7 de setembro de 2025
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7 de setembro: a verdadeira história por trás da Independência do Brasil

Revista Fórum – A independência brasileira não foi tão pacífica como nos foi ensinado, e ela também não foi um ato isolado; entenda.

De todos os feriados brasileiros, o 7 de Setembro se destaca por sua importância histórica e simbólica. Em um momento em que o Brasil ainda enfrenta pressões externas — políticas, econômicas e culturais — vindas, sobretudo, de potências como os Estados Unidos, a data ganha um novo significado. Celebrar o Dia da Independência é reafirmar o compromisso com a soberania nacional, num contexto em que o neocolonialismo e o imperialismo contemporâneo assumem formas mais sutis, mas igualmente preocupantes.

A história do 7 de setembro

A Independência do Brasil foi proclamada em 7 de setembro de 1822, às margens do riacho Ipiranga, em São Paulo, pelo então príncipe regente Dom Pedro I, com o emblemático grito: “Independência ou Morte!” No entanto, essa imagem clássica esconde a complexidade do processo.

mundo estava passando por profundas transformações. A Revolução Francesa (1789) havia espalhado ideais de liberdade, igualdade e autodeterminação. Em seguida, as Guerras Napoleônicas desestabilizaram a Europa, e Portugal foi invadido pelas tropas de Napoleão em 1807. Em fuga, a corte portuguesa transferiu-se para o Brasil em 1808, elevando o status da colônia à sede do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.

Com a queda de Napoleão e o retorno de Dom João VI a Portugal, em 1821, os portugueses exigiram o retorno do Brasil à condição de colônia. As Cortes portuguesas queriam centralizar o poder em Lisboa e limitar a autonomia que o Brasil havia conquistado com a presença da corte. As elites brasileiras, temendo perda de poder e status, pressionaram Dom Pedro — que havia permanecido no Brasil como regente — a romper com Portugal. Foi nesse cenário que se consolidou o movimento pela independência formal do país.

Ao contrário da narrativa tradicional, a independência brasileira não foi conquistada apenas por meio de negociações diplomáticas ou um ato simbólico isolado. Entre 1822 e 1823, o país enfrentou conflitos armados em várias províncias, nos quais tropas brasileiras lutaram para consolidar o rompimento com Portugal.

Na Bahia, por exemplo, ocorreu uma das mais importantes campanhas militares do período. Tropas portuguesas resistiram em Salvador até serem derrotadas em 2 de julho de 1823, no que ficou conhecido como a Batalha do Pirajá — marco decisivo para a expulsão dos portugueses do Nordeste. No Grão-Pará, a resistência portuguesa também foi violenta, resultando em confrontos sangrentos antes da região ser incorporada ao novo império. No Maranhão e no Piauí, houve igualmente batalhas, como a Batalha do Jenipapo, em março de 1823, na qual civis e soldados lutaram contra tropas leais a Portugal, em um dos embates mais emblemáticos da luta popular pela independência.

Esses episódios mostram que, embora o processo tenha sido centralizado e conduzido pelas elites, não foi isento de luta armada, e em várias partes do país, o povo precisou pegar em armas para garantir a separação efetiva da metrópole.

 

Neocolonialismo e imperialismo contemporâneo

Mesmo após a independência formal, o Brasil continuou inserido em relações internacionais marcadas por dependência. A ruptura com Portugal foi seguida pela submissão a interesses econômicos britânicos, que financiaram a consolidação do novo império. Esse padrão de dominação indireta perdurou e se modernizou ao longo dos séculos.

No século XXI, essa dependência assume novas formas. O chamado neocolonialismo se expressa por meio da penetração de interesses estrangeiros em setores estratégicos da economia, da influência de potências como os Estados Unidos e da dependência de instituições financeiras internacionais. A soberania brasileira também é impactada por pressões políticas e ambientais externas, que muitas vezes desconsideram as particularidades nacionais.

Por que celebrar o 7 de setembro?

Celebrar o 7 de Setembro é reconhecer que a independência foi um processo multifacetado, que envolveu tanto articulações diplomáticas e interesses das elites, quanto resistência armada e mobilização popular. É também entender que a luta pela soberania não terminou em 1822. A independência precisa ser atualizada constantemente, diante dos desafios impostos por um mundo globalizado, onde interesses externos seguem influenciando decisões internas.

A data deve servir para reafirmar o compromisso com a autonomia nacional, com uma política externa independente, com o fortalecimento da democracia, e com a valorização da história daqueles que realmente lutaram — com armas ou ideias — para garantir a liberdade do país.

O 7 de Setembro deve ser lembrado não apenas como um evento do passado, mas como um projeto em constante construção. A verdadeira independência envolve mais do que autonomia formal: exige justiça social, desenvolvimento sustentável, soberania econômica e voz ativa no cenário global. Enquanto houver desigualdade extrema, submissão a interesses externos e apagamento da memória de quem realmente lutou, o grito de “Independência ou Morte!” continua sendo uma convocação — não à guerra, mas à consciência nacional.

Um comentário sobre “7 de setembro: a verdadeira história por trás da Independência do Brasil

  • E é por essa constante luta que devemos seguir defendendo a democracia e justiça social, pois sem ela muitos não vivem a independência só restando a morte!

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