Motta “dá a senha” e deve cassar mandato de Eduardo Bolsonaro
Revista Fórum – Presidente da Câmara foi enfático em entrevista ao rotular o parlamentar que fugiu para os EUA como um traidor do Brasil. Veja o que ele disse.
Parece que ele “deu a senha” e a batata do traidor da pátria já estaria assando. Pois é, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), agora eleva o tom contra Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que há meses abandonou o exercício do mandato para se refugiar nos EUA, de onde articula medidas hostis contra o Brasil. Em entrevista à Veja, Motta foi categórico ao afirmar que “ninguém pode concordar” com o que o extremista apoiante de torturador está fazendo.
Vivendo no exterior desde o começo do ano, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro atua junto a aliados de Donald Trump para impor retaliações econômicas e legais ao Brasil, alegando suposta “perseguição política” ao pai, que tentou um golpe de Estado e está prestes a ir para a cadeia. Para Motta, esse tipo de postura ultrapassa qualquer limite aceitável. “Cada parlamentar tem sua autonomia e sua liberdade para agir de acordo com o que acha ser importante”, disse. No entanto, enfatizou: “Não posso concordar com a atitude de um parlamentar que está fora do país, trabalhando muitas vezes para que medidas cheguem ao seu país de origem e tragam danos à economia do país”.
Ao comentar a possibilidade de perda de mandato por faltas, o presidente da Câmara afirmou que dará “tratamento igualitário” quando o caso for analisado, mas fez questão de frisar que a linha foi cruzada. “[Ele] poderia até estar defendendo politicamente algo em que acredita, defendendo a inocência do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas nunca atentando contra o país. Porque, quando isso acontece, eu penso que nem os seus eleitores, nem os seus apoiadores concordam”.
As declarações soam como um recado claro ao bolsonarista, especialmente após o desgaste humilhante causado pelo motim na Câmara protagonizado pelos deputados de extrema direita, episódio que expôs as tensões internas da Casa, que na ótica do bolsonarismo deve funcionar exclusivamente para referendar suas maluquices. Motta, que já havia lembrado não existir previsão legal para o exercício do mandato a distância, mantém sobre sua mesa representações contra Eduardo por suposto atentado à soberania nacional.
Clima de confronto
O embate marca uma mudança de tom em relação ao silêncio anterior sobre as investidas de Eduardo no exterior. Agora, com as declarações públicas, Motta deixa evidente que a permanência do deputado no cargo pode estar com os dias contados, e que, se depender de sua condução, a cassação será levada adiante.