Mauro Vieira se reúne com Rubio, secretário de Estado dos EUA; o que se sabe sobre o encontro
Revista Fórum – Representantes dos governos Lula e Trump se encontram pela primeira vez de forma oficial para discutir tarifas e sanções.
Nesta quinta-feira (16), Brasil e os Estados Unidos se encontram em Washington para a primeira reunião oficial entre os representantes dos dois governos desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu seu quarto mandato. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, discutirão questões como o tarifaço imposto ao Brasil e as sanções aplicadas a autoridades brasileiras que têm afetado a relação entre os dois países.
O encontro é visto como uma oportunidade para tentar resolver os impasses e estabelecer um canal direto de diálogo entre os governos de Lula e Trump. Durante um evento no Rio de Janeiro nesta quarta-feira (15), Lula comentou a recente conversa, por videoconferência, que teve com o presidente Donald Trump.
“Eu comecei a falar o que eu deveria falar. Aí, não pintou química, pintou uma indústria petroquímica. Amanhã [quinta], vamos ter uma conversa de negociação”, afirmou o presidente.
O governo brasileiro está adotando uma postura cautelosa. Embora a expectativa seja de que as negociações avancem, o ministro Mauro Vieira se prepara para ouvir as demandas dos EUA antes de apresentar propostas. O Brasil deve pedir a redução das tarifas de 50% impostas aos produtos brasileiros, além da revogação de sanções aplicadas a autoridades do governo, como a suspensão de vistos e punições financeiras.
Setores estratégicos
O clima de tensão entre os dois países não impediu, no entanto, que o governo brasileiro sinalizasse uma abordagem pragmática, voltada para interesses comerciais. A equipe de Lula considera que as discussões podem incluir temas como o etanol, minerais críticos e o setor de big techs, áreas de grande interesse para os Estados Unidos.
Os próximos passos da negociação incluem, por exemplo, a possível criação de parcerias comerciais em setores estratégicos. Entre as propostas, está a sugestão de abrir o mercado brasileiro para o etanol americano, especialmente voltado para os portos do Sudeste, o que poderia melhorar a competitividade das usinas da região. Além disso, a exploração de minerais críticos, como lítio e cobalto, também figura como uma área de colaboração, com o Brasil oferecendo ao país norte-americano uma parceria de investimentos.
Outro ponto sensível é a questão das big techs. Ainda que as discussões sobre a regulação dessas empresas sejam conduzidas majoritariamente pelo Congresso e pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o governo brasileiro sinaliza que pode estabelecer grupos de trabalho para explorar alternativas de regulação mais favoráveis à relação entre os dois países.
Eduardo Bolsonaro tenta sabotar
Enquanto isso, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) tenta minar a aproximação entre os governos. Em suas redes sociais, o parlamentar, que vive nos EUA desde o início do ano para articular retaliações ao Brasil, repetiu a narrativa de que as tarifas impostas pelos EUA não seriam uma questão comercial, mas sim uma “questão de direitos humanos”.