3 de dezembro de 2025
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Furacão político de Brasília não chegou ao Maranhão

Por Raimundo Borges

O Imparcial – A comparação entre atores, suas falas, desempenho e improvisação pelo talento é algo que acaba chegando à plateia com as mesmas aparências que fazem lembrar os “artistas” da política. Nem tudo o que os políticos dizem ou fazem em público tem o mesmo significado do que acontece nos bastidores.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi à TV na noite de domingo passado para falar do alcance social e econômico da lei que isenta do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil mensais. Ao falar sobre a aprovação pela Câmara e Senado, o presidente não citou o senador Davi Alcolumbre, presidente do Senado, nem o deputado Hugo Motta, presidente da Câmara, com os quais está com as relações completamente estremecidas. Para tentar distensionar o final de ano, o Palácio do Planalto já adota algumas estratégias de bastidores, mas longe dos holofotes.

Quando a comparação é transportada para outro palco da política, e não da arte, a assimetria política entre Lula e o Congresso é totalmente desigual, como, por exemplo, na relação entre o governador Carlos Brandão e a presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, Iracema Vale.

Os dois estão aguardando o momento certo para deixar o PSB, puxando mais de 150 prefeitos, deputados, vereadores e líderes partidários. Tudo num pacote com potencial de levar o centro do poder maranhense para um centro ideológico pragmático, arrastando um pedaço da esquerda agregado ao aglomerado do centro-direita e da direita radical. Tal estratégia marcha rumo ao Palácio dos Leões, com Orleans Brandão concorrendo ao governo em 2026.

Já o presidente Lula, que vislumbra concorrer a um histórico quarto mandato presidencial na maior democracia da América Latina, tem um cenário na oposição completamente indefinido. O líder da extrema-direita Jair Bolsonaro está preso e inelegível por longos anos, enquanto o bolsonarismo vive a ponto de sofrer um surto coletivo.

A enorme efervescência na família Bolsonaro – filhos e esposa – tenta se fazer aparecer como dona do espólio eleitoral que se soma a governadores dos principais estados, maioria na Câmara e no Senado e à legião de seguidores que, no momento, porém, não demonstra estar do tamanho que já foi. Ao contrário de Lula, que navega sozinho pela esquerda com a máquina do poder nas mãos, a direita e o centro têm vários pré-candidatos se estapeando na busca de alguém capaz de unir a oposição e desalojar o PT do Planalto em 2026.

No Maranhão, a corrida rumo ao Palácio dos Leões já sugere hoje um segundo turno entre o secretário de Assuntos Municipalistas Orleans Brandão, presidente do MDB regional, e o prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD). Com o apoio do tio, o governador Carlos Brandão, Orleans se tornou um nome altamente competitivo em sua eleição de estreia. Braide não abre o jogo sobre sua candidatura ao governo, mas trabalha e se faz aparecer como disposto a enfrentar o maior desafio de sua vida.

Como Braide permanece usando a estratégia que tem dado certo, de manter acesa a expectativa de sua candidatura pelas redes sociais, os partidos de centro e de direita vão procurando acomodação ao redor de Orleans Brandão. O bolsonarista Lahesio Bonfim (Novo) é um ponto de interrogação, mesmo aparecendo bem nas pesquisas, sem nenhuma estrutura partidária.

Em Brasília, Lula tenta esfriar a crise com o Congresso, adiando a sabatina do seu preferido para o STF, Jorge Messias, chefe da Advocacia-Geral da União. A indicação dele, e não do senador Rodrigo Pacheco, para a Suprema Corte acendeu o pavio da crise, com a pirraça de Alcolumbre contra o Planalto, ameaçando reprovar Messias. Lula vai ter que decidir entre enfrentar o presidente do Senado com as armas disponíveis no governo – demitir os cargos apadrinhados do senador – ou contemporizar.

Seria abrir o canal de diálogo com o senador e buscar uma solução negociada, que interessa muito ao país. No terceiro mandato presidencial, Lula conhece todos os meandros da política federal e os ingredientes para confrontar ou pulverizar crises como esta, que, no fundo, se junta aos desdobramentos da tentativa de golpe de Estado em 2025.

No Maranhão, o governador Brandão está chegando ao final de 2025 navegando em céu de brigadeiro. O Estado projeta um robusto crescimento do PIB de 3,7% — acima das médias do Nordeste e do Brasil. O Executivo vive em total harmonia com os Poderes, está com aprovação nas alturas e uma atuação política que robustece a pré-candidatura de Orleans Brandão à sua sucessão.

No entanto, eleição é uma batalha igual à de futebol: só termina quando acaba. A bola ainda nem rolou no gramado e, até daqui a 11 meses, a história entra numa dinâmica eletrizante, com enorme potencial de mudança a cada momento. Principalmente nos desdobramentos que vão acontecer no âmbito da eleição presidencial, com repercussão imediata e determinante sobre as eleições estaduais.

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