No maior São João do Mundo, a política tem lugar garantido

Por Raimundo Borges

O Imparcial – São Luís do Maranhão disputa com Campina Grande da Paraíba o tamanho dos Festejos Juninos, ambas as cidades se gabando de fazer “o Maior São João do Mundo”. Seja onde for, os festejos que homenageiam Santo Antônio, São João, São Pedro e São Marçal alcançaram uma dimensão incomparavelmente maior, mais envolvente e festiva do que qualquer temporada carnavalesca.

O Brasil todo vira Nordeste, visitando seus arraiais, botando na mesa as comidas típicas ou se sacudindo ao som do verdadeiro forró pé de serra – com suas variantes copiadas ou adaptadas para cada região do Brasil.

Afinal, é a história cultural do Brasil socialmente contada num figurino comportamental, transferido de geração em geração, sempre respeitando os valores comunitários, o preservar das tradições, o fortalecimento das raízes históricas do povo brasileiro na sua maior essência gastronômica, da riqueza cultural e, acima de tudo, da alegria contagiante nas noites enluaradas.

Tudo isso junto ajuda a impulsionar a economia da região nordestina, no ritmo animador do forró e do baião, com o surgimento de inúmeros grupos musicais e de danças folclóricas que vão do bumba-meu-boi às quadrilhas e aos conjuntos de matriz africana, como o Tambor de Crioula do Maranhão, ou as danças indígenas.

Toda essa efervescência cultural se sustenta em dois pilares básicos: nas tradições culturais do Nordeste e na ação política dos governantes. Assim como os Festejos Juninos têm imenso apelo popular, também, democraticamente, servem de união entre pessoas e classes sociais, sem olhar a origem, a cor da pele, o estrato social ou raízes culturais.

O arraial é o espaço mais democrático que se conhece no Brasil. Por esse conjunto de razões, a sua existência é tão relevante, a ponto de as festas juninas tornarem-se um grandioso comício sem palanque. Todos os políticos utilizam a festa para obsequiar os eleitores de uma forma indireta e eficaz para aquisição de popularidade e captação de votos.

O governador Carlos Brandão (PSB) segue no ritmo da sanfona dos arraiais durante 60 dias de festejo. É uma programação de governo que ganha desdobramentos em todas as cidades, nas instituições como a Assembleia Legislativa, nas empresas privadas e entidades como as que compõem o Sistema S, ligado aos setores produtivos.

Ao resgatar e valorizar os elementos culturais inseridos na dança, na música, na gastronomia e nas brincadeiras juninas, o período festivo acaba fazendo o renascimento de um passado histórico alegre e criativo para celebrar a vida e a política no seu significado mais amplo.

O Maranhão tem muito mais a oferecer aos turistas que decidem pelo “Maior São João do Mundo”, de São Luís e cidades do interior, com sua riqueza ímpar de cultura popular. São centenas de “terreiros” juninos, arraiais e atrações tanto do Maranhão quanto de outros estados para celebrar o período mais bonito do ano.

Ao contrário do que se pode imaginar, os festejos juninos não interrompem o semestre político das casas do Legislativo federal e estadual. Pelo contrário, permitem a maior proximidade dos políticos com suas bases eleitorais em ambiente de total compartilhamento e celebração. Em São Luís, a população ainda se dá ao luxo de contar com os festejos do governo do Estado, no Castelão e no Ipem, e o da Prefeitura na Praça Maria Aragão, centro histórico.

Como se pode perceber, na verdade, o festejo junino é um dos períodos mais aclamados da política brasileira. Ao som da sanfona, do triângulo e dos pandeirões, os detentores do poder o usam para transformar folclore em ação verdadeiramente política. Entre uma mordida no milho assado e uma degustação de pratos típicos, a política passeia de mãos dadas entre acordos, encenações ou simplesmente sinais.

Os arraiais e shows musicais na capital e no interior nunca estão sem os políticos na plateia. Carlos Brandão percorre vários municípios num só dia, acompanhado de deputados, secretários e pré-candidatos a qualquer mandato eletivo em 2026. Sempre com a equipe de produção pronta para realizar o trabalho de imagens para alimentar as redes sociais.