18 de novembro de 2025
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Dono do Master simulou venda para fugir do Brasil, dizem investigadores

DCM – Investigadores responsáveis pela operação que prendeu Daniel Vorcaro suspeitam que o anúncio da venda do Banco Master para a Fictor Holding Financeira foi usado como disfarce para facilitar a fuga do banqueiro. A proposta, divulgada na segunda (17), teria servido para justificar uma viagem internacional enquanto a ordem de prisão já estava expedida.

Segundo pessoas envolvidas nas apurações ouvidas pela Folha de S.Paulo, o mandado contra Vorcaro foi assinado às 15h do mesmo dia em que a Fictor informou publicamente a intenção de adquirir o Master em parceria com investidores dos Emirados Árabes Unidos. Para os investigadores, esse timing indica que houve vazamento tanto da ordem de prisão quanto da iminente liquidação do banco pelo Banco Central.

Ainda de acordo com essas fontes, a suspeita é que Vorcaro acelerou a articulação da suposta venda para apresentar uma razão comercial para deixar o país. A diretoria do BC decidiu pela liquidação do Master também na segunda-feira, em reunião cujo voto é secreto, o que reforçou a corrida do banqueiro para viajar.

A defesa de Vorcaro afirma que ele não tentava fugir e que viajava a Dubai para tratar da operação de venda com a Fictor. Investigadores contestam essa versão ao apontar que o jato particular que o aguardava tinha como destino Malta, e não Dubai, país que constava nas justificativas apresentadas pelo banqueiro.

Fachada do Banco Master, em São Paulo. Foto: Divulgação

As investigações também atingem a relação do Master com o BRB. O Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) identificaram desvios bilionários na compra de carteiras de crédito do Master pelo banco estatal. O negócio foi vetado pelo Banco Central em setembro, após indícios de irregularidades.

Segundo os investigadores, o BRB teria transferido R$ 12,2 bilhões ao Master sem justificativa formal. Parte dos repasses ocorreu antes mesmo de o banco anunciar interesse em comprar o Master, em março, e continuou até maio. O Master não se manifestou sobre as novas acusações.

As apurações apontam ainda que o Master teria usado o negócio com o BRB para encobrir a fabricação de carteiras falsas de crédito consignado, inflando artificialmente seu balanço. No início do ano, o Banco Central detectou operações suspeitas nessas cessões e cobrou explicações das duas instituições.

As respostas foram consideradas insuficientes, e o caso foi encaminhado ao MPF e à PF, que abriram inquérito para aprofundar as investigações.

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