Bolsonaristas do PP podem melar candidatura de Fufuca ao Senado
Por Raimundo Borges
O Imparcial – O ministro dos Esportes, André Fufuca, está no centro de um debate que ganha força dentro da recém-criada federação PP-União Brasil, duas legendas do Centrão que marcham fortemente para se opor ao governo Lula (PT). O senador Ciro Nogueira, presidente do PP, faz pressão para Fufuca deixar o Ministério e voltar à Câmara, a partir de agosto, mas o deputado de Alto Alegre do Pindaré é contra.
Ele era líder do PP e foi para o governo, indicado pelo então presidente da Câmara, Arthur Lira, hoje na oposição. Porém, na convenção do partido marcada para agosto, Ciro Nogueira, um bolsonarista raiz, pretende colocar para os convencionais a decisão de desembarque do governo Lula.
Tal posição mexe com a eleição majoritária no Maranhão, na qual Fufuca trabalha como pré-candidato a senador, na hipótese cada vez mais remota de Carlos Brandão deixar o governo em abril de 2026 para concorrer ao Senado. Porém, o governador se mostra determinado a lançar o secretário de Assuntos Municipalistas e sobrinho, Orleans Brandão (MDB), ao Palácio dos Leões.
Sem Brandão na corrida ao Senado, Fufuca teria como opção ficar no páreo em tabelinha com Weverton Rocha (PDT), na chapa de Orleans. Caso deixe a Esplanada, suas chances de virar senador se esvaziam. Mas o presidente Lula poderá mantê-lo em outro partido da base, como o PSD de Gilberto Kassab, que tem três ministérios e, em São Luís, o prefeito Eduardo Braide liderando várias pesquisas.
O PSD já tem a senadora Eliziane Gama como filiada, mas lhe falta estrutura no interior do Maranhão, onde não conseguiu eleger nenhum prefeito. Esse é, no momento, um fator que exige reflexão de Braide, caso resolva mesmo concorrer ao Palácio dos Leões.
Porém, a lei permite que o mesmo partido ou coligação apresente um candidato a governador e dois ao Senado, segundo entendimento do Tribunal Superior Eleitoral, em 2022. Portanto, se Braide concorrer ao governo, o PSD pode sim, se for o caso, preencher a chapa majoritária com Eduardo Braide, Eliziane Gama e André Fufuca – na hipótese de ele trocar o PP pelo partido do prefeito.
Ao seu ciclo próximo, Carlos Brandão tem dito que só deixaria o governo em abril para disputar o Senado se o vice-governador Felipe Camarão topasse fazer o mesmo, para concorrer à Câmara dos Deputados.
Brandão não confia em passar o cargo ao vice, com sua relação estreita com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, que, embora envergando a toga da magistratura, ainda tem forte influência na política do Maranhão. Depois que um grupo de deputados estaduais resolveu partir para o confronto direto contra o governo Brandão, o racha entre antigos dinistas escancarou.
A presidente da Casa, Iracema Vale, tem processos contra sua reeleição travados no STF, assim como a indicação do advogado Flávio Costa para o Tribunal de Contas do Estado, feita pelo governador Brandão e sabatinado pelo Legislativo estadual.
As ações, propostas pelo Partido Solidariedade, então sob o comando do deputado Othelino Neto, marido da senadora Ana Paula, que ganhou oito anos de mandato como suplente de Flávio Dino. Hoje, o partido está sob o comando do deputado Marreca Filho, ligado a Brandão. No último dia 30, a direção nacional do SD derrubou as suas ações em trâmite no STF contra atos da Alema na indicação de dois membros do TCE-MA, que se encontra com apenas cinco dos sete membros.
Mesmo assim, as ações sob relatoria de Flávio Dino permanecem travadas, assim como a que contesta o critério de desempate por maior idade na reeleição de Iracema Vale contra Othelino Neto. O placar já estava de 8×1 a favor dela, quando o ministro Luiz Fux decidiu anular a votação, retirar o processo do plenário virtual e colocá-lo no presencial. Resultado: até outra ação sobre nepotismo, também com Flávio Dino, permanece engavetada.
Todo esse ambiente jurídico em trânsito no STF vira uma situação de transe no jogo político da sucessão de Carlos Brandão e na disputa das duas vagas no Senado Federal. Fufuca que se prepare, porque a encrenca promete desfechos estonteantes em 2026.