6 de setembro de 2025
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Drones entregarão seu próximo pedido de comida?

O delivery de alimentos é um luxo que deixou os moradores das cidades acostumados. Mas estão surgindo mais opções para pessoas que moram fora da zona urbana.

Com cerca de 700 mil ilhas, a Suécia, a Noruega e a Finlândia abrigam a maior quantidade de ilhas do mundo. Seu litoral é pontilhado de arquipélagos, que formaram sua história e cultura.

Diversas dessas ilhas são acessíveis por balsas e pontes para os moradores das cidades da região. Mas existe algo que os moradores locais, muitas vezes, não têm: delivery de comida quente na porta de casa, um serviço que seus primos da cidade provavelmente usam com frequência.

Mas a start-up norueguesa Aviant quer mudar esta situação, com o primeiro serviço de delivery de comida por drones da região, começando pela ilha de Värmdö, na Suécia.

Värmdö fica a apenas 13 km em linha reta da capital sueca, Estocolmo. A ilha tem acesso de carro, ônibus e balsa.

Mas sua população de cerca de 46 mil habitantes (que chega a 100 mil, no verão) tem poucas opções de delivery de comida.

Em uma chamada de vídeo, o CEO (diretor-executivo) e um dos fundadores da Aviant, Lars Erik Fagernæs, mostra um mapa das ilhas mais próximas a Estocolmo.

“Todos os quadrados azuis e brancos são onde [os serviços de delivery] Foodora e Wolt mantêm atendimento e todos os quadrados pretos são onde eles não estão”, explica Fagernæs. Ele mora na cidade norueguesa de Trondheim, a 500 km da capital, Oslo.

“Você pode ver no mapa que existem 87 mil pessoas sem acesso a um serviço de delivery. Essas pessoas moram no que você chamaria de subúrbios e gostariam de

pedir comida para entrega, mas simplesmente não têm opções.”

Mas, desde fevereiro, os moradores de Gustavsberg — a maior cidade de Värmdö — e regiões vizinhas podem pedir hambúrgueres quentes da cadeia escandinava Bastard Burgers diretamente para sua casa por drone, usando a tecnologia da Aviant.

O custo da entrega é comparável aos serviços de carro ou moto, pois os drones eliminam o custo do motorista.

No momento, a Aviant está em “fase beta”. Ela entrega apenas 10 itens por semana, para verificar se tudo funciona.

Mas o plano é aumentar a escala com o passar do ano.

‘Óvni entregando a comida’

A Aviant deve lançar um serviço similar na península de Nesodden, na Noruega. Ela fica a apenas 6,5 km de distância em linha reta de Oslo, mas a viagem rodoviária é de 47 km. Fagernæs mostra novamente a localização no mapa.

“Toda a parte branca é o local onde, atualmente, não há um serviço de delivery de comida”, explica ele. “Por isso, cerca de 100 mil pessoas, agora, terão acesso ao delivery, o que não tinham antes.”

Fagernæs reconhece que este não foi um processo fácil de se aperfeiçoar. Foram necessárias diversas tentativas para garantir que a comida permanecesse quente e fresca durante o tempo máximo de voo de até 10 minutos, em um raio de até 10 km.

“Testamos isso por três anos”, relembra ele. “No começo, muitas batatas ficavam encharcadas.”

“Mas melhoramos o recipiente isolado onde vai o hambúrguer. Agora, sabemos que ele chega quente, mesmo no inverno.”

“As pessoas ficam malucas com isso”, conta Fagernæs. “Eles chamam seus vizinhos e a vovó. Eles acham que é um óvni entregando a comida.”

Drone rosa da Foodora voa contra o céu com topos de árvores à distância
A Foodora espera que os drones abram novos mercados para o delivery de alimentos na Escandinávia

Fagernæs espera que os dois serviços piloto forneçam a “receita”, como ele chama, para iniciar um desdobramento em plena escala por toda a Escandinávia, contemplando comunidades como as de Värmdö e Nessoden, selecionadas pela sua geografia. Ele aponta para o mapa outra vez.

“Não temos cidades enormes, mas estas áreas são viáveis para o delivery por drones”, explica ele. “Elas ficam nos limites entre o urbano e o rural, onde é muito difícil atender de carro. E representam boa parte da população da Escandinávia.”

A Aviant identificou cerca de 40 bases de expansão em toda a Escandinávia para os próximos dois anos. E observa geografia similar no Canadá, com mais de 52 mil ilhas, e na região nordeste dos Estados Unidos, caracterizada por lagos, ilhas e montanhas.

Em relação ao clima, Fagernæs admite que os fortes ventos, ocasionalmente, derrubam os drones, mas espera que o serviço fique operante por 90% do tempo.

Vista aérea da aldeia de Hennigsvaer, no norte da Noruega, com casas em ilhas em primeiro plano e uma grande montanha ao fundo
Regiões remotas, como o norte da Noruega, poderão ter que esperar para receber o delivery de alimentos por drones

Em relação aos drones para fornecer comida para regiões realmente remotas, a Aviant é uma dentre várias empresas de drones que verificaram a tendência, mas concluíram que os números não compensavam.

Em 2022, a Aviant começou a fornecer comida tailandesa, italiana e sushi para moradores fora de Trondheim. Mas encerrou o serviço em agosto de 2023.

Paralelamente, em 2022, a empresa britânica Skyports forneceu merenda escolar para crianças nas ilhas Orkney, na Escócia. A ação era financiada pelo conselho local de Argyll e Bute e, temporariamente, forneceu um serviço de delivery de “peixe com batatas fritas às sextas-feiras” para a comunidade estendida.

Da mesma forma, a empresa alemã Wingcopter forneceu produtos de uso diário para moradores rurais, em 2023, como parte de uma parceria com o governo local.

E, na província de Zhejiang, no leste da China, um município está financiando o delivery de refeições quentes por drones para moradores idosos, isolados nas montanhas.

Mas a continuidade destes serviços sem um parceiro privado ou governamental não é comercialmente viável.

As distâncias fazem com que o custo da entrega seja proibitivo para a pessoa que faz o pedido, ou para a loja fornecedora do alimento. E, por serem áreas rurais, a quantidade de moradores não gera pedidos suficientes para iniciar o serviço.

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