28 de agosto de 2025
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Grupo Brandão fica oito meses no PSB?

Por Raimundo Borges

O Imparcial – Já se passaram 20 dias desde que o PSB retirou seu braço no Maranhão das mãos do governador Carlos Brandão e nada aconteceu sobre o futuro partidário do principal grupo de poder estadual.

Embora seja quase certo que ele se organize para uma filiação em bloco no MDB, presidido pelo irmão, Marcus Brandão, o governador não demonstra pressa em desembarcar do PSB, ironicamente presidido pela senadora Ana Paula, mulher do líder da oposição na Assembleia Legislativa, o deputado Othelino Neto.

Como deputados e vereadores estão sob a regra legal da troca de partido, Brandão prefere aguardar a janela partidária para levar o grupo que lidera na direção do MDB e de outras legendas.

A Lei nº 9.096, conhecida como Lei dos Partidos Políticos, trata da mudança de partido no artigo 20, de forma bem clara: “Perderá o mandato o detentor de cargo eletivo que se desfiliar, sem justa causa, do partido pelo qual foi eleito”. Como a janela partidária ocorre em ano eleitoral, seis meses antes da votação, os “socialistas” maranhenses estão numa encruzilhada jurídica de enorme repercussão.

Afinal, apenas deputados estaduais e federais no último ano do mandato (2026) podem trocar de partido sem risco de perder o mandato. Em 2024, por exemplo, a “janela” se abriu apenas para os vereadores eleitos em 2020.

Como Brandão pretende levar consigo o maior número de deputados estaduais e federais para onde for, logicamente, o mais sensato seria esperar a janela de 2026, que acontecerá entre março e abril. Até lá, governistas e oposicionistas, que vivem se digladiando na Assembleia Legislativa, terão de conviver na mesma legenda socialista.

Todo esse imbróglio faz parte da crise instalada no grupo de poder estadual desde 2014, agora atuando como ferrenhos inimigos. Afinal, faltam oito meses para a janela partidária, tempo muito longo para quem já vive se esbofeteando na Alema e nas redes sociais.

No meio dessa encrenca partidária está a disputa do governo do Maranhão, das duas vagas de senador, das 18 de deputados federais e das 42 de estaduais. Brandão tem em torno de si, e dentro do governo, políticos de vários partidos já se movimentando em busca de voto.

O senador Weverton Rocha (PDT) segue Brandão, e a colega Eliziane Gama é do PSD do prefeito Eduardo Braide, líder das pesquisas ao Palácio dos Leões, mesmo sem anunciar candidatura. Até as viagens que ele vinha realizando por alguns municípios, suspendeu. Percebeu que antecipar a pré-campanha com tanta antecedência não é uma boa estratégia. Os recursos são limitados para atrair prefeitos e lideranças municipais, praticantes do “toma lá, dá cá”.

O destino de Brandão mexe com as bancadas federal e estadual que lhe dão apoio em 2025, mas nada garante que todos eles estarão de seu lado em 2026. Afinal, vai ser o ano do “vale-tudo” em uma eleição que já tem pelo menos quatro pré-candidatos a governador pontuando nas pesquisas: Eduardo Braide, Orleans Brandão, Felipe Camarão e Lahesio Bonfim.

Sob a liderança de Brandão está o sobrinho e secretário Orleans, enquanto os demais sairão em conjunturas diferenciadas. Braide não tem grupo definido; Felipe Camarão tem o PT e Lula como candidato à reeleição; e Lahesio atrai o bolsonarismo avulso no Maranhão.

Observando-se o rumo que a pré-campanha eleitoral está tomando, constata-se que os partidos são o que menos importa. Eduardo Braide, por exemplo, é o único gestor do PSD no estado; Lahesio Bonfim pontua bem nas pesquisas, mas é filiado ao Partido Novo, que não conta com nenhum prefeito, deputado ou vereador.

Apenas o emedebista Orleans Brandão tem uma sustentação partidária robusta, além do apoio explícito do governador Carlos Brandão. Isso significa que o eleitor está muito mais atento ao desempenho ou ao carisma dos pré-candidatos do que interessado em conhecer o teor dos programas partidários, escritos apenas como formalidade legal para a sua existência.

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