9 de setembro de 2025
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Brandão arma uma sinuca de bico para Camarão em 2026

Por Raimundo Borges

O Imparcial – A movimentação política e administrativa do governador Carlos Brandão continua em ritmo acelerado para não engolir poeira em 2026. Ao dizer, na sexta-feira passada, que “ninguém” vai tirá-lo da cadeira principal do Palácio dos Leões antes do fim do mandato, em 31 de dezembro de 2026, Brandão acaba com o mistério que era fonte de especulações sobre a sucessão estadual: não vai se desincompatibilizar em abril para disputar o Senado, não está preocupado com a possível candidatura do vice Felipe Camarão (PT) e promete eleger o sucessor, que não pode ser outro nome senão o sobrinho Orleans Brandão (MDB). Tal situação leva ao fim do dinismo e à extensão do brandonismo no centro do poder estadual.

Nessa hipótese provável, não haverá a reunificação do chamado grupo dinista (relativo a Flávio Dino) com o brandonista. Surge, então, Orleans Brandão liderando a chapa majoritária com Weverton Rocha (PDT) e o ministro dos Esportes, André Fufuca, para o Senado, ou até mesmo com a deputada federal Roseana Sarney, do mesmo MDB de Orleans.

Se o vice Felipe Camarão insistir em ser candidato ao governo, terá o apoio do Palácio do Planalto, com Lula concorrendo à reeleição, mas nem o rastro da máquina estadual em sua campanha. É tudo que o presidente da República não quer no Maranhão, um reduto histórico de suas eleições.

A outra frente em que o governador já está agindo diz respeito ao PSB, partido no qual está filiado desde março de 2022, antes de substituir Flávio Dino como governador. Na semana passada, o deputado Othelino Neto e a esposa, senadora Ana Paula Lobato, articularam-se para tirar a legenda socialista do controle de Brandão.

Seria uma tentativa de revanche, já que o grupo do governador assumiu, no Maranhão, a direção do Solidariedade, hoje federado com o PRD, até então presidido pela irmã de Othelino, Flávia Alves. Mas Brandão não ficou de braços cruzados. Ontem, ele tinha agenda com o presidente nacional do PSB, o prefeito de Recife, João Campos. O assunto não poderia ser outro.

Na área administrativa, o governador segue inaugurando obras, viajando quase diariamente para Brasília — em encontros na Esplanada — e para o interior, realizando parcerias com os municípios, sempre tendo à frente o secretário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão.

Durante evento realizado na sexta-feira, 19, em São Luís, no qual foram entregues dezenas de ambulâncias e viaturas policiais às prefeituras, Carlos Brandão abriu o jogo sobre a eleição de 2026: garantiu que permanecerá no cargo até o fim do seu mandato. “Ninguém vai me tirar da cadeira, ninguém vai derrubar o nosso projeto Maranhão Livre da Fome”, afirmou, em tom de decisão sem volta.

Ele aproveitou para avançar no tema da sucessão estadual. Está preparando o caminho da continuidade de sua gestão a partir de 2027, com a eleição do sucessor. “Nosso governo vai continuar”, declarou. “Eles estão dizendo por aí que, quando assumirem, vão acabar com o programa Maranhão Livre da Fome.

Eu quero garantir que vou ser governador até o último dia do meu mandato. E nós vamos eleger o nosso sucessor — e o nosso sucessor vai continuar o programa Maranhão Livre da Fome.” E soltou uma ironia: “Enquanto os cães ladram, a carruagem passa. E a carruagem passa mostrando trabalho”, disparou Brandão ao lado do sobrinho Orleans, pré-candidato a sucedê-lo no Palácio dos Leões.

Em resposta ao chefe do Executivo, o vice Felipe Camarão foi às redes sociais mostrar outra abordagem sobre a desincompatibilização. Como procurador federal e professor de Direito, ele gravou um vídeo nesta terça-feira, 22, explicando que não precisa renunciar ao cargo para disputar as próximas eleições.

Afirma que a lei eleitoral obriga apenas os chefes do Poder Executivo (prefeito, governador e presidente da República) a renunciarem seis meses antes das eleições para concorrer a outro cargo. “No meu caso, por exemplo, que sou vice-governador, não preciso renunciar para disputar qualquer cargo eletivo.” Seja como for, Brandão colocou o vice numa sinuca de bico daquelas bem complicadas.

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