15 de agosto de 2025
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ACL torna-se Patrimônio Cultural e Imaterial do MA

Por Raimundo Borges

Com 189 anos de emancipação política, 160 mil habitantes, 370 quilômetros de São Luís e 75 de Teresina, a cidade de Caxias, no leste maranhense, está muito além da simples denominação de “Princesa do Sertão Maranhense”. Cortada pelo maior rio do Maranhão – o Itapecuru –, interligada às capitais São Luís e Teresina pela BR-135 e à ferrovia que une o Porto do Itaqui ao Nordeste, Caxias é o berço de uma efervescência cultural e literária que atravessa mais de dois séculos, cada vez mais pujante, renovadora e inovadora. Foi assim que nasceu a Casa de Coelho Neto, para semear e colher cultura, literatura e poesia.

De Gonçalves Dias a Renato Meneses, de César Marques a Salgado Maranhão, de Alderico Silva a Humberto Coutinho, de Milson Coutinho a Jacques Medeiros, Caxias faz brotar empreendedorismo, poesia, literatura, jornalismo e crônica, como brotam cachos de babaçu nos cocais que sombreiam rios, riachos, brejos e morros. É uma cidade que se agigantou também na história do Maranhão e do Brasil, a exemplo do movimento popular revoltoso da Guerra dos Balaios, entre 1838 e 1841, no período regencial do Brasil.

Inacreditavelmente, a Guerra da Balaiada envolveu diversos setores da sociedade maranhense, como vaqueiros, sertanejos, escravizados e artesãos – tudo sob a liderança do caboclo Manuel Francisco dos Anjos Ferreira, o Balaio. Foi a revolta contra a miséria, a desigualdade social, a fome e a exploração autoritária do trabalho por políticos corruptos, latifundiários e empresários. Caxias teve, também, papel relevante na adesão do estado à independência do Brasil. Foi considerada o último foco de resistência à separação de Portugal. Somente em 1º de agosto de 1823 Caxias, finalmente, se desvinculou do domínio português, aderindo o Maranhão à independência brasileira.

Com todo um passado rico em literatura, poesia, história e arrojo econômico, em 1997 (há 28 anos), o município, conhecido também por “Paraíso das Águas”, passou a contar com a Academia Caxiense de Letras, graças ao abnegado esforço de um grupo de intelectuais engajados na luta por um espaço próprio de reunião e debate sobre o Maranhão. Hoje, a Academia conta com 40 membros efetivos, em uma sede própria no centro da cidade, que brevemente será entregue totalmente restaurada, com sua arquitetura original adaptada, apoiada pelo governo do Maranhão. Possui biblioteca com milhares de títulos e espaço para lançamentos de livros e exposições de artes plásticas.

Na última quinta-feira, 14/08, a Academia Caxiense de Letras recebeu o título de Patrimônio Cultural e Imaterial do Maranhão, concedido pela Assembleia Legislativa, representada por este jornalista, Raimundo Borges. O autor do projeto, deputado caxiense Adelmo Soares (PSB), ampliou as homenagens ao Mastro de São Sebastião e à Procissão do Fogaréu, dois eventos culturais de caráter religioso reverenciados além da divisa do Maranhão. Receberam a Medalha Manuel Beckham, também por projeto de Adelmo Soares, Maria Celeste Barbosa de Sousa, Apolônio Alencar e José Armando Oliveira.

Raimundo Borges recebendo, em nome da ACL, o título de Patrimônio Cultural e Imaterial do Maranhão concedido pela Alema

Portanto, a cidade gastronômica do Pirão de Parida pode-se resumir assim: “Em cada esquina, uma rima; em cada canto, um conto; em cada ventania, uma poesia”.

ACL: um Aparelho Literário

Um breve resumo, extraído do texto original do poeta e escritor Wybson Carvalho, sobre alguns dos muitos nomes caxienses que fizeram e fazem a poesia e a literatura serem inspiração eterna: Gonçalves Dias, Coelho Neto, Raimundo Teixeira Mendes, César Marques, Libânio da Costa Lobo, Adailton Medeiros, Gentil Meneses, Cid Teixeira de Abreu, Dinir Silva, Jacques Inandy Medeiros, Firmino Freitas, Arthur Almada Lima Filho, Anecy Calland Serra, Antônio Pedro Carneiro, Carvalho Júnior e muitos outros de uma constelação de literatos que brilha desde meados do século XIX, três dos quais são patronos de cadeiras na Casa de Machado de Assis, a Academia Brasileira de Letras.

Raimundo Borges recebendo, em nome da ACL, o título de Patrimônio Cultural e Imaterial do Maranhão concedido pela Alema

Caxias, ainda nestes primeiros anos de um novo milênio, insiste em dar luz a novos escritores e poetas produtivos e pode ser chamada, sem exageros, de “cidade dos escritores e poetas”, dentre os quais: Edmilson Sanches, Renato Meneses, Ana Luíza Almeida Ferro, Naldson Carvalho, Raimundo Borges, Ribamar Corrêa, Inês Maciel, Ezíquio Barros Neto, Joseane Silva Maia, Silvana Meneses, Erli da Bittencourt, Joseneyde Wybson Carvalho, Alzerina Pinho, Elany Morais, David Sousa, Ricardo Marques e outros tantos.

A Academia Caxiense de Letras (ACL), fundada em 15 de agosto de 1997, à Rua 1º de Agosto, já teve sua presidência ocupada por Aluízio Bittencourt de Albuquerque, Jacques Inandy Medeiros, Renato Lourenço de Meneses, Raimundo Nonato Medeiros, Wybson Carvalho, Raimundo Medeiros Silva e, atualmente, é presidida pelo arquiteto e escritor Ezíquio Barros Neto. Com 40 membros efetivos, realiza atividades de cunho educacional e artístico para o alunado das redes de ensino público e particular, bem como para grupos caxienses de todas as linguagens artístico-culturais, a fim de fomentar uma conscientização escolar sobre a diversidade artística com cunho histórico-literário e, consequentemente, cultural do povo caxiense.

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