29 de dezembro de 2025
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Bolsonaristas interrompem recesso em busca de impeachment de Moraes

DCM – A bancada bolsonarista, aliada ao Centrão, no Congresso decidiu interromper o recesso parlamentar para intensificar a pressão pelo impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Para esta segunda-feira (29), parlamentares da direita convocaram uma coletiva de imprensa na Câmara dos Deputados, em Brasília, com o objetivo de dar visibilidade a novas representações contra o magistrado. A ofensiva é liderada pelo deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB), recém-escolhido líder da oposição na Casa.

O movimento ocorre em pleno recesso legislativo, iniciado oficialmente em 23 de dezembro e previsto para durar até fevereiro. A última sessão do Congresso antes da pausa foi a aprovação do Orçamento, no dia 19.

Segundo Cabo Gilberto, a convocação fora do calendário regular tem caráter político e simbólico. Em entrevista ao Metrópoles, ele afirmou que a mobilização busca pressionar o Supremo. “Ninguém aguenta mais”, declarou, ao justificar a presença de parlamentares em Brasília durante o período de descanso parlamentar.

Segundo o portal, ao menos 16 deputados e senadores confirmaram presença na coletiva. O pedido de impeachment citado pelo líder da oposição foi protocolado na última terça-feira (23) pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF). A iniciativa se soma a outras representações já existentes contra Moraes no Senado, que ultrapassam 80 pedidos, nenhum deles em tramitação efetiva até o momento.

Cabo Gilberto Silva, líder da oposição. Foto: reprodução

A nova ofensiva ganhou fôlego após a reportagem de Malu Gaspar, do Globo, que apontou uma suposta pressão de Moraes sobre o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, em favor do Banco Master, instituição controlada por Daniel Vorcaro. Segundo a acusação apresentada por Damares, o ministro teria incorrido em “advocacia administrativa”. Moraes nega a acusação e afirma que os encontros com Galípolo trataram exclusivamente da Lei Magnitsky, tese reiterada em três notas públicas divulgadas pelo próprio magistrado.

O pedido de impeachment deverá ser encaminhado ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), a quem cabe a análise preliminar das representações. Apesar do volume de pedidos acumulados, nenhum avançou até agora para a fase de admissibilidade.

Além do impeachment, a controvérsia também motivou iniciativas para instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito. O senador Alessandro Vieira (MDB-SE) anunciou que irá coletar assinaturas para uma CPI destinada a apurar o contrato firmado entre o Banco Master e o escritório da família de Moraes, no valor de R$ 129 milhões.

“Após o recesso, vou coletar as assinaturas para investigação de notícias sobre um contrato entre o Banco Master e o escritório da família do ministro Moraes, de 129 milhões de reais, fora do padrão da advocacia, além desta notícia de atuação direta do ministro em favor do banco”, escreveu o parlamentar nas redes sociais.

Na Câmara, o deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS) também iniciou a coleta de assinaturas para um novo pedido de impeachment. “Diante das novas revelações de que o Ministro do STF praticou advocacia administrativa junto ao Banco Central em favor do Banco Master, com quem sua esposa Viviane Barci de Moraes tem contrato de quase 130 milhões de reais, nossa responsabilidade como fiscais do poder público é inescapável”, afirmou.

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