14 de junho de 2025
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Os vices do PT e as crises reprisadas 10 anos depois

Por Raimundo Borges

O Imparcial – Quando a política do Maranhão vive uma turbulência dentro do grupo que está no poder desde 2014, com a eleição de Flávio Dino, sobressai o PT no centro do imbróglio. A figura do vice-governador petista Felipe Camarão, hoje em linha de colisão, ainda sem sinistros significativos, faz lembrar o desmonte político ocorrido com outro petista vice-governador, em 2013.

O sindicalista Washington Oliveira (cearense de Várzea Alegre, mesma cidade-berço de Josimar do Maranhãozinho) foi convidado a entrar numa engrenagem política articulada por Roseana Sarney, titular do mandato, para impedir que o PT chegasse ao Palácio dos Leões e assumisse a candidatura de Flávio Dino – então líder das pesquisas.

Uma ressalva: em mais de 80% dos 25 anos deste século 21, o PT mandou no Brasil com Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Apenas Michel Temer (MDB) terminou o mandato de Dilma entre 2016-2018, e Jair Bolsonaro outros quatro anos entre 2019-2022. Só Getúlio Vargas, nos dois períodos como ditador, passou mais tempo no comando do país, com 18 anos e meio.

No Maranhão, o PT chegou ao Palácio dos Leões, mas apenas como vice: Washington Oliveira, na chapa de Roseana Sarney entre 2011-2013, quando renunciou em troca do empregão vitalício de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Foi a estratégia para não deixar o PT no governo, com boa parte simpatizante da candidatura de Flávio Dino (PCdoB). Roseana seria candidata ao Senado Federal.

O jogo estava com todo o detalhamento pronto. Washington renunciou à vice-governadoria em novembro de 2013 e Roseana Sarney, também, ao governo em abril de 2014, para disputar o Senado. Haveria, então, uma eleição indireta pela Alema, que elegeria Luís Fernando Silva, secretário da Infraestrutura, como governador.

Tudo combinado com o presidente da Assembleia Legislativa, Arnaldo Melo. Luís Fernando percebeu que seria um governador e candidato, mas sem toda a máquina nas mãos, com R$ 6 bilhões no cofre. Era o nome talhado para dar continuidade ao sarneísmo à frente do Palácio dos Leões, após a aposentadoria do ex-presidente e senador pelo Amapá, José Sarney.

No dia 7 de abril de 2014, Luís Fernando (PMDB) teve uma conversa com Roseana quando lhe comunicou a desistência da pré-candidatura. Para substituí-lo, às pressas, os Sarney correram atrás de outro e bateram às portas do empresário Edson Lobão Filho, o Edinho, filho do ministro Edison Lobão, de Minas e Energia. Ele havia assumido a cadeira do pai no Senado, como seu suplente. Edinho estava internado no Hospital Albert Einstein (SP), recuperando-se de uma cirurgia, quando recebeu um telefonema do senador José Sarney.

O convite foi aceito e anunciado no dia 15, como candidato a governador. E Roseana resolveu ficar no governo até o fim do mandato, iniciando ali a derrocada do grupo Sarney.

Portanto, a crise política de hoje tem a cara daquela de 2014. O PT novamente dividido e com o vice-governador Felipe Camarão vivendo a situação de Washington Oliveira, hoje secretário da Representação do Governo Brandão em Brasília. Enquanto isso, Camarão termina neste sábado sua interinidade no Palácio dos Leões, com o retorno de Brandão da viagem à Europa, onde cumpriu agenda em Paris e Estocolmo (Suécia). Coincidiu com a presença do presidente Lula na capital francesa, com quem se encontrou.

Também debateu com representantes da Associação de Exportadores de Carne a prospecção de novos negócios na pecuária estadual, livre totalmente da aftosa, nos mercados da China, União Europeia e EUA.

No Maranhão, porém, a briga esquentou entre deputados governistas e oposição na Assembleia Legislativa. Sem se envolver, Camarão preferiu visitar as obras da Nova Litorânea, receber a visita da cúpula do PL maranhense, conversar com deputados governistas e ir a Brasília debater com a direção do PT o apoio decidido à sua pré-candidatura ao governo em 2026.

Também o jovem Orleans Brandão (MDB) não ficou parado. Está no interior todo dia e, em São Luís, sua foto foi vista estampada em balões dos festejos juninos, que o tio Brandão, governador, promete torná-los os maiores do mundo.

3 comentários sobre “Os vices do PT e as crises reprisadas 10 anos depois

  • Nós filiados e filiadas do PT do Maranhão, nos 217 municipais, estamos trabalhando para rezar a história e eleger o primeiro governador do PT do Maranhão, não podemos perder a oportunidade de ter Lula na Presidência da República Federativa do Brasil e Camarão no Palácio dos Leões.

    Saudações Petistas
    Professor Rogério do PT 310 Presidente Estadual.

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  • A sua matéria é extremamente fiel aos fatos. Quem vendeu o PT em 2014 e trabalha na mesma direção, não preciso repetir os nomes. Não são petistas, embora sejam filiados, sequer tem projetos para o MA porque suas posturas são de subserviência. Trabalham em benefício próprio e se escondem em discursos oportunista que só os incautos ainda acreditam.

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  • Bela reportagem recapitulando tudo dos anteriores ao atual verdade verdadeira kakaka isso mesmo que aconteceu !!
    Bom dia!
    Parabéns amigo!

    Ivelta Barbosa

    Resposta

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