26 de setembro de 2025
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Lula e Trump já têm possível local para encontro, e não é na Casa Branca

Revista Fórum – As diplomacias do Brasil e dos EUA trabalham para acertar os detalhes de um dos encontros mais esperados no mundo político.

Na última terça-feira (26), durante seu discurso na Assembleia Geral da ONU, o presidente dos EUA, Donald Trump, revelou que se encontrou com Lula e que sentiu uma “química” muito positiva e que o líder brasileiro lhe pareceu ser uma “pessoa muito agradável”.

Além da química, Trump também revelou que ele e Lula devem se encontrar na semana que vem. No entanto, como se dará essa conversa entre os dois líderes ainda é um grande mistério.

A hipótese mais forte é que a conversa entre Lula e Trump seja realizada por videoconferência. Porém, de acordo com informações do Foro de Teresina, na revista Piauí, um segundo grupo de diplomatas brasileiros defende que este encontro seja realizado em Mar-a-Lago, resort na Flórida onde fica a casa do presidente estadunidense, pois, avalia o grupo defensor dessa hipótese, ambos os líderes poderiam ter uma conversa mais informal e mais produtiva. A Casa Branca ainda não se respondeu se aceita essa proposta.

Lula revela o que disse para Trump na ONU 

Durante coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (24) na ONU, o presidente Lula (PT) revelou o que disse para Donald Trump no rápido encontro que teve com o mandatário nos bastidores da Assembleia Geral das Nações Unidas.

“Fiz questão de dizer ao presidente Trump que temos muito o que conversar, muitos interesses de ambos os países em jogo, muita coisa para discutir sobre a necessidade de garantirmos a paz no planeta Terra, e fiquei satisfeito quando ele disse que é possível conversarmos. Quem sabe, em alguns dias, possamos nos encontrar e construir uma pauta positiva entre EUA e Brasil, e Brasil e EUA. É isso que eu quero, e acredito que é isso que ele também deseja”, revelou Lula.

Além disso, Lula afirmou que não teme um encontro presencial com Donald Trump. “O Trump faz 80 anos em junho do ano que vem. Eu faço 80 anos em outubro deste ano, portanto sou mais velho do que ele. Somos dois homens de 80 anos, não há por que ter brincadeira numa relação entre dois homens dessa idade. Eu vou tratá-lo com o respeito que merece o presidente dos EUA, e ele certamente vai me tratar com o respeito que merece o presidente da República Federativa do Brasil. É assim que vai acontecer a reunião.”

Por fim, o presidente também revelou que disse a Trump “que não há limites de pautas a serem tratadas na reunião, que tudo deve ser discutido. A única coisa que não está em discussão é a soberania e a democracia brasileiras”.

Lula celebra “química” com Trump na ONU: “Parecia impossível, mas aconteceu”

O presidente Lula (PT) realizou nesta quarta-feira (24) coletiva de imprensa para comentar sobre a sua passagem pela Assembleia Geral das Nações Unidas e, como não poderia deixar de ser, comentou sobre seu rápido encontro com o presidente dos EUA, Donald Trump.

“Eu tive a satisfação de ter tido esse encontro com o presidente Trump. Aquilo que parecia impossível deixou de ser impossível e aconteceu. E eu fiquei feliz quando ele disse que houve uma boa química entre nós. Como eu acho que a relação humana é 80% química e 20% emoção, considero muito importante essa relação e torço para que dê certo, porque Brasil e EUA são as duas maiores democracias do continente americano. Temos muitos interesses empresariais, industriais, tecnológicos e científicos, além de muito interesse no debate sobre questões digitais e inteligência artificial e na questão comercial”, iniciou Lula.

O presidente Lula também afirmou que a ideologia de Trump não está em discussão: “A minha relação com um chefe de Estado… o que mais respeito é que, se o chefe de Estado foi eleito pelo seu povo, eu não quero saber ideologicamente se ele gosta ou não de mim, se professa a mesma ideologia que eu. Isso nunca está em jogo na minha relação com chefes de Estado. E não quero que esteja em jogo na relação das pessoas comigo. O que importa para mim é que a pessoa, sendo eleita, merece meu respeito como chefe de Estado brasileiro nos assuntos que interessam na relação entre EUA e Brasil.”

Trump fala em “química excelente” ao encontrar Lula na assembleia geral da ONU e anuncia reunião

Após um discurso em que citou a interferência do governo dos EUA na soberania brasileira, Lula foi citado no discurso de Donald Trump, que afirmou ter sentido uma “química excelente” ao encontrar brevemente o presidente do Brasil nos bastidores da assembleia geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que acontece nesta terça-feira (23) em Nova York.

A citação a Lula – único líder mundialmente citado nominalmente no discurso – se deu quando Trump falava da guerra tarifária que desencadeou contra o mundo, citando o Brasil como exemplo.

“Nós vamos usar as tarifas para defender a nossa soberania, a segurança, inclusive contra países que tiraram vantagem de governos anteriores dos Estados Unidos por décadas, incluindo os mais corruptos e incompetentes. O Brasil agora tem tarifas imensas em resposta aos seus esforços para interferir nos direitos e cidadãos americanos e outros com censura, repressão. De usar o sistema judicial como arma”, disse Trump.

Em seguida, o presidente dos EUA fez referência a um breve encontro que teria tido com Lula nos bastidores do evento.

“Eu acho que não tenho problema de dizer isso, porque eu devo dizer, eu estava aqui, eu encontrei o líder do Brasil, eu falei para ele, e nós nos abraçamos”, afirmou Trump, ressaltando que “nós concordamos que nós vamos nos encontrar na próxima semana”.

“Não temos muito tempo para falar, mas aqui foi tipo 20 segundos, mas nós conversamos, e nós concordamos em conversar na próxima semana. Ele parece um homem muito agradável, e eu gosto dele, e ele gosta de mim. E eu gosto de fazer negócios com pessoas que eu gosto. Tivemos ali esses 30 segundos. Foi uma coisa muito rápida, química excelente. Isso foi um bom sinal”, emendou.

Em seguida, Trump voltou a mentir, dizendo que “no passado, o Brasil tarifou o nosso país de uma forma muito injusta” e que “por causa dessas tarifas, nós temos, então, as tarifas de volta”, ignorando que colocou como condição principal o fim do processo que condenou Jair Bolsonaro à prisão.

“E, também, como presidente, eu defendo a soberania e os direitos de cidadãos americanos. Eu lamento dizer que o Brasil está indo mal e vai continuar indo mal. E eles só irão bem se trabalharem conosco. Sem a gente, eles vão falhar como outros falharam”, disse ainda.

Humilhação a Trump

Em seu discurso, Lula enviou um duro recado à extrema direita mundial e fez referência direta às recentes retaliações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Brasil – que incluem o tarifaço de 50% sobre as exportações brasileiras e sanções contra membros do governo e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo Lula, tais medidas configuram “atentados à soberania” e evidenciam uma crise do multilateralismo e enfraquecimento da democracia. Adotando um tom firme, o presidente garantiu que o Brasil resistirá a qualquer ataque ou tentativa de interferência externa.

“O multilateralismo está diante de nova encruzilhada. A autoridade desta organização está em xeque. Assistimos à consolidação de uma desordem internacional marcada por seguidas concessões à política do poder. Atentados à soberania, sanções arbitrárias e intervenções unilaterais estão se tornando regra. Existe um evidente paralelo entre a crítica do multilateralismo e o enfraquecimento da democracia. O autoritarismo se fortalece. Quando a sociedade internacional vacila na defesa da paz, soberania e direito, as consequências são trágicas”, declarou Lula.

Na sequência, o presidente brasileiro fez referência direta à cultura da violência presente no bolsonarismo e na extrema direita como um todo e expôs para o mundo todo a tentativa de golpe de Estado deflagrada por Jair Bolsonaro – bem como a condenação do ex-presidente. Lula ainda mencionou, indiretamente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ao falar em “falsos patriotas” que promovem ações contra o Brasil.

“Em todo o mundo, forças antidemocráticas tentam subjugar as instituições e sufocar as liberdades. Cultuam a violência, exaltam a ignorância, atuam como milícias físicas e digitais e cerceiam a imprensa. Mesmo sob ataques sem precedentes, o Brasil optou por resistir e defender a democracia reconquistada há 40 anos pelo seu povo, depois de duas décadas de governos ditatoriais. Não há justificativa para as medidas unilaterais e arbitrárias contra nossas instituições e economia. A agressão contra a independência do poder judiciário é inaceitável. Essa ingerência em assuntos internos conta com o auxílio de uma extrema direita subserviente e saudosa de antigas hegemonias. Falsos patriotas arquitetam e promovem publicamente ações contra o Brasil. Não há pacificação com impunidade. Há poucos dias e pela primeira vez em quinhentos e vinte e cinco anos de nossa história, um ex-chefe de estado foi condenado por atentar contra o Estado Democrático de Direito. Foi investigado, indiciado e julgado e responsabilizado pelos seus atos em um processo minucioso. Teve amplo direito de defesa prerrogativa que as ditaduras negam as suas vítimas”, pontuou.

Na sequência, Lula reforçou que a soberania do Brasil não está em negociação, se referindo a Trump como “candidato a autocrata” e, neste momento, foi aclamado com aplausos pela plateia.

“Diante dos olhos do mundo o Brasil deu um recado a todos os candidatos a autocratas e aqueles que os apoiam: nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis”.

“Seguiremos como nação independente e como povo livre de qualquer tipo de tutela”, emendou o mandatário.

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