16 de julho de 2025
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Pesquisa sacode sucessão de Brandão com Orleans

Por Raimundo Borges

O Imparcial – A mais nova pesquisa da agência Econométrica, divulgada neste fim de semana, coloca mais lenha na fogueira da sucessão do governador Carlos Brandão e embaralha a disputa pelas duas vagas de senador.

O prefeito Eduardo Braide (PSD) aparece com 30,6%, seguido do secretário estadual de Assuntos Municipalistas Orleans Brandão (MDB), com 22,4%; Lahesio Bonfim (Novo), 20,7%; e Felipe Camarão (PT), 12,5%. Dois dados chamam atenção: depois que assumiu a postura de pré-candidato a governador, apoiado pelo tio Carlos Brandão, Orleans cresceu e ultrapassou Lahesio, que vinha aparecendo em segundo lugar. Com esse avanço, o secretário ganha musculatura para levar o MDB de volta ao Palácio dos Leões.

Ao mesmo tempo que a pesquisa remodela o cenário de 2026 para o governo, também perfila a corrida às vagas no Senado Federal, enquanto aprofunda o racha entre os Brandão e aliados de Flávio Dino, ministro do STF. Brandão pontua 18,5%, enquanto o senador Weverton Rocha (PDT) está no empate técnico, com 16,1%, seguido do ex-senador bolsonarista Roberto Rocha (PRD), com 11,8%; André Fufuca (PP), 11,2%; Eliziane Gama (PSD), 9,9%; e Pedro Lucas (União), 6,1%.

Os indecisos sobre o Senado são 16,6%, o dobro dos que assim aparecem em relação a governador. A proporção é parecida com os que prometem anular o voto – 4,9% para governador e 9,8% para senador.

Brandão não diz, mas age como quem não se interessa pelo Senado e prefere permanecer no cargo até o fim, com o objetivo de eleger o sobrinho sucessor. Não é à toa que Weverton Rocha já bandeou para o lado brandonista. Ele sabe que, com a tradição do “voto casado”, a chapa que estiver à frente para o governo costuma puxar as duas cadeiras de senador.

Há a hipótese de um acordo em que Felipe Camarão renunciaria ao posto de vice para concorrer à Câmara; o governador também faria o mesmo para disputar o Senado. Tal hipótese levaria a deputada Iracema Vale (PSB) a assumir o governo como presidente da Assembleia Legislativa. O problema é que ela deixaria de renovar o mandato estadual.

O nó dessa encrenca — dinistas vs. brandonistas — está dentro do Supremo Tribunal Federal, onde a indicação do novo membro do Tribunal de Contas do Estado está travada desde fevereiro de 2024. O advogado da família Brandão, Flávio Costa, teve o nome aprovado pela Alema para o TCE, mas a posse esbarrou em ações do partido Solidariedade, que caíram nas mãos de Flávio Dino, que, de pronto, expediu liminares alegando irregularidades no processo.

Agora, a cúpula do partido, porém, tirou a legenda do controle de Flávia Alves, irmã do deputado Othelino Neto, marido da senadora Ana Paula. Em seguida, o SD desistiu das ações contra a investidura de Flávio Costa, indicado por Brandão.

Na semana passada, a Alema cobrou de Dino a extinção das três ações, em razão da desistência do SD. Argumentou que as irregularidades apontadas por ele, como relator, foram sanadas. E contra-atacou: “A manutenção das liminares tornou-se disfuncional, perpetuando uma situação de anormalidade no funcionamento do TCE (com um membro a menos), sem qualquer respaldo jurídico atual”.

Cita interesses políticos de Flávio Dino: “É imprescindível que se compreenda: o que está em jogo não é o zelo pela Constituição, mas a manipulação do seu prestígio. O que deveria ser um instrumento técnico de guarda da supremacia constitucional – o controle concentrado de constitucionalidade – tem sido utilizado como palanque disfarçado de jurisdição”.

O ato da Assembleia Legislativa, a forma cada vez mais desembaraçada da pré-campanha de Orleans e o confronto entre os deputados governistas e oposicionistas do mesmo tronco dinista demonstram, categoricamente, um caminho sem volta na ruptura entre o governador e o seu vice Felipe Camarão, apoiado pelo presidente Lula.

É uma crise que escalou sem deixar margem, pelo menos por enquanto, para um diálogo construtivo entre o governador e seu ex-companheiro da jornada que mudou a história do Maranhão há 11 anos. O incrível desse jogo é o dinismo afundando no Maranhão e o sarneísmo voltando a ocupar espaços no governo brandonista, num espectro político fantasmagórico do cenário de 2026.

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