém, outra fonte próxima dos Brandão afirmou que o sonho maior do jovem Orleans é iniciar a carreira como fez o tio governador: como deputado federal. Mas, quando se participa de um grupo político, a lógica é seguir o rumo do grupo.
Até agora, existem nomes que surgem com potencial para disputar o governo, mas somente o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (Novo), está percorrendo o interior do Maranhão e anunciando sua candidatura. O prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), foi lançado pelo presidente nacional do partido, Gilberto Kassab, mas ele não se declara pré-candidato.
Felipe Camarão (PT) também diz que é candidato, mas dificilmente o será sem o apoio de Carlos Brandão que, por seu lado, está adiando essa discussão para o próximo ano. Não quer perder o espaço de 2025 sem eleição e prejudicar o governo em 2026.