18 de novembro de 2025
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Os 25 anos de crises no PSB maranhense

Por Raimundo Borges

O Imparcial – Desde a virada do século 20 para o 21, o PSB do Maranhão carrega um histórico de crises antes, durante e depois das eleições. Em 2000, o partido de centro-esquerda disputou a Prefeitura de São Luís com o deputado federal José Antônio Almeida, contra Jackson Lago (PDT), vencedor do pleito, com o médico Tadeu Palácio na vice.

Era uma frente ampla que puxava 20 partidos de diferentes cores ideológicas. Nesses 25 anos, o PSB tornou-se um partido forte tanto nas eleições municipais quanto nas gerais, mas sempre metido em crise, como a atual, em que sua direção regional foi retirada das mãos do governador Carlos Brandão e entregue à senadora Ana Paula Lobato.

Pela primeira vez na história, em 2022, o PSB elegeu um governador no Maranhão (Carlos Brandão), o senador Flávio Dino, com a suplente Ana Paula Lobato, um deputado federal e 12 estaduais, dentre os quais a atual presidente da Alema, Iracema Vale, campeã de votos. No entanto, o histórico de crise no PSB veio à tona logo após a posse de Brandão no Palácio dos Leões, com Flávio Dino no Ministério da Justiça e depois no Supremo Tribunal Federal. Em novembro de 2023, o deputado Othelino Neto deixou a secretaria do governo em Brasília e retornou à Assembleia Legislativa, já se colocando à frente do bloco de oposição ao mesmo governo de que até então fazia parte.

O grupo, que era diminuto, acabou levando a eleição da mesa diretora da Alema a inéditos dois empates de 21 x 21, entre Iracema e Othelino. A embrulhada não poderia ser de outra forma. Foi judicializada no STF, sob a relatoria da ministra Cármen Lúcia. A ADI foi proposta pelo Solidariedade, presidido pela advogada Flávia Alves, irmã de Othelino. Ela contesta a reeleição de Iracema pelo critério de maior idade no desempate, usado até em concursos públicos. No entanto, em junho, o ministro Luiz Fux retirou a votação da ADI do plenário virtual e a colocou no presencial, quando o julgamento estava em 8 x 0 a favor de Iracema. Em 30 de outubro, porém, ele cancelou a decisão e recolocou a ação no plenário virtual.

As crises, como se pode perceber, estão no DNA do PSB maranhense. Em setembro de 2002, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou a decisão do TRE-MA, cassando a candidatura ao governo de Ricardo Murad (PSB) por ser cunhado de Roseana Sarney, que havia sido governadora duas vezes sucessivas e era candidata ao Senado. Como ficou sem tempo para trocar o candidato, retirar a foto, o nome e o número da urna, Murad obteve 5,15% da votação (114.640) para o governo – um distante terceiro lugar. Como seus votos foram anulados, o TRE refez a recontagem e José Reinaldo acabou eleito no primeiro turno, quando tudo indicava a realização de um segundo turno.

Em agosto de 2009, o diretório estadual do PSB abriu processo disciplinar contra a secretária do Desenvolvimento Agrário do Maranhão, Conceição Andrade, por contrariar deliberação que proibia a participação de filiados à legenda no terceiro governo Roseana Sarney, do PMDB. A deliberação foi tomada pelo partido em abril, 12 dias depois de Roseana Sarney assumir o mandato, com a cassação de Jackson Lago pelo TSE. O PSB, que havia apoiado o pedetista Lago, passou a fazer oposição a Roseana. Em 29 de agosto, Conceição Andrade foi expulsa, obrigando-a a se filiar ao MDB.

Até agora, ninguém sabe quando o STF vai julgar a ADI sobre o resultado da eleição da Assembleia Legislativa, nem o destino partidário de Brandão, Iracema Vale, 12 deputados estaduais, 19 prefeitos, dentre os quais Fred Campos, em Paço do Lumiar, e Rafael Brito, em Timon. Já os que vão trocar de partido têm de esperar a “janela partidária” em março de 2026 e seguir a liderança de Carlos Brandão. Ele pode filiar-se ao MDB, presidido pelo irmão caçula Marcus Brandão, pai do pré-candidato a governador Orleans Brandão.

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