3 de setembro de 2025
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Impactos das fake news na pré-campanha no MA

Por Raimundo Borges

O Imparcial – Neste primeiro quarto do século 21, as tecnologias são maravilhas que transformam a sociedade sem necessitar que cada pessoa faça a sua parte. As transformações são impostas e passam a fazer parte da vida sem pedir licença, nem precisar de um simples “sejam bem-vindas”.

Com tanto poder transformador, as tecnologias digitais, agregadas aos portais e plataformas da internet, acabaram também escancarando, no bojo de suas ferramentas, todo tipo de maledicência, com impacto político na democracia. As fake news infestam as chamadas big techs a ponto de provocar desavenças internacionais entre países e até instrumentalizar as guerras cibernéticas da atualidade.

Na política, as fake news já alcançaram a Inteligência Artificial e se misturam à inteligência natural dos humanos. Elas estão prontas para danificar cenários, provocar reviravoltas e assustar os cidadãos.

Desde a semana passada, o Maranhão foi sacudido por uma informação sem fonte, segundo a qual o governador Carlos Brandão estaria na iminência de ser afastado do cargo “por três meses, prorrogáveis por mais três”, para permitir a ascensão do vice Felipe Camarão. Ele é pré-candidato a governador contra a vontade de Brandão, que decidiu apoiar o sobrinho Orleans Brandão e permanecer até o fim do mandato.

Todo esse furdunço político ganhou imensa repercussão, com a fake news causando previsíveis impactos na sucessão estadual. Como ninguém tem capacidade para prever o resultado de eventuais julgamentos no STJ ou no STF, como no caso do tal afastamento com prazo definido e respectiva prorrogação, os personagens citados nessa história bizarra se apressaram em desmenti-la.

O deputado Márcio Jerry, presidente do PCdoB, e o estadual Othelino Neto, opositor de Brandão, negaram a autoria das fake news. Mesmo assim, o clima político ficou irrespirável dentro da Assembleia Legislativa, no Palácio dos Leões e nos municípios. Isso mostra que o pior pode estar por vir.

Uma entrevista do presidente regional do PT, Francimar Melo, ao jornal O Imparcial, jogou mais lenha na fogueira da disputa pelo Palácio dos Leões. Ele disse que o PT é uma porta aberta para alianças viáveis, sem discriminar cores partidárias. Até o prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), que lidera as pesquisas, poderia entrar no radar do PT.

Ele falou claramente sobre tal possibilidade, mas sem descartar a pré-candidatura do petista Felipe Camarão e a de Orleans. Na semana passada, Francimar conversou com a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e com o presidente nacional do PT, Edinho Silva. Já o prefeito Braide nunca falou em ser candidato a governador, mas também não nega vir a sê-lo. Ele não integra nenhum bloco político no Maranhão, mas, nas redes sociais, atua a todo vapor.

Por sua vez, Carlos Brandão tirou uns dois dias para fazer exames de rotina em São Paulo, já tendo retornado aos compromissos oficiais em Brasília e no interior, entregando obras governamentais. Uma fonte do Palácio dos Leões reiterou que ele está decidido a ficar no governo até o fim e apoiar Orleans Brandão (MDB). Busca uma conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para colocar as cartas sobre 2026 no Maranhão.

Sabe que Lula recomendou maturidade política no PT, priorizando alianças eleitorais competitivas em detrimento de interesses pessoais. Ele defende maioria no Senado e pretende impedir que continue dominado por bolsonaristas. Portanto, ao admitir aliança até com Eduardo Braide, o presidente do PT do Maranhão mostra que não está falando em vão.

Carlos Brandão sequer se manifestou sobre as notícias do suposto afastamento. Como não há concretamente processo algum sobre um ato tão radical, a tal informação acabou por mostrar o poder da desinformação na vida moderna. Apesar da ruptura no grupo de 2014 com Flávio Dino, a corrida ao Palácio dos Leões segue livre, legal e democrática como tantas outras.

Porém, bem longe de acabar em um afastamento exótico de qualquer eleito em 2022. O jogo da sucessão estadual ainda nem começou, mas as fake news já mostram que o processo eleitoral sempre estará sujeito a sofrer tumultos por ações antidemocráticas de desinformação.

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