Eduardo Bolsonaro diz que lamenta, mas vai renunciar ao mandato
Revista Fórum – Só há, segundo ele, uma única possibilidade para que isso não aconteça; ele também não retornará ao Brasil tão cedo.
O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou que “muito provavelmente” abrirá mão do mandato parlamentar, e que seu retorno ao Brasil só acontecerá quando, segundo ele, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, “não tiver mais força para prendê-lo”.
A declaração foi dada ao jornal O Estado de S. Paulo. “Por ora eu não volto. A minha data para voltar é quando Alexandre de Moraes não tiver mais força para me prender… Eu tô me sacrificando, sacrificando o meu mandato para levar adiante a esperança de liberdade”, disse.
O parlamentar está afastado desde março, quando solicitou licença para permanecer nosEstados Unidos. Na época, alegou temer uma eventual prisão ordenada por Moraes — embora não houvesse, até então, pedido formal de detenção contra ele. Desde então, porém, o cenário mudou.
Investigação e acusações
Em maio, Alexandre de Moraes atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e autorizou a abertura de inquérito contra Eduardo Bolsonaro. A investigação apura sua atuação junto a empresários, congressistas norte-americanos e integrantes da Casa Branca com o objetivo de sancionar autoridades brasileiras, em especial o próprio Moraes, além de membros da Polícia Federal e da Procuradoria.
A PGR afirma que Eduardo pode estar cometendo os crimes de coação no curso do processo, embaraço a investigação penal e tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito. Segundo o órgão, ele busca “impedir, com a ameaça, o funcionamento pleno dos Poderes” e atenta contra a normalidade democrática no país.
Na semana passada, Moraes prorrogou por mais 60 dias o inquérito, atendendo a um pedido da Polícia Federal, que apontou a necessidade de diligências adicionais.
Mandato à distância?
Apesar de sinalizar que pode renunciar ao cargo, Eduardo também citou a possibilidade de uma mudança no regimento da Câmara dos Deputados que permitiria o exercício remoto do mandato em “casos excepcionalíssimos”. Essa alternativa poderia evitar a renúncia imediata e manter sua atuação política, ainda que fora do país.
Apoio nos EUA e críticas de Trump
Durante sua permanência nos Estados Unidos, o deputado tem buscado apoio junto ao governo americano e a aliados do ex-presidente Donald Trump. Ele participou de reuniões no Departamento de Estado e com figuras próximas ao republicano. De acordo com a Folha, Eduardo tem pressionado autoridades norte-americanas para impor sanções ao ministro Moraes e a outras autoridades brasileiras.
O movimento ganhou respaldo na última semana. Em declaração à imprensa, Trump criticou o tratamento dado pelo Brasil ao ex-presidente Jair Bolsonaro e afirmou que o país estaria fazendo “uma coisa horrível”, sugerindo perseguição política.
A situação de Eduardo Bolsonaro evidencia a escalada das tensões entre setores bolsonaristas e o Judiciário brasileiro, em meio à tentativa de manter influência política internacional enquanto enfrenta crescente cerco judicial no Brasil.