21 de setembro de 2025
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Lula embarca para Assembleia da ONU, nos EUA, em meio à tensão com Trump

Revista Fórum – Presidente também participa de eventos sobre a questão da Palestina, pela defesa da democracia e preparativo para a COP em Belém; não há previsão de encontro com líder americano.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarca na manhã deste domingo (21) para Nova York, onde participará da 80ª Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), que acontece entre esta segunda-feira (22) e quarta-feira (24).

Como é tradição, o Brasil abrirá os discursos da Assembleia, na manhã de terça-feira (23), seguido pelos Estados Unidos.

Segundo apuração da CNN, o pronunciamento de Lula terá como foco a defesa da soberania nacional, da democracia e do multilateralismo. O tema desta edição da Assembleia das Nações Unidas é “Melhor Juntos: 80 anos e mais pela paz, desenvolvimento e direitos humanos”.

Lula viaja aos Estados Unidos em meio às recentes tensões diplomáticas entre Brasil e o governo americano, em relação marcada por tarifas e sanções impostas pela presidência de Donald Trump.

Desde 6 de agosto, está em vigor uma tarifa de 50% sobre uma série de produtos exportados do Brasil aos EUA. E o governo Trump também já incluiu o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na lista de sancionados pela Lei Magnitsky, que visa impor restrições financeiras a pessoas consideradas violadoras dos Direitos Humanos pelo mundo.

Tanto em relação às tarifas como às sanções individuais, o governo Trump justifica as medidas, entre outros motivos, pela situação jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), recentemente condenado pelo STF por golpe de Estado (neste caso, Moraes é o relator do processo).

Esta é a primeira vez que Lula e Trump dividirão o mesmo espaço desde que o republicano voltou à Casa Branca. Ainda assim, não há previsão de que os líderes se reúnam reservadamente, segundo fontes do governo brasileiro.

Nem Lula fez convite a Trump, e nem o líder americano fez algum ao brasileiro, segundo fontes diplomáticas e do governo, que organizam a agenda do petista nos Estados Unidos.

Vistos

A semana anterior à viagem foi marcada por dificuldades na emissão de vistos para parte da comitiva presidencial, o que levou ao cancelamento de participações.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, chegou a receber uma autorização do governo americano, mas com imposições em relação a seu deslocamento em Nova York: ele só poderia circular em um perímetro de cinco quarteirões, entre o hotel e a sede da ONU.

Devido a isto, Padilha, que estava prevendo participar de reunião da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) em Washington, desistiu de ir aos Estados Unidos.

Recentemente, os Estados Unidos impuseram restrições ao visto de dois brasileiros ligados à implantação da parceria com Cuba para o programa Mais Médicos, em 2013, estabelecido pelo governo petista de Dilma Rousseff, com o Ministério da Saúde também sob gestão de Padilha.

Lula, no entanto, está com a documentação em ordem e deve chegar ainda neste domingo a Nova York. E a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja, já desembarcou nos EUA, na última quinta-feira (18), para participar de agendas relacionadas à COP30.

Eventos paralelos

Já na segunda-feira (22), Lula deve acompanhar a Semana do Clima de Nova York — evento preparativo para a COP30 (Conferência das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas de 2025), a ser realizada em Belém — e uma reunião sobre a questão da Palestina.

Na quarta, Lula e representantes de cerca de 30 países também participam do evento “Em Defesa da Democracia e Contra o Extremismo”, em Nova York.

No ano passado, com os EUA sob a gestão do democrata Joe Biden, o governo americano foi convidado para a primeira edição do evento e enviou um representante. Desta vez, os americanos foram excluídos da edição.

O evento é articulado por Lula em parceria com os presidentes do Chile, Gabriel Boric, da Espanha, Pedro Sánchez, da Colômbia, Gustavo Petro, e do Uruguai, Yamandú Orsi. A decisão de não convidar os EUA foi tomada pelo Brasil em conjunto com aliados.

Na avaliação do governo Lula, o convite aos americanos seria uma incoerência em meio às tensões entre os dois países, e as ações dos EUA não caberiam em um evento que busca a articulação contra o extremismo no mundo.

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