16 de outubro de 2025
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Maior impasse da eleição no MA atravessa a Alema

Por Raimundo Borges

O Imparcial – Pelo nível de radicalismo a que a política brasileira chegou, depois das escaramuças do golpe frustrado de 2022/2023, as eleições de 2026 para presidente do Brasil e governador do Maranhão não ocorrerão em ambiente de calmaria.

Seja Luiz Inácio Lula da Silva contra quem a direita indicar para o Planalto, seja Orleans Brandão contra Eduardo Braide para o Palácio dos Leões, nada será como antes. A última disputa presidencial ocorreu no pior ambiente da história recente do Brasil, entre o então presidente Jair Bolsonaro e Lula da Silva, três anos depois de deixar a prisão em Curitiba, onde passou 580 dias engaiolado.

Assim como Bolsonaro foi o primeiro presidente a ser derrotado nas urnas no exercício do mandato, Lula foi o único ex-preso político a ser eleito contra o mandatário de plantão, além de assumir a Presidência pela terceira vez.

No Maranhão, ao contrário, as eleições majoritárias ocorreram em um ambiente de completa previsibilidade, com a vitória, no primeiro turno, do vice-governador Carlos Brandão e do ex-titular do cargo, Flávio Dino, para o Senado, na maior votação da história estadual. No entanto, os cenários de 2026 se apresentam completamente diferentes. Lula será candidato à reeleição, Bolsonaro está inelegível, em prisão domiciliar e condenado a 27,3 anos pelo Supremo Tribunal Federal.

A direita brasileira, que resolveu mostrar sua identidade ideológica como nunca havia feito, está diante de um impasse: quem se habilita à disputa contra Lula entre os quatro governadores — Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG), Ratinho Jr. (PR) e Ronaldo Caiado (GO) — ou ainda alguém do clã Bolsonaro? Lula lidera as pesquisas no primeiro e segundo turnos.

Dos quatro governadores, Ratinho Jr. e Caiado já foram reeleitos, restando-lhes concorrer ao Senado ou ao Planalto. Mas as pesquisas ainda não são animadoras para nenhum do quarteto. Não sem motivo, os bolsonaristas querem, a qualquer preço, aprovar no Congresso Nacional uma anistia ampla, geral e irrestrita para perdoar todos os golpistas, inclusive Jair Bolsonaro.

No Maranhão, a sucessão estadual cruza com Lula, o PT e atravessa a Assembleia Legislativa. O viés ideológico é uma miragem. Brandão é de centro-direita, assim como Eduardo Braide, e Lahesio Bonfim, de direita. O vice-governador Felipe Camarão é novato no PT e, em tese, dependeria do governo para pensar em se eleger em 2026.

Brandão já definiu o sobrinho Orleans como seu candidato, enquanto Eduardo Braide acompanha tudo à sua volta sem assumir candidatura. Nesta quarta-feira, Brandão desembarcou em Brasília, possivelmente para debater com Lula as eleições estadual e federal no Maranhão. Sua decisão é clara: só renuncia se Camarão fizer o mesmo em abril.

Aí tem outro embaraço. Na hipótese de os dois renunciarem, a vacância do cargo de governador cabe à Assembleia Legislativa preenchê-lo, mas há um enorme complicador. A eleição da presidência da Casa está sub judice no STF, diante do empate repetido em fevereiro, de 21 x 21, entre Iracema Vale e Othelino Neto.

Significa que, no momento em que o governo ficar vago, o STF pode decidir tanto a favor da presidente Iracema quanto de Othelino Neto, líder da oposição ao governo Brandão e autor da ADI 4.756. O capítulo final seria a eleição indireta para homologar o governador provisório.

Como se pode ver, todo esse imbróglio estará na conversa de Brandão com Lula sobre as próximas eleições. Felipe Camarão já disse que não renuncia em hipótese alguma. Aí está o impasse.

Porém, ele terá de fazer o que o partido decidir, e dentro do PT quem decide questões complexas é a Executiva Nacional, presidida por Edinho Silva, e o presidente Lula, um “durão” que até Donald Trump, formulador dessa diretriz de negociação, está radiante com as conversas que já teve com o colega brasileiro — um especialista em negociar com quem está no degrau de cima, desde o tempo de sindicalista.

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