Brandão adia para 2026 o jogo de sua sucessão
Por Raimundo Borges

O Imparcial – Pode ser em janeiro ou um pouco mais adiante, mas o governador Carlos Brandão deverá ter um novo encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para tentar arrumar, de uma vez por todas, a chapa majoritária de 2026.
No dia 1º de novembro, os dois mandatários se reuniram em Brasília para debater parcerias governamentais, a encrencada divisão do grupo dinista e o projeto do palanque único nas eleições de governador, presidente da República e do Senado Federal.Por enquanto, Brandão prefere discorrer sobre as inúmeras ações que estão transformando o Estado nas áreas de infraestrutura rodoviária, educação de qualidade, combate à pobreza e à fome e melhoria nos indicadores de saúde.
Nesta terça-feira, 16, Brandão participou de um café da manhã com a imprensa maranhense e aproveitou para fazer um substancioso balanço de suas realizações, dos avanços na educação, no combate à pobreza, no crescimento do turismo no carnaval e nos festejos juninos, além do apelo à visitação dos Lençóis Maranhenses, após o título da Unesco de Patrimônio Imaterial e Natural da Humanidade.
O governador abordou a parceria do governo federal com o Maranhão, o projeto de elevação da MA-014, na Baixada Maranhense, a rodovia federal e as obras das avenidas Atlântica e Metropolitana, anel rodoviário que liga a BR-135, no bairro Funil, à estrada de São José de Ribamar, na Grande Ilha de São Luís.
De propósito, ele deixou de fora a política maranhense. Questionado por jornalistas, Brandão cortou, lacônico: “Só vou falar de política em janeiro”. Mesmo assim, adiantou que voltará a falar com o presidente Lula sobre as eleições de 2026 no Maranhão. O petista quer ver eleitos o governador e dois senadores amigos, incluindo o próprio Brandão.
E sobre a reunião que eles tiveram em novembro, no Planalto, o governador não detalhou nada. Apenas confirmou a este jornalista Raimundo Borges que o nome do ministro dos Esportes, André Fufuca (PP), entrou na conversação – provavelmente como sugestão de Lula a uma terceira via para recompor o grupo dinista, hoje rachado a partir do PT. Mas Brandão teria ficado calado.
Ainda sobre política, o chefe dos Leões falou de Roseana Sarney, que se encontra em tratamento de um câncer, e de sua capacidade de resistir a inúmeros outros problemas de saúde, aos quais já se submeteu em mais de 20 cirurgias. Ela está licenciada da Câmara, mas aparece pontuando alto nas intenções de voto para o Senado, mesmo sem nunca ter falado no assunto.
Brandão é apontado como favorito, ao lado do senador Weverton Rocha. Os dois são amigos de Lula e formariam uma chapa considerada imbatível. Já o vice-governador Felipe Camarão (PT) continua percorrendo o interior e se colocando como pré-candidato ao Palácio dos Leões.
No meio dessa indecisão, a palavra final sobre a candidatura do PT é do presidente Lula. Os diretórios nacional e regional são instâncias de homologação. Portanto, não há liberdade plena para que esse tipo de decisão estadual venha a ser acolhido pelo diretório nacional. É o inverso. E, no Maranhão, a corrente mais forte no PT é a liderada por Washington Oliveira, secretário da representação estadual em Brasília, com forte influência junto à cúpula do partido presidido por Edinho Silva.
Em 2010, por exemplo, Lula mandou intervir no regional maranhense para formalizar aliança com o MDB de Roseana Sarney, tendo Washington na vice, contra Flávio Dino, apoiado por uma parte do PT.
Diante desse cenário em construção, a disputa pelo Palácio dos Leões, pelas vagas de senador e pela vice vai cruzar a entrada de 2026 sem nomes definidos nem no grupo político de Brandão, nem na oposição, com o prefeito de São Luís, Eduardo Braide.
As confraternizações natalinas dos políticos aparecem aqui e acolá com alguma sinalização de nomes, mas nenhum com o qual o eleitor possa se identificar com convicção. Enquanto isso, o secretário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão, não perde tempo. Junto com o tio ou sozinho, ele transita pelas cidades do interior, deixando claro que sua candidatura tem fôlego para ir longe.

