16 de agosto de 2025
DestaquesEconomiaGeral

Brics lança sistema de pagamentos inspirado no Pix e reduz dependência do dólar

DCM – O bloco econômico Brics, que reúne Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e novos membros como Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Irã e Indonésia, deu um passo importante para reduzir a dependência do dólar no comércio internacional. Durante a cúpula do grupo realizada em Kazan, na Rússia, foi lançado oficialmente o BRICS Pay, um sistema de pagamento digital inspirado no Pix brasileiro.

A plataforma, desenvolvida com tecnologia blockchain, promete facilitar transações internacionais em moedas locais, oferecendo maior autonomia financeira aos países do bloco frente a sanções econômicas ocidentais.

O BRICS Pay surge como uma alternativa ao sistema SWIFT, dominado por instituições financeiras ocidentais, e já está em fase de testes liderada por China e Rússia. A iniciativa busca integrar sistemas de pagamento instantâneo já existentes nos países membros, como o Pix no Brasil, o Sistema de Pagamentos Rápidos (SBP) na Rússia e a Interface de Pagamentos Unificada (UPI) na Índia.

A expectativa é que, até 2030, a plataforma movimente bilhões em transações anuais, fortalecendo o comércio entre as nações do bloco e reduzindo custos cambiais.

Líderes de países do Brics: Lula (Brasil), Xi Jinping (China), Cyril Ramaphosa (África do Sul), Narendra Modi (Índia) e Sergey Lavrov (Relações Exteriores da Rússia). Foto: Ricardo Stuckert

Inspiração no Pix brasileiro

O sucesso do Pix, lançado pelo Banco Central do Brasil em 2020, serviu como modelo para o desenvolvimento do BRICS Pay. O sistema brasileiro revolucionou o mercado financeiro nacional, respondendo por 49% das transações não físicas no primeiro trimestre de 2025, com um volume total de R$ 7 trilhões.

A experiência do Brasil com transferências instantâneas, de baixo custo e disponíveis 24 horas por dia, foi crucial para a concepção do novo sistema.

“O Pix demonstrou que é possível criar uma infraestrutura de pagamentos eficiente e acessível. Adaptar essa tecnologia para transações transfronteiriças é um passo natural para reduzir barreiras técnicas e financeiras no comércio internacional”, afirmou a economista Carla Beni, da Fundação Getulio Vargas.

Durante a cúpula do Brics em julho de 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou o papel estratégico do Brasil no projeto. “O BRICS Pay é um caminho para maior soberania econômica. Precisamos de sistemas que reflitam a realidade multipolar do mundo atual, sem depender de moedas que são instrumentos de pressão política”, disse Lula.

A plataforma utiliza o Decentralized Cross-border Messaging System (DCMS), desenvolvido pela Universidade Estatal de São Petersburgo, que permite transações seguras e rápidas, com capacidade de processar até 20 mil mensagens por segundo. Diferentemente do SWIFT, o BRICS Pay opera sem um controlador central, garantindo maior independência frente a possíveis sanções.

Apesar do potencial, a implementação do sistema enfrenta desafios significativos. A harmonização entre diferentes legislações financeiras e a integração de moedas com paridades cambiais distintas exigem cooperação intensa entre os países membros. Além disso, a iniciativa já enfrenta resistência de potências ocidentais, principalmente dos Estados Unidos, onde o ex-presidente Donald Trump chegou a ameaçar impor tarifas de 100% a nações que abandonassem o dólar.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *