11 de dezembro de 2025
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O Centrão do Congresso nem parece com o blocão da Alema

Por Raimundo Borges

O Imparcial – Há uma frase de Magalhães Pinto que resume assim a dinâmica da política: “A política é como nuvem: você olha, ela está de um jeito. Olha de novo, já mudou de tamanho e lugar”. No Maranhão, esse pensamento típico dos mineiros parece hoje ultrapassado e sem nenhuma conformidade com quem está à frente dos Poderes.

No caso do Executivo, o governador Carlos Brandão não enfrentou, em 2025, qualquer crise política que o abalasse; manteve a harmonia constitucional com o Legislativo e o Judiciário, ampliou a gestão estadual para os municípios, colocou o secretário dessa relação, Orleans Brandão, à frente da ideia municipalista e o fez pré-candidato ao governo em um cenário em que a oposição está nanica.

O governador ignorou o acordo de 2022, celebrado com o então candidato a senador Flávio Dino, colega de PSB, assumiu a liderança do bloco suprapartidário e abriu o orçamento para inúmeras obras estaduais no interior. Ao mesmo tempo, ignorou Felipe Camarão, do PT, sem descontinuar a relação colaborativa com o governo Lula. O grupo brandonista se impôs na Assembleia Legislativa sobre uma oposição diminuta e mostrou força nas eleições municipais de 2024, elegendo mais de 160 prefeitos. Sua aliada Iracema Vale, presidente da Assembleia Legislativa, ganhou no STF a disputa da reeleição contra Othelino Neto. Já elegeu o filho, Vinícius Vale, prefeito de Barreirinhas – um município estratégico.

Ao contrário do governo Lula, que vive sob intensa pressão do Congresso controlado pelos partidos do Centrão misturados ao bolsonarismo, no Maranhão Brandão chega a 2026 sem abalo que comprometa a estabilidade financeira e política do governo. Nem a tomada da direção do PSB de suas mãos, transferida à senadora Ana Paula Nova Alves, esposa do deputado Othelino Neto, líder da oposição na Alema, lhe causou transtorno político. A esquerda, por sua vez, está pulverizada, com o PCdoB fora do governo e o PT com apenas duas prefeituras irrelevantes e a maior parte em cargos estaduais.

O bolsonarismo maranhense é um contingente sem base definida e sem liderança assumida. O principal responsável pelos votos do PL maranhense, o deputado Josimar do Maranhãozinho, e a esposa detinham indiferença a Bolsonaro. De propósito, se ausentaram da Câmara na sessão esculachada que aprovou o projeto da dosimetria para beneficiar Bolsonaro e outras cabeças da trama golpista de 8 de janeiro. Enquanto isso, no Estado, a disputa do governo em 2026 ainda está numa nuvem cinzenta sobre o prefeito Eduardo Braide (PSD), Orleans Brandão (MDB), Felipe Camarão (PT) e Lahesio Bonfim (Novo).

Não é segredo que a eleição dos estados tem tudo a ver com a nacional. Porém, o Congresso vive um final de ano atípico, mergulhado na crise sem precedente desde 1988, o que faz a disputa presidencial ser engolida pelo terremoto bolsonarista. O presidente Lula diz que só vai falar em reeleição em 2026, embora trabalhe para o governo ser a locomotiva da reeleição. Com Jair Bolsonaro preso e inelegível, nem a dosimetria, que reduzirá drasticamente sua pena, deixa brecha para ele participar da corrida ao Planalto. Seus filhos ou a esposa Michelle não unem a extrema-direita, os partidos do Centrão, seus governadores, o agro e os evangélicos. Já por aqui, o Centrão de Brandão é outro formato e outra voz de comando.

Com a força das mídias digitais, centradas nas redes sociais e agregadas à IA, a campanha eleitoral de 2026 será um marco histórico. Além de sepultar os comícios presenciais como ferramenta política, o jogo eleitoral muda o jeito de ser jogado. Brandão troca o dinismo de 2014/2022 pelo brandonismo e resgata parte significativa do sarneísmo, principalmente se decidir ingressar no MDB, hoje presidido pelo sobrinho Orleans, fortalecendo o eixo central do grupo que lidera. O PT nacional decidiu manter Felipe Camarão na corrida aos Leões, mas sabendo que o páreo mais provável será um eventual 2º turno com Orleans e Braide.

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