PF tenta intimar Malafaia para interrogá-lo e não consegue contato
A Polícia Federal tentou intimar o pastor bolsonarista Silas Malafaia para prestar depoimento em uma investigação que apura o crime de peculato cometido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e seu então candidato a vice, general Walter Braga Netto, durante o ato do bicentenário da Independência, realizado em 2022. A corporação não conseguiu encontrar ou contatar o religioso.
De acordo com o Ministério Público Federal, o evento teria utilizado estrutura estatal em benefício da campanha de reeleição de Bolsonaro. Em documento da PF, obtido pela coluna de Paulo Cappelli no Metrópoles, o delegado Manoel Vieira da Paz Filho determinou que fosse feita a intimação de Malafaia, apontado como um dos organizadores do ato.
“Em cumprimento à determinação de Manoel Vieira da Paz Filho, Delegado de Polícia Federal, no uso da atribuição que lhe é conferida pelo art. 6º do Código de Processo Penal, determina ao Policial Federal a quem este couber, que intime Silas Lima Malafaia”, registra o texto.
O depoimento de Malafaia estava marcado para o dia 11 de março deste ano, mas não ocorreu. A escrivã responsável informou que tentou contato com o pastor por todos os canais telefônicos registrados nas bases da PF, sem sucesso.
“Certifico que tentei entrar em contato com Silas Lima Malafaia por todos os canais telefônicos registrados na base de dados porém não obtive êxito, sendo que nenhum dos números cadastrados foi atendido e não possuem WhatsApp”, consta no relatório policial.
Ainda segundo a investigação, não foi possível determinar a origem do trio elétrico usado durante o ato no Rio de Janeiro. “Com relação a trio elétrico utilizado no evento do Rio de Janeiro, não foi possível determinar a propriedade e nem a forma que foi contratado”, apontou a PF. O veículo é um dos focos da apuração, por representar possível uso irregular de recursos.
Malafaia afirmou que não foi contatado oficialmente pela Polícia Federal, mas alegou que foi o responsável pelo pagamento do trio elétrico usado em Brasília e apresentou um documento no valor de R$ 34,7 mil.
“O trio elétrico no Rio de Janeiro, quem pagou fui eu. Eu tenho a nota fiscal. Tem um movimento, que não tem nada a ver comigo, que pagou o trio usado em Brasília. O do Rio de Janeiro, fui eu que paguei. É isso o que posso informar. Tá aí a nota fiscal emitida em 5 de setembro de 2022, para a manifestação no Rio”, declarou o pastor.
A investigação faz parte de um conjunto de apurações sobre o uso da máquina pública em eventos de natureza político-eleitoral durante o governo Bolsonaro. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já havia apontado viés eleitoral no evento de 7 de setembro de 2022, além de identificar uso de bens e serviços públicos em benefício da campanha.