17 de setembro de 2025
DestaquesGeralPolítica

Rio Itapecuru pede socorro à COP 30 para não virar riacho

Por Raimundo Borges

O Imparcial – O Maranhão tem tudo a ver com a COP30, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, marcada para acontecer em Belém (PA) entre 10 e 21 de novembro, a qual já movimenta o Brasil e o Mundo em diversos aspectos.

É um evento para fazer história perante o mundo e colocar a Amazônia no centro dos debates da crise climática, como símbolo das preocupações com a vida e a sustentabilidade de todos. O Maranhão tem que fazer parte dessa discussão por ter 70% de seu território dentro da Amazônia Legal, inclusive a capital São Luís. Porém, internamente, o tema ainda é pouco difundido. 

A COP30 vai reunir líderes mundiais, cientistas, organizações não governamentais e representantes da sociedade civil em todos os idiomas para debater o futuro do Planeta e como salvá-lo, combatendo as mudanças climáticas provocadas pelo homem. A urgência de aprofundar essa temática ambiental no Maranhão é a situação de seu principal rio, o Itapecuru, que nasce na Serra do Mirador e percorre 1.450 km até desembocar no Golfão Maranhense.

Abastece de água portável 55 municípios e 80% da população Ludovicense. É, portanto, crucial para o desenvolvimento econômico do Maranhão, mas também o mais atacado pelo processo de devastação ambiental. 

Como principal rio do Maranhão, o Itapecuru proporcionou todo uma conjuntura econômica ao longo dos séculos. Basta verificar a sua importância para o transporte hidroviário que permitia não apenas a comunicação, mas, principalmente, a implantação de dezenas de cidades que hoje são municípios importantes, como por exemplo, Rosário, Itapecuru-Mirim, Coroatá, Codó, Caxias e Colinas.

Paradoxalmente, são as mesmas cidades que vêm contribuindo para a situação ambientalmente lastimável em que se o rio se encontra. Nem transporte de qualquer natureza existe mais no leito do Itapecuru. Falta a devida atenção dos governantes para a principal fonte de água potável do Estado. 

A mesma população que suga as águas do Itapecuru para suas necessidades de vida, inclusive a irrigação do Agro, não tem o respeito que deveria despertar não apenas nas cidades banhadas por suas águas, mas em todo o estado. Além de crucial para a economia e o desenvolvimento de diversas cidades maranhenses, serve ainda, precariamente, para pesca e transporte, tornando-se fundamental como canal de integração estadual.

Embora sendo uma questão local do Maranhão, o Itapecuru pede socorro à inteligência nacional, estadual, à academia e à população em geral, a partir de uma visão que deve incluir a juventude e os professores de todos os níveis educacionais.

Como o Brasil vive um ano pré-eleitoral, é o momento de a consciência ambiental brotar como uma semente eterna de reflorestamento e de salvação do Itapecuru. Não apenas proposta vaga a ser debatida na COP30, mas o conjunto das realidades. Não é exagero afirmar que todos os rios maranhenses padecem da destruição ambiental, deassoreamentos, de ocupações irregulares em suas margens, de devastação das matas ciliares e do impacto do agronegócio.

Todos estão matando as galinhas dos ovos de ouro que sustenta a população com seus preciosos líquidos. A crise climática tem dono: o chamado desenvolvimento desligado da sustentabilidade. É urgente, pois, um olhar ambiental inteligente, conectado a uma política estratégica de longo prazo. 

O Itapecuru abastece quase a metade da população maranhense. É o único que tem tanta relevância social e fala mais puro sotaque maranhense desde os primórdios. Com toda essa importância, história e beleza, observá-lo ou estudá-lo como fazem um punhado de pesquisadores e heróis do clima, não deixa de ser um exercício de coragem.

Suas margens passam por um processo de devastação sem limites e quase irreversível. Os governantes que tanto falam em desenvolvimento do Maranhão, deveriam ter mais respeito e carinho pelo rio, atuando com firmeza para desfazer o triste espetáculo que ameaça o futuro do Itapecuru, sendo transformando num imenso depósito de lixo. Desse jeito, o nosso pote um dia pode secar.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *