26 de junho de 2025
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VÍDEO: advogado de Braga Netto se desespera após acareação com Cid no STF

Revista Fórum – O ex-faz-tudo do ex-presidente Jair Bolsonaro ficou frente a frente com o ex-ministro da Defesa e da Casa Civil.

Na manhã desta terça-feira (24), o general Walter Braga Netto e o tenente-coronel Mauro Cid ficaram frente a frente em acareação conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, no Supremo Tribunal Federal (STF).

Braga Netto e Mauro Cid são réus na ação que apura a participação de ambos na organização criminosa que articulou e tentou aplicar um golpe de Estado. Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil do ex-presidente Jair Bolsonaro, está preso acusado de tentar atrapalhar as investigações, e Mauro Cid, que fez uma delação premiada, está em prisão domiciliar.

A acareação entre Braga Netto e Mauro Cid durou cerca de 1h50 e deverá ter incidência praticamente nula no restante do processo que investiga a tentativa de golpe de Estado.

Após o término da acareação, o advogado de Braga Netto, José Luís de Oliveira Lima, se desesperou e se queixou do fato de não poder ter gravado o confronto entre o seu cliente e Mauro Cid.

“Quero registrar que a defesa teve a sua prerrogativa violada. Todos os atos desse processo foram gravados e a opinião pública teve acesso. Neste caso, que é um ato processual fundamental, pegar os detalhes das falas de cada um… Esta defesa pediu que o ato [acareação] fosse gravado, foi negado. A defesa pediu que nós mesmos pudéssemos gravar o ato, que é uma prerrogativa da defesa, foi negado”, lamentou o advogado de Braga Netto.

 

Bicho pegou: Braga Netto ataca Mauro Cid em acareação no STF

Na primeira vez em que deixou a unidade militar onde está preso preventivamente, o general da reserva Walter Braga Netto foi ao Supremo Tribunal Federal (STF) encarar cara a cara o tenente-coronel Mauro Cid. A acareação, que durou quase duas horas, foi marcada por tensão: o ex-ministro partiu para o tudo ou nada ao chamar o delator de “mentiroso” por duas vezes durante a sessão, conduzida por Alexandre de Moraes.

Segundo o advogado do general, José Luis de Oliveira Lima, Cid permaneceu cabisbaixo durante todo o encontro e não reagiu às acusações. As divergências entre os depoimentos dos dois giram em torno de uma reunião realizada na casa de Braga Netto, em novembro de 2022, e da suposta entrega de dinheiro vivo por parte do general para financiar a tentativa de golpe.

Entregas, versões e contradições

Cid afirmou em delação que Braga Netto o teria repassado dinheiro em uma sacola ou caixa de vinho, no Palácio da Alvorada. A versão, no entanto, mudou ao longo dos depoimentos. Na acareação, teria surgido até um terceiro local possível para a entrega: além das duas garagens do Alvorada, ele mencionou a sala dos ajudantes de ordens. Confrontado, Cid não apresentou nenhuma prova.

“Ele não tem prova de nada”, afirmou o advogado do general. Em depoimento anterior ao STF, Cid havia declarado não se lembrar exatamente do local, mas disse que escondeu o dinheiro “embaixo da mesa, perto do pé”.

Braga Netto nega veementemente qualquer repasse. No encontro no STF, reforçou que as versões apresentadas por Cid são contraditórias e desconexas. O confronto foi requerido pela própria defesa do general, que tenta invalidar as acusações com base nas inconsistências do delator.

Reuniões e contexto do golpe

Outro ponto em disputa diz respeito à reunião na casa do general, com a presença de Cid e dois outros militares. Segundo Cid, houve manifestações de descontentamento com o resultado das eleições e com a atuação das Forças Armadas. Ele diz ter deixado o local antes do fim. Já Braga Netto sustenta que foi apenas uma visita de cortesia e que o tenente-coronel permaneceu até o final.

Na sequência das acareações, será a vez de Anderson Torres confrontar o ex-comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes. A sessão deve abordar a participação de Torres em reuniões no Palácio da Alvorada, nas quais Jair Bolsonaro teria apresentado propostas para reverter o resultado das eleições de 2022. Bolsonaro, que está em tratamento de saúde, tem direito de acompanhar as sessões, mas ainda não confirmou presença.

Sessões reservadas e objetivos da acareação

As sessões ocorrem em uma das salas de audiência do Supremo, sem gravação em vídeo, mas com atas que serão divulgadas. O relator Alexandre de Moraes conduz os trabalhos, com participação do procurador-geral da República, Paulo Gonet, e do ministro Luiz Fux.

Previstas no Código de Processo Penal, as acareações têm por objetivo elucidar contradições sobre fatos ou circunstâncias relevantes quando versões entre investigados ou testemunhas divergem frontalmente. No caso de Braga Netto e Cid, o embate foi direto, incisivo — e decisivo para a linha de defesa do general.

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