Lições dos 80 anos de Lula
Por Raimundo Borges
O Imparcial – Além do recorde à frente do Governo Brasileiro por eleição direta, com 11 anos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está acrescentando outro marco histórico à sua biografia: 80 anos completados neste 27 de outubro. Além de ter ganhado bolo e “Happy Birthday to You” de chefes de Estado em vários cantos do mundo, como Donald Trump, no Brasil também a data foi festejada.
Até no humilde bairro Vila Embratel, em São Luís, teve bolo de aniversário. Na Malásia, onde passou o dia do aniversário, Lula foi homenageado pelo primeiro-ministro Anwar Ibrahim e por jornalistas que cobriam o evento da Associação da Cúpula das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).
No sábado, 25, em Kuala Lumpur, o petista foi homenageado com o diploma de doutor honoris causa da Universidade Nacional da Malásia: “Recebo este título não como um ponto de chegada, mas como um estímulo a continuar lutando por um mundo mais justo, sustentável e solidário. Um mundo em que os países do Sul Global tenham voz”, discursou o presidente.
Desde 2003, quando assumiu o primeiro mandato no Planalto, Lula acumulou mais de 300 variadas honrarias, dentre as quais 38 diplomas de doutor honoris causa de universidades nacionais e estrangeiras, fora alguns títulos que ele recusou enquanto estava no exercício do mandato como chefe do governo.
Para a ciência, 80 anos de uma pessoa significam alcançar a “quarta idade”, que se caracteriza por alterações fisiológicas e aumento na vulnerabilidade, mas também por um notável potencial de resiliência e adaptação. O foco não está mais apenas em viver mais, mas em envelhecer de forma saudável, com qualidade de vida, autonomia e independência.
O ex-presidente José Sarney, com 95 anos completados, é exemplo notável dessa resistência genética. Para quem tem uma vida atribulada desde o começo da carreira política e de escritor, com mais de 30 títulos, é algo extraordinário Sarney continuar a escrever artigos semanais e publicá-los também no jornal O Imparcial.
Como líder de todas as pesquisas de intenção de voto para presidente e disposto a encarar o desafio do quarto mandato, Lula foi cortejado pelas principais lideranças políticas do país e do Maranhão.
O governador Carlos Brandão (sem partido), o vice Felipe Camarão (PT), o secretário de Assuntos Municipalistas Orleans Brandão (MDB) e os senadores Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PSD) postaram mensagens e fotos com Lula, parabenizando-o. Isso significa que, na eventual candidatura presidencial à reeleição do petista em 2026, todos esses políticos maranhenses estarão em seu palanque.
Na história do Brasil, o presidente mais jovem a chegar ao Palácio do Planalto foi Fernando Collor de Mello, com 40 anos, em 1990. Já Lula, quando assumiu o Planalto em 2003, contava com 56 anos, e Michel Temer, com 75, em 2016. Segundo dados mais recentes do Censo de 2022 do IBGE, existem 4,6 milhões de brasileiros com 80 anos ou mais.
Esse grupo, chamado de “superidosos”, cresceu significativamente (150,4% entre 2000 e 2022) e reflete um acelerado envelhecimento da população. Em contrapartida, a população jovem do país está em forte declínio desde os anos 1980. Entre 15 e 29 anos, essa faixa diminuiu de quase 52 milhões em 2012 para 48,5 milhões em 2024 — 25% da população.
O maior desafio de Lula em 2026 é conquistar o quarto mandato com 81 anos, diante de um cenário de profunda divisão ideológica, em que seus opositores usam a idade avançada como fator depreciativo. Porém, 80 anos significam, além do legado material e político, um longo caminho em que as rugas são mapas de uma vida vivida, marcadas por sorrisos, lágrimas e momentos que moldaram a essência do ser humano.
É uma espécie de sinfonia de momentos, cada nota tocando a melodia única de uma vida bem vivida. O ex-presidente José Sarney respondeu com uma sábia frase chinesa à pergunta sobre como chegou aos 95 tão saudável: “Comer pouco, dormir muito e não brigar com mulher.”