Mudanças políticas no Nordeste invertem a migração do Sudeste
Por Raimundo Borges
O Imparcial – Após as eleições de 2022, eleitores do Sul do Brasil abriram intensa campanha xenofóbica contra os nordestinos, no mais baixo nível de discriminação, preconceito e ódio, sob o argumento de que foi o Nordeste o responsável pela derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro perante Luiz Inácio Lula da Silva. Agora, três anos e meio após empossado no 3º mandato à frente da Presidência da República, Lula vai voltar a percorrer o País, começando exatamente pela região Sul e depois o Nordeste, onde sua popularidade foi afetada, graças ao ambiente de hostilidade que passa pelo Centrão no Congresso, ganha força entre os ricaços, chega à classe média e atinge até os pobres dos programas sociais.
Lula, classificado pelos adversários como um “presidente analógico” num mundo dominado pelas tecnologias digitais, acredita que, caso seja candidato ao quarto mandato, ainda tem chances de vencer. As pesquisas apontam nessa direção, fato que o anima a fazer peregrinação pelo país. A meta dele é apoiar candidaturas fortes aos governos estaduais, ao Senado e à Câmara dos Deputados. Principalmente ao Senado, casa por onde passam as encrencas mais pesadas contra o Executivo. O Maranhão é um caso típico em que o governo federal tem feito pesados investimentos em diferentes setores, com o governo federal mantendo uma estreita relação de parcerias com o governo Carlos Brandão.
Por exemplo, a Avenida Litorânea, na parte nova chamada de Avenida Atlântica, entre a Praia do Olho d’Água e a do Araçagi, vai transformar toda a beira-mar de São Luís num dos cartões-postais de maior extensão e beleza do Brasil. Quando o prolongamento estiver concluído, toda a orla urbanizada passará de 7 km para 14, até o Araçagi, em São José de Ribamar. Assim como o presidente veio para o lançamento da construção, também virá para a inauguração, que deve acontecer possivelmente no Réveillon deste ano, que cairá numa sexta-feira. As obras estão sendo tocadas em ritmo acelerado, quase 24h por dia.
Por outro lado, o Sudeste, com São Paulo à frente, já deixou de ser a região que mais atraía nordestinos em busca de sobrevivência, como aconteceu com a família do próprio Luiz Inácio Lula da Silva em 1952, quando ele tinha apenas sete anos. Agora, segundo o IBGE, pela primeira vez na história, São Paulo contabiliza mais pessoas saindo de sua metrópole do que chegando. Os destinos dessa população em fuga são os estados de Santa Catarina, Minas Gerais e Bahia, estado nordestino. Todos esses fatos econômicos e sociológicos têm a ver com a política e a mobilização no centro da pirâmide social em busca de maior bem-estar dentro das fronteiras continentais do Brasil.
O Nordeste está deixando para trás a sua história de região do clamor social, da miséria, da seca e da visão distorcida do Brasil desigual. Em 2024, foi a região com maior crescimento econômico, superando a média nacional em diversos indicadores. O PIB na região superou o do restante do país, consolidando o Nordeste como um motor de desenvolvimento que já puxa o Brasil. Os governos têm focado em investimentos estratégicos e políticas públicas eficazes que impulsionam os setores do agronegócio, energia renovável, serviços, indústria e turismo. Os festejos juninos, que estão se encerrando, atraíram uma multidão de turistas do Brasil e do exterior, capitalizando a economia no mais alto grau da cultura popular.
Mesmo mostrando esse dinamismo econômico, com destaque para os estados da Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Maranhão, a região como um todo ainda enfrenta desafios. Tudo se resume à melhoria da qualidade da educação, do empreendedorismo e na estratégia para explorar gás natural, petróleo e energia eólica – caminho para reduzir as desigualdades sociais – se forem atacadas com políticas compartilhadas com a iniciativa privada, a União, os Estados e os municípios. O Maranhão, por exemplo, está dando passos importantes na superação de seu atraso secular, com ações voltadas às populações desassistidas nas periferias, reforma agrária e agricultura familiar no meio rural, com investimentos produtivos que gerem emprego, priorizando a melhoria da educação.