9 de outubro de 2025
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Amarração frouxa no MA para 2026

Por Raimundo Borges

O Imparcial – A disputa pelo governo do Maranhão e pelas duas vagas de senador está com as amarrações políticas cheias de pontas soltas. Carlos Brandão ainda não conversou com o presidente Lula a respeito do candidato que pretende fazer de sucessor.

Não é segredo que o governador quer tornar o sobrinho Orleans Brandão (MDB) protagonista desse enredo ainda inacabado. Já o presidente Lula não bateu o martelo sobre o vice-governador Felipe Camarão (PT) que, por sua vez, aposta numa recomposição do grupo dinista que venceu, de capote, as eleições de 2014, 2018 e 2022, sob a liderança do hoje ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino que, porém, saiu da política, mas a política não desencarnou dele.

No meio desse imbróglio pelo próximo governador, ferve em fogo brando a disputa pelas duas vagas de senador. Nas pesquisas, Brandão aparece liderando com folga o interesse do eleitor. No entanto, ele tem dito que prefere descartar oito anos no Senado Federal em troca da permanência no governo até o fim e buscar eleger Orleans.

Seria, circunstancialmente, um caso único na história do Maranhão, o chefe do Executivo apostar tão alto na eleição de um sobrinho em troca de uma vaga garantida no Senado Federal. A decisão é ruidosa, complexa e também corajosa.

Como o jogo está nos preparativos, cabe até pensar na convocação da deputada Iracema Vale (PSB) na chapa majoritária. Ela tem o histórico de petista, o fato de ser presidente da Alema, boa de voto e o simbolismo de ser mulher. A conversa de Brandão com Lula será na próxima semana, num momento em que a parceria do governo federal com o estadual está a todo vapor.

Lula também gosta de Brandão e precisa de reforço em sua base no Senado em 2027. Na TV Mirante, Lula mandou recado: “A desavença chega a um ponto que não se conserta mais. Então é colocar todas as pessoas que têm responsabilidade em torno da mesa. Não é saber o que é bom para cada um, mas sim o que é bom para o Maranhão”.

Falando à Difusora News (Programa Expediente Final), Brandão disse que Lula tem uma relação muito próxima dele e gosta da parceria. Em Imperatriz, onde Lula esteve segunda-feira, dia 09, falou para o governador: “Ó Brandão, tenho praticamente minha opinião formada, eu quero conversar contigo na semana que vem, se tiver uma folga na agenda”.

Significa que Lula tem pesquisas e sabe tintim por tintim do que se passa na política do Maranhão. Ele é pragmático e sabe, como poucos, costurar enredos que dão certo. Afinal, o presidente da República vive um excelente momento no governo e Brandão também desfruta de altos índices de aprovação, revelados nas pesquisas.

Já o ministro dos Esportes, André Fufuca, preferiu se afastar do PP, ficar na Esplanada e ignorar o ultimato para sair. Ele gosta do cargo e Lula gosta dele. Assim como acontece com os senadores Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PSD). Caso Brandão mude de plano e resolva concorrer ao Senado, todo o cenário até aqui projetado será reconstruído do zero.

Tanto na disputa dos Leões, quanto nas vagas de senador. Afinal, do lado oposto, o prefeito de São Luís, Eduardo Braide, segue liderando as pesquisas, sem ao menos dizer que pretende concorrer ao governo. Ele tem pesquisa em que encontra eleitores tanto no campo lulista quanto no bolsonarista.

Resumo da ópera: Brandão que gosta de Lula; Lula que tem Brandão como um aliado de confiança; tem Fufuca como ministro e Weverton e Eliziane Gama como apoiadores no Senado. Brandão lançou Orleans ao governo, contra Felipe Camarão, do PT de Lula. Orleans conta com a máquina conduzida pelo tio, e Camarão depende de Lula, de Brandão e da máquina.

Já o prefeito Braide não tem máquina estadual; e não tem grupo nem orçamento para bancar a presença no interior. Porém, tem o eleitorado ideologicamente misturado – exceto os bolsonaristas radicais que agem como torcedores de futebol. Não há espaço para contemporização. Bolsonaro é o mito e Lula, o zé-ninguém.

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