29 de julho de 2025
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Bomba! General admite plano para matar Lula e Moraes

O Cafezinho – No centro de uma das investigações mais delicadas desde a redemocratização, o general Mario Fernandes confessou ter escrito um plano que previa o assassinato do presidente Lula, do vice Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes. Apesar da gravidade do conteúdo, o militar diz que tudo não passou de um exercício pessoal, que nunca foi […]

No centro de uma das investigações mais delicadas desde a redemocratização, o general Mario Fernandes confessou ter escrito um plano que previa o assassinato do presidente Lula, do vice Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes. Apesar da gravidade do conteúdo, o militar diz que tudo não passou de um exercício pessoal, que nunca foi compartilhado.

O general da reserva Mario Fernandes, ex-secretário executivo da Secretaria-Geral da Presidência no governo Jair Bolsonaro, admitiu nesta quinta-feira (24), em interrogatório ao Supremo Tribunal Federal (STF), ser o autor intelectual do plano denominado “Punhal Verde e Amarelo”, um documento que previa o assassinato de três das mais altas autoridades do país: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF Alexandre de Moraes.

Segundo Fernandes, o texto era apenas um “pensamento digitalizado”, uma espécie de análise de risco que ele decidiu colocar no papel por hábito pessoal. Ele afirma não ter apresentado o documento a ninguém, tampouco compartilhado com terceiros.

“Esse arquivo digital nada mais retrata do que um pensamento meu que foi digitalizado. Um compilar de dados, um estudo de situação meu, uma análise de riscos que eu fiz e por costume próprio resolvi digitalizar. Não foi apresentado a ninguém e nem compartilhado com ninguém”, declarou o general.

Ainda assim, a Polícia Federal identificou que o plano foi impresso em três vias nas dependências do Palácio do Planalto, o que contraria a versão de Fernandes. O general, por sua vez, disse que fez a impressão apenas para facilitar a leitura, devido à vista cansada, e que destruiu os papéis logo depois.

“Imprimi para ler no papel, para não forçar a vista. Após isso, rasguei”, justificou ele, acrescentando que o horário em que entrou no Palácio da Alvorada — quarenta minutos depois da impressão — foi apenas uma coincidência ligada à sua função logística e administrativa.

Suspeitas de reimpressão e contradições

A Procuradoria-Geral da República (PGR) levantou uma dúvida importante: por que o documento foi impresso em três cópias e reimpresso novamente cerca de um mês depois? Fernandes respondeu que não se recorda de ter feito múltiplas impressões, sugerindo que pode ter sido uma “configuração da impressora”. Quanto à nova versão do plano impressa posteriormente, ele disse que teria tido uma “nova ideia” e alterado o conteúdo, o que justificaria a segunda impressão.

O plano: envenenamento, armas de guerra e data marcada

As revelações da operação da Polícia Federal, deflagrada em novembro de 2024, mostram que o plano não era um mero “exercício teórico”. Denominado “Punhal Verde e Amarelo”, o documento detalhava uma ação coordenada que previa o envenenamento das autoridades no dia 15 de dezembro de 2022, três dias após a diplomação de Lula no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O grupo responsável pelos preparativos seria formado majoritariamente por militares das Forças Especiais do Exército, os chamados “kids pretos”. O plano incluía o uso de um arsenal de guerra: pistolas, fuzis, metralhadoras e até um lança-granada. Além disso, investigações apontaram que o ministro Alexandre de Moraes era constantemente monitorado.

Envolvimento de Bolsonaro e o papel do general

Apesar das negativas de Fernandes, a PF afirma que o ex-presidente Jair Bolsonaro tinha pleno conhecimento do plano. O interrogatório de hoje marca a etapa final da fase de instrução da investigação do núcleo 2, grupo que teria participado da tentativa de golpe de Estado para impedir a posse de Lula.

A delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, reforça essa narrativa. Cid aponta o general Mario Fernandes como um dos mais enfáticos defensores de que as Forças Armadas deveriam intervir para impedir o retorno do PT ao poder.

Um caso sem precedentes

A admissão do general — ainda que tentada amenizar como “análise pessoal” — ocorre em meio a um dos maiores escândalos institucionais da história recente do Brasil. Ao envolver um plano para eliminar fisicamente autoridades da República e uma possível participação de militares da ativa e da reserva, o caso lança luz sobre os riscos reais enfrentados pela democracia brasileira no período pós-eleitoral de 2022.

Enquanto a Justiça avança na apuração dos fatos, o episódio levanta questões cruciais sobre o papel das Forças Armadas, a radicalização política e os limites entre pensamento estratégico e prática golpista.

A sociedade brasileira agora acompanha o desfecho do processo no STF e a eventual responsabilização de todos os envolvidos. Mesmo em meio a tantas alegações de “coincidência” e “exercício intelectual”, as evidências materiais e o contexto políticoapontam para algo que vai muito além da teoria.

PGR revela que Lula também foi monitorado em plano de assassinato; grupo previa uso de veneno e armas de guerra contra autoridades

Presidente Lula e o Ministro Alexandre de Moraes.
Documentos da Procuradoria-Geral da República revelam que, além de Alexandre de Moraes, o presidente Lula e o vice Alckmin eram alvos de um plano articulado para assassinatos políticos. Esquema envolvia militares das Forças Especiais e acesso privilegiado à segurança presidencial / Agência Brasil

A cada nova revelação, o plano “Punhal Verde e Amarelo” se torna mais perturbador. Desta vez, um documento de 272 páginas assinado pelo procurador-geral Paulo Gonet trouxe à tona detalhes inéditos da participação de militares e agentes públicos em um plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo a denúncia, Lula também foi monitorado de forma estratégica pela organização criminosa, e não apenas Moraes, como se imaginava inicialmente.

“A organização criminosa não se limitou ao monitoramento do Ministro Alexandre de Moraes. Como indicado no plano ‘Punhal Verde e Amarelo’, Luiz Inácio Lula da Silva também seria alvo das ações de neutralização e, por isso, precisava ser monitorado”, afirma o texto da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Lula sob vigilância: o rastreamento no Hotel Meliá

O documento aponta que o militar Hélio Ferreira Lima foi localizado nas proximidades de antenas de transmissão nas imediações do Hotel Meliá, em Brasília, onde Lula estava hospedado logo após a vitória nas eleições de 2022, entre os dias 25 e 26 de novembro.

Esse mesmo período coincide com o início do levantamento de informações sensíveis sobre Alexandre de Moraes, que à época presidia o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). De acordo com a denúncia, os passos de Lula e de sua equipe de segurança estavam sendo rastreados, uma ação que não ocorreu de forma isolada.

Polícia Federal envolvida: agente repassava dados da segurança presidencial

Outro nome citado pela PGR é o do agente da Polícia Federal Wladimir Matos Soares, que teria usado sua posição para fornecer dados privilegiados sobre a movimentação e a proteção do presidente eleito. As informações, como datas e locais onde Lula estaria, foram enviadas diretamente a integrantes do círculo de confiança do ex-presidente Jair Bolsonaro, conforme revelado na denúncia.

A atuação de Wladimir não apenas expõe uma brecha grave na estrutura de segurança institucional, como reforça a tese de que o plano de assassinato era alimentado com dados concretos — e não apenas uma intenção teórica.

Prisões e novas frentes da investigação

Em novembro de 2024, a Polícia Federal já havia prendido cinco militares suspeitos de planejar os assassinatos. Todos fazem parte do grupo conhecido como “kids pretos”, formado por integrantes das Forças Especiais do Exército.

Entre os detidos está o general da reserva Mário Fernandes, ex-ministro interino da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro. Fernandes é o mesmo que, interrogado no STF na semana passada, admitiu ter elaborado o plano “Punhal Verde e Amarelo”, mas o classificou como um “pensamento digitalizado” não compartilhado com ninguém.

As investigações, no entanto, mostram que o plano foi impresso no Palácio do Planalto, modificado e reimpresso em outra data, e que houve acesso a informações sigilosas sobre as vítimas.

Envenenamento e armamento pesado

A gravidade do plano está refletida na própria redação da denúncia da PGR:

“O plano se desdobrava em minuciosas atividades, requintadas nas suas virtualidades perniciosas. Tinha no Supremo Tribunal Federal o alvo a ser ‘neutralizado’. Cogitava do uso de armas bélicas contra o Ministro Alexandre de Moraes e a morte por envenenamento de Luiz Inácio Lula da Silva”, aponta o texto.

O uso de veneno contra Lula e Alckmin e de armamento pesado, incluindo fuzis, pistolas e até lança-granadas, contra Alexandre de Moraes mostra que o plano não se tratava de uma ideia hipotética. Ele estava estruturado em ações concretas, táticas militares e inteligência sobre a rotina dos alvos.

Golpe, espionagem e crime político

De acordo com os investigadores, o plano seria executado em 15 de dezembro de 2022, apenas três dias após a diplomação oficial de Lula no TSE. O objetivo, segundo depoimentos e delações, era impedir a posse do presidente eleito e instaurar um estado de exceção com respaldo das Forças Armadas.

Além das prisões já efetuadas, o Supremo Tribunal Federal conduz a fase final da instrução do processo contra o núcleo militar investigado, que inclui nomes próximos ao alto comando do governo Bolsonaro e da ativa.

Enquanto isso, a CNN aguarda manifestações das defesas dos denunciados. Até o momento, a gravidade dos fatos, as provas colhidas e o envolvimento de agentes públicos indicam que o país está diante de uma tentativa frustrada de atentado político contra os pilares da democracia brasileira — um episódio que ainda deve render desdobramentos profundos no cenário institucional.

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