Conflito chega perto da embaixada e Brasil prepara repatriação de atletas e turistas no Irã
Revista Fórum – Com explosões a apenas dois quilômetros da sede diplomática em Teerã, nove brasileiros aguardam orientação para deixar o país, incluindo lutadores e treinadores convidados por federações locais.
O encarregado de negócios na embaixada do Brasil em Teerã, Felipe Flores Pinto, afirmou à Fórum nesta terça-feira (17) que o corpo diplomático trabalha para repatriar nove brasileiros na região, a maioria deles atletas que visitavam o Irã. “Trabalhamos com a possibilidade de repatriação, com calma”, explicou Flores Pinto.
Ele ainda destacou que existem iranianos residentes no país que se manifestaram como interessados na repatriação, mas que a embaixada ainda avalia caso a caso – já que existem situações em que apenas os menores de idade da família são nascidos no Brasil.
“Existem casos, por exemplo, em que os pais são iranianos e só a criança nasceu no Brasil”, exemplificou Flores Pinto.
Veja a lista:
- 3 atletas de luta olímpica greco-romana e seu treinador;
- 2 treinadores de handebol de areia;
- 1 jogador de handball e
- 2 turistas mulheres.
Questionado quanto à situação e segurança dos diplomatas brasileiros no Irã, Flores Pinto esclareceu que estão todos em segurança, graças à localização da embaixada do Brasil. Contudo, revelou que a situação pareceu se agravar na noite da última segunda-feira (16), quando houve bombardeios a cerca de dois quilômetros de distância da embaixada.
Tensão
O Oriente Médio, que já vivia sob tensão desde os conflitos que envolvem Israel, alcançou um novo patamar de instabilidade após o ataque do país ao Irã, na madrugada da última sexta-feira (13). O Irã respondeu e, desde então, há ataques mútuos.
O embaixador iraniano chamou o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu de “vigarista” e “criminoso de guerra” na última segunda-feira (16), quando foram dados avisos das embaixadas da Rússia e da China para retirada de seus cidadãos de Israel. Mais cedo nesse dia, o presidente dos EUA, Donald Trump, havia pedido que iranianos deixassem Teerã. “O Irã deveria ter assinado o acordo, pedi que assinassem. Que vergonha, que desperdício de vidas humanas. O Irã não deve ter armas nucleares. Disse de novo, e de novo! Todos devem imediatamente evacuar Teerã!”, publicou Trump em sua rede social.
A movimentação de mais de 30 aviões-tanque estadunidenses (modelos KC-135 e KC-46, usados para reabastecimento e conflitos aéreos prolongados) chamou a atenção de analistas políticos naquele dia, um comportamento anormal dentro de um prazo de 48h. A maioria das análises remetia à indicativa de uma possível entrada dos EUA no conflito.
O argumento do governo israelense
A visão do governo de Israel, veiculada amplamente na semana passada, é de que eles “não tiveram escolha” senão atacar o Irã na última sexta-feira (13), sob a justificativa de que era preciso parar o país antes que ele fosse capaz de produzir armamento nuclear, por conta da produção de urânio enriquecido.
Existem, ainda, registros na imprensa internacional de que o governo israelense estaria censurando a veiculação de publicações multimídia acerca do conflito, como uma forma de demonstrar “força” perante a contra ofensiva iraniana – por outro lado, o governo iraniano permitiu a ampla divulgação, via imprensa, do conflito, como forma de resposta às táticas de comunicação de guerra.
Brasileiros em Israel
Ainda nesta segunda-feira (16), o Ministério das Relações Exteriores (MRE) revelou que uma delegação já foi retirada de Israel via Jordânia e que faltam, agora, apenas 27 políticos brasileiros “ilhados” no país, reiterando que existem avisos consulares que desaconselham a viagem a Israel. A expectativa é que esses brasileiros sejam retirados até quarta-feira (18).
Viagens a Israel são desaconselhadas pela embaixada do Brasil em Israel desde outubro de 2023, quando foi emitido um alerta consular em função da ofensiva militar israelense na Faixa de Gaza, que já resultou na morte de mais de 55 mil palestinos e mais de 1,5 mil israelenses até agora. Naquela ocasião, foram retirados 1.413 brasileiros por meio de aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB).