15 de junho de 2025
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História do golpe contada ao vivo e em cores no STF

Por Raimundo Borges

O ImparcialEm época dominada por tecnologias digitais e internet interferindo na vida de cada ser humano, a política foi transformada num laboratório de experiências em permanente transformação.

O julgamento no Supremo Tribunal Federal do chamado “núcleo crucial” da trama golpista contra a democracia brasileira antes e depois da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no 3º mandato no Planalto é mais do que a história contada ao vivo e em cores nas transmissões de TVs e portais de notícias.  É o cara a cara do ex-presidente Jair Bolsonaro e da turma da linha de frente do golpe que deu errado, depondo diante do ministro Alexandre de Moraes que, por pouco, não foi preso ou até assassinado.

Não só Moraes, o alvo principal no Supremo Tribunal Federal dos arquitetos do golpe de Estado contra a democracia entre o fim de 2022 e o começo de 2023. Também Lula não estaria à frente do governo, e Jair Bolsonaro seria o inquilino do Palácio do Planalto, dizendo que permaneceu no cargo porque agiu “dentro das quatro linhas da Constituição”.

Só o fato de generais do Exército, almirante da Marinha, brigadeiro da Aeronáutica sentarem no banco dos réus como qualquer cidadão, para depor diante de um juiz civil, é um fato não apenas histórico, como também exemplar para aqueles que sentem saudade da ditadura militar e não veem a democracia como o sistema de governo mais justo e participativo.

O processo em que a Justiça julga centenas de golpistas do 8 de janeiro de 2023, que agiram nas sombras e à luz do dia, financiando e dando sustentação ao pandemônio contra o Palácio do Planalto, as casas do Congresso Nacional e a sede do STF, está, sim, desta vez, dentro das quatro linhas da Constituição de 1988.

Muitos já foram condenados e outro tanto ainda passará pelo crivo dos ministros do STF. Só agora os golpistas e os usados como “massa de manobra” nas depredações dos Três Poderes estão percebendo como funciona a democracia, garantida pelo voto popular num dos sistemas eleitorais mais seguros, antifraude e mais admirados do mundo.

Mauro Cid classifica réus entre 'radicais e moderados' em depoimento no  STF: saiba quem é quem
Mauro Cid em depoimento no STF — Foto: Reprodução/Internet

Ao depor novamente perante o STF, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro e delator, ten.-cel. Mauro Cid, confirmou que o ex-presidente discutiu e revisou minutas de documentos que lhe embasariam a decretação de Estado de Sítio ou Estado de Defesa no país, antes da posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Cid também afirmou, na presença de Bolsonaro e demais réus do núcleo crucial, não ter conhecimento de que o ex-chefe do governo tenha se envolvido em ações preparatórias para os atos de 8 de janeiro, quando os bolsonaristas radicais invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes. O militar-delator negou também ter ouvido conversas sobre isso no núcleo do governo anterior.

No todo, são sete réus do núcleo crucial na fila de depoimentos, chamados por ordem alfabética. A tentativa de ruptura democrática, segundo parecer da Procuradoria-Geral da República, começou com a campanha contra o sistema eletrônico de votação e culminou nos ataques na intentona de 8 de janeiro de 2023.

Além de Cid e Bolsonaro, estavam no auditório do STF cinco réus ao lado de seus advogados: Alexandre Ramagem, deputado federal (PL-RJ) e ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Almir Garnier Santos (ex-comandante da Marinha), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), general da reserva Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa) e general Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional).

A política, independentemente do partido ou ideologia, tem como uma de suas principais características a manipulação da opinião pública e do apoio da grande massa da população. Nesse ponto, os estrategistas do golpe frustrado usaram não só as redes sociais, por seus influenciadores de extrema-direita, como mobilizaram apoiadores nos acampamentos à frente dos quartéis do Exército por 40 dias.

O que deu errado foi a falta de apoio do comandante do mesmo Exército, assim como da maior parte da população que havia votado no petista. É nesse ponto que o STF, com Alexandre de Moraes à frente do processo, está reescrevendo parte significativa da história do Brasil neste primeiro quarto de século 21.

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