PP de Ciro Nogueira pune ministro do Esporte, que peitou o partido para permanecer no governo Lula
Revista Fórum – Após ignorar decisão de desembarque do governo, o ministro André Fufuca perde posto na direção nacional de sua legenda.
O senador Ciro Nogueira, presidente nacional do Progressistas (PP), oficializou nesta quarta-feira (8) o afastamento do ministro do Esporte, André Fufuca (PP-MA), do cargo de vice-presidente do partido. A medida vem como punição ao parlamentar por desobedecer a orientação da legenda de desembarcar do governo Lula.
A decisão foi anunciada após Fufuca ignorar a orientação partidária de entregar o cargo no primeiro escalão do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mantendo-se à frente do ministério.
A decisão marca mais um capítulo da crise entre o PP e o Palácio do Planalto, em meio à tentativa do partido de reforçar sua identidade de oposição sem abrir mão da influência que ainda mantém em áreas estratégicas do Executivo.
A tensão no Progressistas ocorre no mesmo momento em que o União Brasil também discute punições a Celso Sabino, ministro do Turismo, por motivos semelhantes. A movimentação coordenada indica uma tentativa de Centrão se reposicionar fora do governo Lula, preservando autonomia política antes das eleições municipais de 2026.
Celso Sabino também sofreu retaliações
O ministro do Turismo, Celso Sabino (União-PA), também sofreu retaliação e foi afastado do comando do partido no Pará, após recusar o desembarque da pasta, em meio a um crescente embate interno sobre sua permanência no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A expulsão do ministro da legenda, contudo, não será automática — o processo ainda precisará cumprir trâmites internos e prazos de defesa. Na semana passada, o União Brasil publicou uma normativa disciplinar determinando sanções a filiados que não pedirem exoneração de cargos no governo federal. O texto prevê abertura de processos disciplinares e eventual expulsão por infidelidade partidária.
O deputado Fábio Schiochet (União-SC) será o relator do parecer que traz as sanções. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, membro da Executiva Nacional, confirmou que o tema será votado nesta quarta:
“Após tratativas com o presidente Antonio de Rueda, está decidida a reunião da Executiva Nacional do União Brasil para deliberar sobre a expulsão do deputado Celso Sabino por reiterada infidelidade partidária”, afirmou Caiado.
A crise entre Sabino e a direção do União Brasil se arrasta há semanas. Em setembro, o partido anunciou um “movimento de desembarque” da Esplanada dos Ministérios e deu um ultimato ao ministro, que chegou a comunicar a Lula que deixaria o cargo — o que, na prática, nunca ocorreu.
Com a resistência do Palácio do Planalto em trocar o comando do Turismo, a cúpula do União decidiu seguir com o processo de punição interna sem exigir a saída de Sabino do governo, tentando evitar um novo confronto direto com o presidente.
A movimentação ocorre em meio à crise de imagem do presidente do partido, Antonio de Rueda, citado em reportagens que mencionaram aeronaves supostamente ligadas a ele em operações da Polícia Federal (PF) relacionadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC). O dirigente negou ser dono das aeronaves e afirmou “repudiar qualquer tentativa de vincular seu nome a atividades ilícitas”.
Leia a íntegra da nota de Ciro Nogueira:
“O Progressistas comunica que, diante da decisão de desobedecer a orientação da Executiva Nacional do partido e permanecer no ministério do Esporte, o ministro André Fufuca fica, a partir de agora, afastado de todas as decisões partidárias, bem como da vice-presidência nacional do partido.
A direção Nacional realizará ainda intervenção no diretório do maranhão, retirando o ministro do comando da legenda do estado. O partido reitera o posicionamento de que não faz e não fará parte do atual governo, com o qual não nutre qualquer identificação ideológica ou programática”.