29 de outubro de 2025
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Extrema direita organiza comitiva de governadores para o RJ

ICL Notícias – Grupo liderado por Jorginho Mello reforça discurso de endurecimento penal e união política entre estados governados pela direita.

Governadores da extrema direita se reuniram, nesta quarta-feira (29), em uma videoconferência convocada para articular uma demonstração pública de apoio ao governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), após a megaoperação policial que deixou dezenas de mortos e gerou forte repercussão nacional e internacional. O encontro teve a participação de Romeu Zema (MG), Ronaldo Caiado (GO), Tarcísio de Freitas (SP) e Jorginho Mello (SC) — todos nomes centrais do campo bolsonarista. O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União), também integra o grupo, embora mantenha uma postura mais pragmática e seja considerado um nome de direita moderada.

A reunião resultou na criação de uma comitiva que desembarca no Rio nesta quinta-feira (30) para uma agenda com Castro no Palácio Guanabara. A visita, coordenada por Jorginho Mello, busca demonstrar apoio político ao governador fluminense e discutir uma agenda comum de segurança pública entre os estados, priorizando o combate às facções criminosas e a cooperação de forças policiais. A ideia é firmar um documento conjunto que defenda a integração das inteligências estaduais e o endurecimento penal como resposta ao avanço do crime organizado.

Segundo interlocutores próximos dos governadores, o gesto também tem um componente político: reforçar a imagem de unidade entre os principais líderes da direita e preparar terreno para uma frente nacional de governadores que compartilham pautas conservadoras e a defesa de uma política de segurança mais repressiva. O movimento é visto como uma tentativa de reposicionar o campo bolsonarista no debate nacional, em um momento em que o governo Lula tenta conter a escalada de confrontos e apresentar uma alternativa de segurança pautada em resultados e controle externo.

Entre as bandeiras da articulação está o projeto de lei 2428/2025, que propõe equiparar as ações de facções e milícias a atos de terrorismo. O texto, defendido pelos governadores e por setores do PL e do Novo, amplia o escopo da Lei Antiterrorismo e prevê penas mais duras para crimes ligados ao domínio territorial e ao ataque a serviços essenciais. Juristas e entidades de direitos humanos, no entanto, alertam que o projeto pode abrir brechas para a criminalização de moradores de favelas e movimentos sociais, ao permitir interpretações amplas sobre o que configura “terrorismo”.

A visita também ocorre em meio à repercussão da megaoperação no Rio, que resultou em denúncias de execuções sumárias e violações de direitos, além da falta de transparência nas informações divulgadas pelo governo estadual. Mesmo com as críticas, Castro tem recebido o respaldo de lideranças conservadoras, que tratam a operação como um modelo de “eficiência” e “resposta firme” diante da violência. A narrativa é reforçada por aliados que buscam enquadrar o episódio como um marco na defesa da autoridade policial.

Enquanto isso, o governo federal enviará nesta quinta os ministros Ricardo Lewandowski (Justiça) e Rui Costa (Casa Civil) ao Rio para uma reunião emergencial com o governador. O Planalto quer avaliar as circunstâncias da operação e a situação da segurança pública no estado, além de sinalizar uma tentativa de coordenação institucional. A presença paralela das duas comitivas — a federal e a de governadores da direita — revela uma disputa simbólica e política sobre quem lidera a agenda da segurança no país.

Extrema direita organiza comitiva de governadores para o RJ
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski (Foto Lula Marques/ Agência Brasil)

Aliados de Castro afirmam que a visita da comitiva deve reunir até dez governadores e resultará em um documento público de apoio ao governador. Para analistas políticos, o gesto tem peso estratégico: a extrema direita pretende transformar a pauta da segurança pública em um eixo de coesão entre governadores e possível plataforma eleitoral para 2026.

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