URGENTE – Hamas aceita proposta de paz de Donald Trump
Revista Fórum – O grupo concordou em libertar todos os reféns e também aceitou a administração externa da Faixa de Gaza.
O Hamas aceitou a proposta de paz apresentada pelo presidente dos EUA, Donald Trump. O grupo concordou em libertar os reféns, incluindo os restos mortais dos que faleceram, e também aprovou a criação de uma administração externa para a Faixa de Gaza.
Em comunicado, o Hamas afirma que deseja iniciar as tratativas com a Casa Branca “imediatamente” e que aceita discutir “todos os pontos”.
Os membros do Hamas também afirmam que aceitam entregar o governo da Faixa de Gaza a um órgão independente, formado por tecnocratas palestinos, mediante “consenso nacional palestino e com apoio árabe e islâmico”.
“Quanto às demais questões apresentadas na proposta do presidente Trump, que dizem respeito ao futuro da Faixa de Gaza e aos direitos legítimos do povo palestino, isso está vinculado a uma posição nacional unificada e fundamentada nas leis e resoluções internacionais pertinentes, a ser discutida em um quadro nacional palestino amplo, do qual o Hamas fará parte e contribuirá com plena responsabilidade”, diz o documento assinado pelo Hamas.
A resposta do Hamas vem após Trump dar um ultimato ao grupo, que tinha até o fim desta sexta-feira (3) para se posicionar. Caso não se manifestasse, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, teria sinal verde total para agir em Gaza.
A Casa Branca ainda não se manifestou sobre o aceite do Hamas.
Trump e Netanyahu apresentam “o plano para o futuro de Gaza”
Em um anúncio realizado nesta segunda-feira (29), os EUA revelaram uma iniciativa para pôr fim ao conflito na Faixa de Gaza, delineando uma visão que levanta questionamentos sobre o destino de um território já exausto por anos de violência e bloqueios. Apresentado durante uma reunião na Casa Branca entre o presidente Donald Trump e o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, o plano esboça medidas como a formação de um órgão global sob liderança americana, condições para anistia a membros do Hamas dispostos a desarmar-se e, de forma vaga, a perspectiva de um Estado palestino independente. A proposta surge em meio a um cenário humanitário crítico, onde civis palestinos enfrentam deslocamentos forçados e escassez crônica, destacando a urgência de soluções que priorizem a dignidade humana em vez de imposições unilaterais. Até agora, o que se vê é um genocídio.
De acordo com os detalhes divulgados, a Faixa de Gaza seria reconfigurada como uma área desprovida de milícias armadas, com ênfase em uma “desradicalização” que soa mais como uma diretriz imposta do que um processo inclusivo. A reconstrução do enclave, devastado por bombardeios e isolamento, contaria com a coordenação de um grupo palestino técnico, sem viés partidário, auxiliado por peritos estrangeiros. Até o momento da redação desta reportagem, o Hamas permaneceu em silêncio oficial sobre a iniciativa, o que deixa em aberto como tal plano poderia ser recebido por quem vive sob o peso diário da ocupação e das hostilidades.
O mecanismo central da proposta é o “Conselho da Paz”, uma entidade internacional que supervisionaria as ações, com Trump à frente da presidência e a possível inclusão do ex-premier britânico Tony Blair. A participação de Israel nesse conselho permanece indefinida, o que alimenta dúvidas sobre a neutralidade do processo. O plano estabelece um prazo apertado de 72 horas para que o Hamas libere todos os reféns israelenses detidos no território, uma exigência que, embora necessária para qualquer resolução, ignora as raízes profundas do impasse e o sofrimento compartilhado de reféns e prisioneiros de ambos os lados.
Durante uma entrevista coletiva conjunta, Trump alertou que uma recusa do Hamas abriria caminho para ações militares americanas com o objetivo de erradicar o grupo de uma vez por todas, uma retórica que evoca escaladas passadas e o risco de mais perdas civis em uma região já marcada por tragédias. Netanyahu, ao lado do presidente, endossou a visão e reforçou que Israel prosseguiria com suas operações se os termos não fossem cumpridos, declarando: “Caso o Hamas ignore ou sabote sua proposta, presidente, Israel completará a missão de forma independente”. Essa postura conjunta reflete o controle parcial que Israel exerce sobre partes da Faixa de Gaza por meio de incursões terrestres, enquanto o Hamas mantém influência administrativa no dia a dia do enclave, perpetuando um ciclo de instabilidade que penaliza principalmente os palestinos comuns.
Abaixo, os principais elementos da proposta americana, que buscam delinear uma transição, mas que críticos veem como uma receita para prolongar a subjugação em vez de promover uma paz equânime:
Cessar-fogo imediato e intercâmbio de detidos e prisioneiros
• O cessar-fogo entraria em vigor assim que o plano fosse aceito por todas as partes.
• Israel se comprometeria a soltar detidos palestinos, em troca da devolução integral dos reféns por parte do Hamas dentro de 72 horas.
• O acordo abrangeria também a restituição de restos mortais, em um gesto simbólico de fechamento para famílias enlutadas.
Assistência humanitária e restauração da infraestrutura em Gaza
• Seria permitida a entrada urgente de suprimentos essenciais, como víveres, água potável, eletricidade, instalações médicas e equipamentos para reparos.
• Máquinas para remoção de detritos e reabilitação de vias de acesso seriam liberadas sem demora.
• A logística de distribuição caberia a organizações imparciais, incluindo a ONU e o Crescente Vermelho, garantindo que a ajuda chegue aos necessitados sem interferências políticas.
Estrutura de governança renovada para Gaza
• Um comitê palestino especializado e independente assumiria as rédeas da administração local.
• Esse grupo operaria sob a orientação do “Conselho da Paz”, liderado por Trump, com o intuito de pavimentar o caminho para o retorno de uma Autoridade Palestina reformada.
• A composição exata do conselho, incluindo o papel de Israel, ainda carece de esclarecimentos, o que pode comprometer a credibilidade do arranjo.
• O foco seria preparar o terreno para uma governança estável, embora o plano pareça subestimar as complexidades de reconstruir uma sociedade fragmentada por décadas de divisão.
Desarme e perdão condicional para o Hamas
• Toda rede de fortificações subterrâneas e instalações bélicas seria demolida, com fiscalização de observadores globais.
• Membros do Hamas teriam a opção de render armas em troca de anistia, com rotas seguras para exílio em nações dispostas a recebê-los.
• Essa cláusula, destinada a neutralizar ameaças armadas, levanta preocupações éticas sobre a seletividade da justiça em contextos assimétricos de poder.
Garantias de segurança e perspectivas políticas de longo prazo
• Uma tropa multinacional de estabilização capacitaria forças policiais palestinas locais.
• Israel realizaria uma retirada progressiva, preservando temporariamente uma zona de buffer para fins de defesa.
• A iniciativa traça um roteiro para a autonomia palestina, promovendo uma convivência harmoniosa, mas sem prazos firmes, o que pode diluir sua viabilidade em meio a desconfianças mútuas.
Além desses pilares, o plano contempla a soltura de todos os reféns israelenses em até 72 horas após a adesão, com Israel reciprocando pela liberação de mais de 1.900 prisioneiros palestinos, entre eles 250 condenados à prisão perpétua – um número que sublinha as disparidades acumuladas no sistema de detenção. A assistência humanitária seria intensificada de imediato, facilitando o fluxo de remédios, alimentos e insumos para a recuperação urbana, gerenciados por entidades como a ONU e o Crescente Vermelho.
“Não haverá expulsões compulsórias de Gaza. Quem optar por partir o fará sem obstáculos e com garantia de volta. Incentivaremos a permanência, oferecendo meios para erguer uma Gaza revitalizada”, afirma o documento oficial, uma declaração que soa reconfortante, mas que contrasta com o histórico de deslocamentos sob pressão em conflitos anteriores. O Hamas e facções afins seriam barrados de qualquer participação governamental, com a eliminação de túneis e arsenais como pré-requisito. A Força Internacional de Estabilização, em parceria com nações árabes, assumiria o controle da ordem pública e o treinamento de agentes locais, consultando Egito e Jordânia por sua expertise regional.
O texto enfatiza que Israel não pretende incorporar Gaza a seu território, com as tropas se afastando de forma escalonada e transferindo responsabilidades para a força internacional, atrelado à verificação da desmilitarização. “Os EUA colaborarão com aliados árabes e globais para formar uma Força Internacional de Estabilização (ISF), implantada de pronto em Gaza. Essa força apoiará e instruirá a polícia palestina validada, em diálogo com Jordânia e Egito, portadores de know-how profundo nessa esfera”, explica o comunicado. Caso o Hamas repudie a proposta, a execução prosseguiria em zonas consideradas limpas de sua presença, culminando na instalação permanente da Autoridade Palestina e na consolidação de um Estado palestino soberano – um desfecho otimista que, no entanto, depende de adesões improváveis em um vácuo de confiança.
A divulgação ocorreu logo após o encontro entre Netanyahu e Trump na Casa Branca, que também abordou a mitigação de atritos com o Catar, tensionados por um ataque aéreo em Doha no início de setembro, direcionado a líderes do Hamas. Fontes da Casa Branca relataram que, na ocasião, os líderes telefonaram para o premiê catariano, Mohammed Bin Abdulrahman, com Netanyahu expressando arrependimento pela incursão em território soberano e assegurando que incidentes semelhantes não se repetirão. Trump havia previamente compartilhado esboços do plano com autoridades árabes em Nova York, na véspera da Assembleia Geral da ONU.
Um porta-voz do Hamas, em declaração à Associated Press, confirmou que o grupo tomou conhecimento da ideia, mas aguarda uma formulação oficial via canais egípcios e catarianos. O Hamas manifestou abertura para examinar “com seriedade e responsabilidade” qualquer esforço genuíno, reafirmando sua disposição para trocar todos os reféns pela interrupção total das hostilidades e pela desocupação completa israelense da Faixa de Gaza – uma contraproposta que expõe as fissuras fundamentais entre as visões em jogo e o desafio de forjar uma paz que não perpetue o sofrimento de um povo inteiro.