16 de dezembro de 2025
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PF prende desembargador que relata caso TH Joias, que vendia armas ao CV, na operação Unha e Carne

Prisão do desembargador Macário Judice Neto se deu em operação da PF que dá continuidade à ação que levou Rodrigo Bacellar, presidente da Alerj, para a cadeia por vazar informações a TH Joias, acusado de vender armas ao CV.

A Polícia Federal (PF) prendeu na manhã desta terça-feira (16) o desembargador Macário Judice Neto, relator do caso envolvendo o ex-deputado Thiego Raimundo dos Santos, o TH Joias, no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2).

A prisão se deu durante a operação Unha e Carne 2, que dá continuidade à ação que levou à cadeira o ex-presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, que teria vazado informações privilegiadas sobre a investigação a TH Joias, que está preso por fornecer armas ao Comando Vermelho.

“A Polícia Federal deflagrou a Operação Unha e Carne 2 para investigar a atuação de agentes públicos no vazamento de informações sigilosas que culminou com a obstrução da investigação realizada no âmbito da Operação Zargun, deflagrada em setembro”, diz a corporação em nota.

Estão sendo cumpridos, além do mandado de prisão preventiva de Judice Neto, dez mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no Rio de Janeiro e no Espírito Santo.

“A ação se insere no contexto da decisão do STF no âmbito do julgamento da ADPF 635/RJ (ADPF das Favelas) que, dentre outras providências, determinou que a Polícia Federal conduzisse investigações sobre a atuação dos principais grupos criminosos violentos em atividade no estado e suas conexões com agentes públicos”, diz a PF.

Em nota, Fernando Augusto Fernandes, advogado do Desembargador Macário Judice, afirma que o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, teria sido induzido a erro “ao determinar a medida extrema”.

“A defesa do Desembargador Macario Judice registra, desde logo, que Sua Excelência o Ministro Alexandre de Moraes foi induzido a erro ao determinar a medida extrema. Ressalta, ainda, que não foi disponibilizada cópia da decisão que decretou sua prisão, obstando o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa. A defesa apresentará os devidos esclarecimentos nos autos e requererá a sua imediata soltura”, diz o texto.

Macário foi promovido a desembargador do TRF-2 em 2023 após se afastar da magistratura por quase duas décadas em razão de denúncias do Ministério Pública Federal (MPF). Uma das denúncias apontava o envolvimento do então juiz em um esquema de venda de sentenças.

A esposa dele, Flávia Judice, atuou no gabinete da diretoria-geral da Alerj até a prisão de Bacellar.

Operação Zargun

Rodrigo Bacellar foi preso preventivamente no dia 3 de dezembro pela Polícia Federal como parte das investigações sobre o vazamento de dados sigilosos da Operação Zargun, deflagrada em setembro deste ano e que prendeu o então deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva (MDB), conhecido como TH Joias, acusado de intermediar a venda de armas para a facção criminosa Comando Vermelho.

Em comunicação interceptada pela Polícia Federal em 2 de setembro, na noite anterior à prisão, TH Joias ativou um novo número de celular e logo depois procurou Bacellar, a quem chamou de “01”.

Ainda de acordo com a PF, Bacellar orientou o ex-deputado a remover objetos de sua residência para ocultar provas. Os dois também se falaram, pelo mesmo número, na manhã da operação, antes de TH ter a prisão preventiva decretada.

Afastado da presidência da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, Bacellar assinou pedido de licença do mandato para resolver assuntos particulares, após ser solto por decisão dos colegas parlamentares – veja como votou cada deputado.

A decisão ocorreu um dia após Moraes autorizar sua soltura, mediante o cumprimento de medidas restritivas. Bacellar está usando tornozeleira eletrônica e proibido de manter contato com outros investigados. Ele também teve o passaporte retido e suspensa a licença de porte de arma.

O regimento interno da Casa dá ao parlamentar o direito de se afastar por até 120 dias, mas Bacellar pediu o afastamento por apenas 10 dias, até o início do recesso, marcado para começar em 19 de dezembro.

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