16 de dezembro de 2025
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As trepidantes eleições de senador do Maranhão

Por Raimundo Borges

O Imparcial – Quando se aproxima a eleição de governador do Maranhão em 2026, a outra, também de voto majoritário, para o Senado, ganha a sua importância histórica. Enquanto sete pré-candidatos até agora se posicionam, o governador Carlos Brandão indica que não pretende concorrer aos oito anos no Senado Federal, preferindo permanecer no mandato inteiro e tentar eleger o sobrinho Orleans Brandão como seu sucessor.

Poucas vezes um fato dessa magnitude ocorre na política maranhense. Assim como também é a primeira vez que um governador lança um parente tão próximo à sua cadeira no mandato subsequente.

Outro fato marcante na história política estadual é a inédita presença, no mandato atual, de duas mulheres no Senado, enquanto as três vagas são ocupadas por nenhum ex-governador: Weverton Rocha (PDT), Eliziane Gama (PSD), dois ex-deputados federais, e Ana Paula Lobato Novas Alves. Ela ganhou o mandato inteiro como suplente do ex-senador Flávio Dino, nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal. Tais fatos inusitados revelam como as eleições de governador e senadores do Maranhão em 2026 terão a marca de acontecimentos nada convencionais, desde antes mesmo da ditadura militar de 1964.

Na primeira eleição direta de governador, em 1982, no declínio ditatorial, o então deputado federal Luiz Rocha foi eleito governador, como parte inicial da “abertura política lenta, gradual e segura”, no dizer do general-presidente Ernesto Geisel, para manter o regime sob controle. Naquele pleito, em 23 estados e nos territórios federais do Amapá e Roraima, Luiz Rocha deu um passeio de urna, junto com o antecessor João Castelo para o Senado, último governador biônico do regime. O PDS, que recebeu da Arena o bastão para continuar apoiando a transição que se avizinhava, elegeu quase todos os 17 deputados federais e os 41 estaduais, graças ao voto vinculado, à sublegenda para o Senado e à proibição de coligações.

Depois da hegemonia da Arena no Maranhão, o então senador José Sarney fez um acordo pacificador com João Castelo, cabendo-lhe indicar o primo João Rodolfo, vice de Luiz Rocha, nascido em Loreto e pecuarista em Balsas. Na capital, Rocha tornou-se líder estudantil e presidente da União Maranhense dos Estudantes Secundaristas (Umes), chegando a vice-presidente da UNE, na gestão de José Serra. A mesma Umes que marcou o início da carreira política de Luiz Rocha como vereador de São Luís, em 1962, mais tarde foi o trampolim para o deputado federal e hoje senador Weverton Rocha (PDT), que, apesar do sobrenome, não é parente do ex-governador.

O caxiense Alexandre Costa foi prefeito de São Luís, nomeado, depois secretário de Justiça de Eugênio Barros e eleito vice-governador pelo PSD em 1955. Depois de grave crise política, só foi empossado em 1957. Em 1962, ele ficou na suplência de deputado federal e foi efetivado na Câmara com a cassação do jornalista e deputado Neiva Moreira, pela ditadura. Em 1966, Costa foi eleito deputado federal e, ao Senado, em 1970. O Pacote de Abril fechou o Congresso e, em 1978, com o crescimento do MDB nas eleições, o regime “elegeu”, sem voto, um terço do Senado, colocando na vaga maranhense Alexandre Costa, que, mais tarde, votou em Paulo Maluf, e não em Tancredo Neves, como Sarney na vice-presidência.

Hoje, quando se olha a lista de pré-candidatos a senador do Maranhão no próximo ano e Carlos Brandão recusando-se a concorrer a uma das vagas praticamente garantidas, vale olhar as dobras da história. No distante ano de 1955, no apogeu do vitorinismo, criado pelo senador Vitorino Freire por 19 anos, sem nunca ter sido governador, após sucessivas renúncias de Antônio Bayma e do suplente Newton Bello, em 20 de março de 1955 houve uma eleição suplementar para o Senado Federal, sob medida para eleger Assis Chateaubriand, o magnata das comunicações no Brasil. Ele também renunciou para ser embaixador do Brasil na Inglaterra, nomeado por Juscelino Kubitschek.

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